Com a informação que foi sendo divulgada através do “Luanda Leaks” desde o início da semana, era impossível não estar atento às opiniões dos comentadores televisivos nos canais portugueses. Dentro do que é quase consensual, fala-se da presumível bênção dada a família Santos por parte dos partidos do arco do poder, da banca, de escritórios de advogados, de consultoras e de Grupos Económicos, sem esquecer a frequente inaptidão dos reguladores (Banco de Portugal e CMVM).
Do lado do ridículo, houve quem analisasse o tópico com o foco somente na guerra entre facções angolanas e na ascensão da China no território;
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Quem afirmasse que os nossos políticos são os menos culpados desta enorme trapalhada – como se a filha e o pai que caíram agora em desgraça não tivessem sido apaparicados por várias cores partidárias (é ver quem anda nas administrações onde a empresária é acionista);
Ou quem se mostrasse “amuado” por não ser possível receber fundos de países onde haja alta probabilidade do dinheiro estar ligado a maroscas.
Um fartote, portanto.
Anedótico foi também ouvir António Costa negar que tenham sido feitos favores a Isabel dos Santos. Vindo de um primeiro-ministro que “ajudou” a entrada da milionária no BCP – mesmo que depois não desse em nada – ou do líder de um governo que alegadamente pretendeu ocultar a Operação Marquês e a corrupção num relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), o desplante é titânico.
(Cada vez mais, apetece ver o PM enfrentar o juiz Carlos Alexandre por causa de Tancos…)
Como os responsáveis escasseiam a cada escândalo que arrebenta (em “vacas sagradas” não se toca), o melhor é ter as portas abertas para “lavar tudinho”. É que tal como noutros países ocidentais, a algibeira dos sonsos está preparada para acolher um dólar ou um euro suspeito.
Da próxima vez que um interlocutor não souber o que é Portugal, além de CR7 e de estarmos na moda no plano turístico, podes garantir que somos uma afável “lavandaria” na Europa.
Já agora, tens o contacto de algum cartel da Colômbia ou do México? É para informar que podem vir. Aqui, no pasa nada.
O RISCO é controlado e protegido por fãs “intocáveis” de Stevie Wonder.
(Não seria surpresa que um patrão da droga retribuísse o gesto com esta “chamada”):
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