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Música

A Crise Existencial Contínua do J. Mascis

Apesar da energia e do carisma que ele tem quando toca, ter uma conversa com ele é como falar com um preguiça que fala inglês e usa óculos e tem um cabelo grisalho fofinho. Conversei com ele (ou pelo menos tentei) sobre o novo álbum e umas outras...

Não deveríamos lhe dizer quem J Mascis é, mas pelo bem da formalidade, lá vai: ele é apenas um dos fundadores de um bandinha chamada Dinosaur Jr. Por alguma razão, qualquer skatista curte ficar doidão com Dino Jr. desde 1990, e consequentemente, poderia dizer que eles já apareceram em mais vídeos de skate do que qualquer outra banda. O J também já tocou com uma porrada de outras bandas, como Witch, Upsidedown Cross e mais recentemente Sweet Apple. Ele é tipo um deus da guitarra, e se é possível dedilhar uma guitarra até o orgasmo, o J é o cara que consegue fazer isso. Mas se você estava vivo nas últimas décadas, você já sabe disso.

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O novo álbum do J, Several Shades of Why, que saiu esses dias pela Sub Pop Records, e é uma das coisas mais serenas, grudentas e relaxantes que ouvi nos últimos tempos. Se você não sabe, o J Mascis é conhecido por ser um saco de se entrevistar. Apesar da energia e do carisma que ele tem quando toca, ter uma conversa com ele é como falar com um preguiça que fala inglês e usa óculos e tem um cabelo grisalho fofinho. Conversei com ele (ou pelo menos tentei) sobre o novo álbum e umas outras coisas.

Vice: E aí, J?
J Mascis: Tá tudo legal.

Sempre que entrevisto pessoas que são entrevistadas o tempo todo, sempre penso que elas já devem estar de saco cheio das pessoas fazendo perguntas. Tem algo que você mais odeia nesse processo?
Tem muitas coisas, não sei. Varia de caso a caso, geralmente.

Quando digitei seu nome e “entrevista” no Google, a maioria dos resultados eram de pessoas falando sobre como é difícil entrevistá-lo. Por que você acha que é tão difícil de entrevistar?
Provavelmente questões ruins. Não acho que sou difícil de se entrevistar, mas não posso fingir se não sei de algo. Não sei. Talvez minhas respostas não são longas o suficiente para algumas pessoas.

Quem é a Maureen? Ela fez uma ótima entrevista com você, mas ninguém parecia saber quem ela era.
Ela é a mãe da Megan da Sub Pop.

Cresci ouvindo as músicas do Dinosaur Jr. em vídeos de skate. Por que você acha que tantos skatistas querem ter suas músicas nos vídeos deles?
Isso tudo parece ter vindo do Neil Blender. Fiquei amigo dele e lembro que veio dele a ideia de botar umas coisas, e então outras pessoas começaram a copiar isso. Mas eu não sei.

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Você tem algum vídeo favorito em que suas músicas faziam parte da trilha sonora?
Não sei, tenho dificuldade em lembrar dos nomes deles. Sabe, só lembro de cenas de vídeos diferentes.

Você ainda anda de skate?
Sim, um pouco. Andava muito no fim dos anos 70, quando era criança.

Por que você sempre parece que está cansado?
Não sei. Muitas vezes as pessoas acham que acabei de acordar.

Nosso editor-sênior queria que te perguntasse quando foi a última vez que você deu uma fumada em um gravity bong?
Um o quê?

Uma bongada de um gravity bong.
Não sei se já dei uma bongada assim. O que é um gravity bong?

Basicamente, você pega uma garrafa de refrigerante de dois litros, corta o fundo e…
Ah, sim.

Coloca em um balde d’água.
Sim, não sei se já fiz isso.

Ele vai ficar desapontado. Continuando, os caras com quem você colaborou no Several Shades of Why vão entrar em turnê com você?
Não, provavelmente não. O Kurt Ville vai abrir muitos shows e aí o Black Heart Procession vai abrir alguns também. Espero que consiga fazê-los tocar algumas músicas.

Você acha que seria muito solitário fazer uma turnê de um álbum solo em vez de estar na estrada com todos os seus colegas de banda e as maluquices deles?
[Risos] Depende de qual banda. As turnês do Dinosaur podem ser bem solitárias, a gente não se vê muito, mas sei que outras bandas curtem as maluquices, então acho que tem bons momentos pra se ter.

Você tem algum jogo ou hobby de turnê que gosta de fazer pra passar o tempo na estrada? [15 segundos de um silêncio incômodo].
Não.

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Esse álbum novo é relativamente mais parado e quieto comparado com alguns dos seus trabalhos passados. Você acha que o Several Shades of Why se encaixa com sua personalidade? Depois de conversar com você, dá pra perceber que é um cara relaxado e quieto.
Não, provavelmente não. É sempre mais divertido tocar alto, eu acho. Esse álbum foi um exercício de contenção.

Também é muito boa como música pra pensar. Você tem muitas perguntas, ou estava passando por um tipo de crise existencial quando escreveu isso?
Sempre, cara. É uma crise existencial contínua.

Sei que você gosta muito de bateria. Foi tentador colocar uma percussão nesse álbum?
É, sempre quero colocar bateria em tudo. Foi difícil não fazer isso.

Você tem a sua própria guitarra, a J Mascis Jazzmaster.
Isso.

Isso é bem bacana. Tem um acabamento em roxo brilhante… por que você gosta tanto de roxo?
Não sei, parece ser uma cor muito melhor de longe do que as outras cores. Não sei por que.

Tem mais uma guitarra sua pessoal saindo agora, como essa vai ser?
Acho que vai ter uma branca e uma roxa.

E como vai ser diferente da outra, além das cores?
Bem, não sei onde ela vai ser feita e tal, mas elas são bem similares.

Li que você gosta de escrever músicas enquanto assiste televisão. Você tem um show favorito para escrever músicas?
Bem, os shows vem e vão tão rápidos, é difícil dizer. Um drama pode ser bom, mas não tenho certeza. Curtia Breaking Bad, no entanto, aquilo era um pouco depressivo demais para se escrever músicas. Tenho uma alta tolerância para shows ruins na TV.

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Você já considerou escrever uma música sobre um show de TV?
Não.

Você parece ser o tipo de cara que coleciona coisas. Coleciona alguma coisa?
Tenho muitos equipamentos – guitarras, amplificadores, coisas de estúdio. Coleciono tênis e álbuns também.

Você já teve algum trabalho zoado antes de se tornar um músico?
Sim, eu trabalhei no Public Works por uma semana. Cimentava a calçada e limpava esgotos e essas coisas.

Só por uma semana?
Sim, por sorte eu consegui um trampo no posto de gasolina depois de uma semana, então eu saí daquele trabalho, e no posto não era tão ruim. Mas tinha alguns momentos ruins.

Então você teve que limpar esgotos? Isso deve ser terrível.
Sim, era terrível. Eu era moleque, fazia só US$3 a hora, e os caras me mandavam fazer tudo. Me lembro de levantar e trabalhar e depois só ir pra cama tão exausto e pensar: “Isso não é jeito de se viver”.

O Several Shades of Why saiu pela Sub Pop Records. O J também está fazendo turnê e definitivamente não vai jogar nenhum jogo bacana na estrada no momento. Para uma lista de shows, clique aqui.