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Monette e Mady, irmãs tiradas a papel químico

O truque mais divertido da genética.

Monette e Mady são parisienses e as gémeas mais adoráveis do planeta. Vivem juntas, partilham as mesmas refeições e vestem-se de forma idêntica. São do mais siamês que o ser humano consegue ser. Algumas pessoas, mais supersticiosas em relação aos gémeos verdadeiros, até lhes oferecem coisas na rua. Pessoas como Monette e Mady atraem sempre as atenções sobre si, mas estas duas ruivas amorosas são um espelho com pernas. A uniformidade é incrível. Vestem sempre a mesma roupa, mas nunca as vi repetir toilettes. E parecem sempre com pressa para chegar a qualquer lado, o que desperta nelas tiques nervosos — sincronizados, claro. Vi-as na rua durante anos até ganhar coragem para, numa mercearia de bairro, lhes falar e pedir autorização para fazer umas fotografias. Concordaram quase imediatamente. Só depois descobri que Monette e Mady já não eram novatas nestas coisas: entraram nos filmes Amélie e Paris Je T'Aime, apareceram como dançarinas num vídeo do George Michael e posaram para inúmeros anúncios e projectos artísticos. Monette e Mady nunca casaram nem tiveram filhos. Referem-se a si como "eu", nunca como "nós", e completam as frases uma da outra tão rapidamente que, por vezes, dá impressão que só estamos a falar com uma pessoa. VICE: Sempre se vestiram de forma idêntica?
Monette: A nossa mãe costumava vestir-nos com roupas diferentes para ser mais fácil de saber quem era a Monette e a Mady. Quando começámos a usar roupas iguais, anos mais tarde, ela não gostou.
Mady: Ela sempre fez questão de nos dar prendas diferentes e de nos tratar como duas pessoas distintas.
Monette: Mas é tão giro usar roupas iguais! As reacções das pessoas na rua, isso diverte-nos tanto. Levamos com cada olhar.
Mady: Isso é porque o continuamos a fazer depois de velhas. Ser único não é uma preocupação nossa, ao contrário das pessoas singulares. Como assim, “pessoas singulares”?
As pessoas que não têm gémeos. É um choque para elas verem outras pessoas vestidas de forma semelhante.
Monette: Não somos pessoas singulares. Para nós ser e vestir de forma igual é um traço da nossa personalidade. Seria um desequilíbrio imenso se uma de nós se vestisse, por exemplo, de forma informal e a outra formal.
Mady: Ia sentir que estava a usar as duas roupas ao mesmo tempo. Não pode ser! Aborrece-vos que as pessoas olhem fixamente?
Também gozamos com elas!
Monette: Uma vez passaram por nós três rapazes, na casa dos 20, todos com calças de ganga e casacos semelhantes e fizeram um comentário ofensivo sobre estarmos de igual.
Mady: E respondemos-lhes “ao menos temos noção disso”.
Monette: As pessoas não se apercebem, mas toda a gente se veste mais ou menos de forma igual hoje em dia. Já alguma de vocês namorou?
Mady: É difícil de explicar. Um gémeo será sempre um gémeo, mesmo que se case. Terá sempre essa ligação com a sua outra metade. Estamos com o nosso gémeo sempre, vai connosco onde formos.
Monette: Sabíamos tudo sobre viver como um casal muito antes das pessoas singulares da nossa idade, digo isto com modéstia. Encontrar uma alma gémea é uma coisa extremamente difícil para uma pessoa singular, acontece talvez uma vez na vida. Estão a sugerir que partilham relações amorosas?
Como assim? Vou reformular: já alguém se apaixonou pelas duas ao mesmo tempo?
Mady: Vais ter que lhes perguntar a eles! [risos] E vocês, já se apaixonaram as duas pela mesma pessoa?
Monette: Agora estás a perguntar coisas a que não pensamos responder. Há alguma altura do dia em que não estejam juntas?
Fazemos a maioria das coisas em conjunto, mas pode acontecer, claro. Uma vai às compras enquanto a outra trata da roupa em casa.
Mady: Não temos propriamente a necessidade de estar separadas de vez em quando, isso é uma coisa que confunde as pessoas singulares. Se estamos separadas, falamos por telefone.
Monette: É como estar em dois sítios ao mesmo tempo.