É só passar os olhos por qualquer lista dos games que saem em 2015 para ver uma sequência de títulos que parecem bastante prósperos. De Bloodborne e The Order: 1886, para PlayStation 4, ao primeiro jogo Zelda para o Wii U, temos algumas aventuras belíssimas para o ano que vem que vão usar o máximo do poder dos consoles atuais.
E, ainda assim, aqui estou eu, esperando mais ansiosamente por um punhado de jogos com uma abordagem estética muito mais antiga para seus ganchos estilísticos. Não estou falando da animação vintage de Cuphead, por mais convincentemente renderizado que o game seja. Em vez disso, estou mais interessado em jogos que parecem que poderiam rodar – em stills pelos menos (e de longe) – num Super Nintendo.
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Em primeiro lugar, entre essas atrações maravilhosamente retrôs, temos Hyper Light Drifter, um jogo nos moldes de Zelda, que tenho acompanhado desde seu anúncio no Kickstarter e seu trailer de setembro de 2013. Sua previsão de entrega era de junho de 2014, mas problemas de saúde do criador Alex Preston (que nasceu com uma doença cardíaca) atrasaram o progresso. A página da Wikipédia do game lista o lançamento para “o final de 2014”, mas outras notícias apontam para uma data ainda não especificada do ano que vem.
Mas ninguém está muito preocupado em esperar um pouco mais, considerando o que vamos receber no final. O jogo – uma aventura old school de exploração de calabouços – promete ser especial desde o início, e os gráficos são uma viagem, tanto no cinetismo psicodélico como na sua pixel arte do passado. Veja só que beleza:
Já devo ter visto o trailer umas dez vezes, mas a cena do “chefão final” a 1:30 ainda me dá arrepios. Mal posso esperar para jogá-lo quando ele estiver acabado. Ele deve ser lançado para várias plataformas, incluindo Windows, PS4 e Vita, Xbox One e Wii U.
Outro jogo do tipo que também deve chegar para os consoles de nova geração, além de PC e Mac, se chama Titan Souls. Descrito como “Shadow of the Colossus encontra Dark Souls” pelo Rock, Paper, Shotgun no final de 2013, o que começou como um “demake” rápido do clássico só de chefes do PS2 Shadow of the Colossus, feito em questão dias pela Ludum Dare 28, se transformou num game completo em desenvolvimento pela Acid Nerve com o apoio da Devolver Digital. Isso é quase pornô pra mim:
O gameplay do .As mortes por apenas um golpe e os ataques com flecha simples passam longe dos protagonistas superpoderosos que são lugar comum nos jogos contemporâneos. Não tem como seu pequeno avatar se tornar um deus enquanto você passa por uma série de 25 chefes gargantuescos. (Cada um deles só tem um ponto fraco para ataques; então, você vai ter que ser digitalmente muito habilidoso para destruí-los.)
“O processo de jogo envolve morrer muito”, disse o desenvolvedor David Fenn para a Polygon, colocando seu produto como um similar do Dark Souls, mas que parece se desenrolar mais na Hyrule do começo dos anos 90 do que nos arredores ameaçadores de Drangelic.
Continuando nessa mesma linha demake, e mantendo as coisas ligadas ao Zelda, o clássico do N64 Ocarina Of Time está passando por um makeover 2D. O jogo estava 10% completo no final de setembro, mas a equipe da Alternative Gamers só vai poder terminar o projeto dependendo do resultado da intervenção dos advogados da Nintendo. Você pode ver os esforços impressionantes deles no trailer do gameplay abaixo:
Sendo alguém seduzido pela cultura do videogame nos anos 90 – particularmente naqueles anos pré-PlayStation em que SNES e Genesis batalhavam pela supremacia nos 16 bits e os donos de Amiga podiam se gabar do seu Sensible Software e dos títulos do Bitmap Brothers –, o conceito de demakes é sempre atraente pra mim: tanto pela simples nostalgia como por questões mais práticas. Por exemplo, se o espírito de um jogo moderno pode transitar por modelos mais arcaicos de design.
Ver a incrível pixel arte do sueco Junkboy me faz pensar que muitos sucessos modernos poderiam facilmente ser traduzidos pelo status demake. Essa interpretação dele de Bayonetta, por exemplo, podia ter saído direto de um catálogo da Sega – e sua abordagem de Halo transforma a série milionária num jogo no estilo Turrican.
Mas as imagens de Junkboy são simplesmente isso: elas não se movem, você não pode jogá-las. O que é uma tristeza. Mas, passando para imagens que se movimentam, o violento filme sul-coreano Oldboy inspirou um jogo de navegador particularmente sangrento, no qual o jogador deve guiar Oh Dae-Su, armado com um martelo, através daquele corredor cheio de bandidos com armas. Hammered, um título muito apropriado, foi criado por David Abbott para o LUC Prize deste ano, e você pode jogá-lo aqui.
Junkboy não é o único adepto na transformação de algo realista em pixel arte perfeita que lembra uma era passada. Matthew Frith faz um ótimo trabalho pegando filmes e séries facilmente reconhecíveis e renderizado personagens e cenas icônicas num estilo inspirado nos mais clássicos jogos da LucasArts, como você pode ver nessa compilação do trabalho dele pela Kotaku intitulada “Os Melhores Jogos de Aventura dos Anos 90 que Nunca Existiram“.
Mas estamos nos afastando dos games retrôs que você pode jogar no futuro ou aqui e agora. Algumas opções já disponíveis, partindo da hiperviolência, passam por Drive, que faz referência ao jogo de assassinato Hotline Miami, pelo frenético poder de fogo de Super Time Force e até pelo quebra-cabeças de fritar a retina Fez.
O sucesso desses jogos está ajudando a pintar um futuro similarmente quadriculado. O que é ótimo para os tipos mais velhos que ainda tiram seu Genesis de baixo da cama quando suas caras-metade não estão olhando (oi!), além de jogadores mais jovens que perderam as eras passadas de design de games em que nem tudo precisava vir com textura HD ou rodar a 60 quadros por segundo.
Além de Titan Souls e Hyper Light Drifter, temos Animal Gods, outro role-play retrô atualmente no Kickstarter, em que seus desenvolvedores da Still Gamers pedem US$ 26 mil de investimento. O trailer mostra a intenção dos criadores de combinar “a ação de The Legend of Zelda: A Link Between Worlds com um elenco de personagens e momentos tocantes [que lembram] os clássicos JRPGs dos anos 90″. Indo para outro extremo do quadriculado, temos Thomas Was Alone – que recebe versões para Xbox One e PS4 em novembro – e Project Totem, uma plataforma de quebra-cabeça com algo mais, que também deve sair em breve para os mesmo consoles.
A Nintendo tem visto a reformulação dos seus sucessos dos anos 80, a série NES Remix, como um sucesso do Wii U em 2014 e está levando os dois pacotes para o 3DS em novembro como Ultimate NES Remix. O que temos aqui não é algo novo nos fios desgastados de seus predecessores – são Donkey Kong, o primeiro Super Mario Bros., Excitebike e Kirby’s Adventure (e muitos outros) desmontados e reconstruídos como experiências curtas, reunidas num pacote global acessível. Parece velho, porque é velho.
Enquanto completa desafios nesses velhos de ouro (pontuando numa escala de três estrelas, dependendo do tempo que você leva para alcançar o objetivo), você destrava mais fases do jogo principal, no qual clássicos da Nintendo colidem: Link tendo de evitar os barris do Donkey Kong, por exemplo. Depois de uma semana jogando, ainda não progredi muito, tanto por causa de alguns picos alarmantes de dificuldade e, talvez, por causa do meu corpo idiota. Não acho meus dedões particularmente grandes, mas eles estão longe de ter o tamanho ideal para os minúsculos botões do 3DS.
Trailer para oEstou com 62 estrelas no momento, o que não é muito, mas o suficiente para entender o apelo central da série NES Remix. Quando os jogos são bons, eles não envelhecem. Ultimate… dá a opção de jogar Speed Mario Bros – o primeiro jogo, muito mais rápido, com o Mario deslizando como se fosse um carro de Fórmula Um no Grande Prêmio da Antártida. E é brilhante, um flashback de 1985 que se destaca em desafio e entretenimento ao título mais recente do bombeiro, o 3D World para Wii U.
Na verdade, estou jogando isso agora quando poderia estar terminando Alien: Isolation, ou Middle Earth: Shadow of Mordor, ou Borderlands: The Pre-Sequel!, ou qualquer outro lançamento grande, barulhento, mas com certeza não tão rápido. Porque é isso que conheço, só um pouco diferente – que é provavelmente o motivo por trás da minha empolgação para ver games como Hyper Light Drifter que se inspiram nos jogos da minha juventude.
Claro, ainda estou disposto a mergulhar em Bloodborne, com todos os seus monstros bizarros e respingos de sangue, quando ele for lançado; mas também sei que jogos maravilhosos não precisam de visuais tremendos para garantir um apelo duradouro. É por isso que Tetris é o videogame mais vendido do mundo, e qualquer coisa do David Cage, não.
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Tradução: Marina Schnoor