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teatro

Dead End: os contos e o porno

Ou as coisas que se sabem pelo boca a boca.

Tradicionalmente, os contos são histórias tradicionais que são transmitidos oralmente. É uma espécie de canal Odisseia, mas que passa de geração em geração. Normalmente, têm um fundo de moral. As pessoas trocam esse conhecimento entre si, de forma a passar uma mensagem simples: existe uma ordem natural entre das coisas. É pelos contos tradicionais que se sabe que, se não conseguires deitar uma parede de betão abaixo com um sopro, não podes comer carne de porco. Também é do conhecimento geral que existe o mito de, se apanhares uma gaja a dormir, podes beijá-la ou violentá-la, pois nunca se sabe se serás o seu Príncipe Encantado. Já é quase senso comum que uma gaja que se veste de vermelho e que anda pela floresta não é bom partido, pois vai meter uma avó lixada ao barulho. Para perceber um pouco mais sobre este assunto dos contos tradicionais, é impreterível ver a peça Dead End, com texto original de Chris Thorpe, que partiu de uma recolha de histórias da zona de Guimarães. Estamos a falar de um exercício de narração, que tem como base contos vimaranenses, que são, espontaneamente, contados de boca em boca. É como as coscuvilhices num bairro tradicional, quando toda a gente sabe que a filha de um dos teus vizinhos entrou no mundo da droga ou do porno e surgem histórias mirabolantes sobre como ela foi lá parar. Enfim, é tal e qual como esta peça que decorre nos dias 27 e 28 de Outubro, na fábrica ASA. Dead End aborda temas como o destino, um certo negrume e o surrealismo bárbaro de alguns contos populares que falam sobre a necessidade do mal. Se este fim-de-semana estiveres cansado de procurar o vídeo porno da tua vizinha na net, vai ver uma peça de teatro.