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Tecnologia

Jones in the Fast Lane: a tua vida cabe numa disquete

A vida virtual também custa a ganhar.

Enquanto juntas dinheiro para correr os festivais de Verão todos (ou simplesmente pediste o VISA ao teu pai) para depois impressionar os teus amigos do Facebook com a quantidade de pulseiras que acumulaste, eu ando a tentar orientar a minha vida desde 1991. Ou 92, tanto faz. Já vivi num apartamento cheio de baratas, tirei cursos da treta numa universidade da treta, vendi hambúrgueres, fui assaltado, acumulei contas no médico e acabei vestido com um barril até aparecer o ecrã de Game Over. Os entendidos até podem ter passado a última década a dissertar sobre como os videojogos se têm tornado cada vez mais uma representação digital da realidade. Avatares, valores de produção, gráficos HD — essas merdas todas. Esquece isso. Queres realismo? Joga Jones in the Fast Lane. Sim, parece um jogo de tabuleiro glorificado, mas quem é que quer saber? Assim que arrancas com isto no computador — a propósito, mil obrigados ao gajo que passou isto para flash — defines os teus objectivos de vida: dinheiro, felicidade, status social (uau) e educação. É aí que percebes que isto não é brincadeira. Os teus objectivos de vida até podem ser outros (ter um barco e ir a Ibiza, por exemplo), mas no fundo sabes que essa merda nunca irá acontecer. Pelo menos aqui. Isto é uma espécie de avô virtual dos DOs & DON'Ts. Vais ao centro de emprego e começas o teu percurso profissional a fritar batatas no Monolith Burgers, ou a varrer o chão do Black’s Market, mas de pouco te serve. Tens a renda para pagar e o dinheiro mal chega para comeres um hambúrguer. Andas semanas nisto até decidires tirar um curso e procurar um emprego melhor. Não te serve de nada, gastaste tudo em propinas e agora não tens dinheiro para comprar roupa adequada para o cargo de vendedor na loja de electrodomésticos. A tua vida é uma merda, tens a renda em atraso e até te esqueceste de comer, mas o lugar na Monolith Burgers está lá à tua espera. Pelo meio ainda foste assaltado, o desemprego aumentou e foste despedido. Esta merda é real, faço-o desde o tempo do MS-DOS. Nessa altura o computador lá de casa tinha menos capacidade de processamento do que o telemóvel da Imaginarium que ofereceram ao teu irmão mais novo aqui há uns anos e que ele entretanto trocou por um com Android porque não há guito para comprar um iPhone — pelo menos enquanto tu continuares a foder dinheiro em festivais.