A Grécia Explodiu em Tumultos Violentos no Final de Semana

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A Grécia Explodiu em Tumultos Violentos no Final de Semana

Os protestantes se reuniram por conta do assassinato de Alexandros Grigoropoulos em 2008, morto pela polícia em Atenas.

​Tessalônica. Foto por Alexandros Avramidis.

No dia 6 de dezembro de 2008, o policial Epaminondas Korkoneas baleou Alexandros Grigoropoulos, de 15 anos, no distrito ateniense de Exárchia. Grigoropoulos morreu nos braços do amigo Nikos Romanos, e o caso desencadeou uma onda de caos em Atenas e no resto do país. Estudantes e universitários tomaram as ruas para protestar contra a brutalidade policial, no que seria lembrado como um dos períodos mais violentos de revolta pública da história recente do país.

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Seis anos mais tarde, Romanos, agora com 21 anos (em 2013, ele foi condenado a 16 anos de prisão por roubar um banco em Velventós, Grécia), segue em seu 28º dia de greve de fome. Ele exige poder voltar a frequentar a faculdade.

Misturando o aniversário do assassinato de Grigoropoulos e a greve de fome de Romanos, esse último sábado na Grécia trouxe de volta o mês de dezembro de 2008.

Atenas. Foto por Anna Stamou.

Os protestos começaram bem cedo, com estudantes da universidade e de alguns colégios se reunindo no Propileu da Universidade de Atenas, onde mais de 7 mil policiais já estavam esperando. A primeira manifestação em Atenas terminou pacificamente, ao contrário das marchas em Patras e Tessalônica, onde a polícia fez várias prisões e usou gás lacrimogêneo contra os manifestantes.

Os protestos da noite começaram logo depois das 18h, com as multidões gritando: "Nossa democracia fede, solidariedade a Nikos Romanos".

Atenas. Foto por Alexandros Katsis.

Mais de 10 mil pessoas seguiram até o Parlamento grego; logo depois das 19h30, a polícia e os manifestantes entraram em confronto pela primeira vez, perto da Praça Sintagma. Algumas lojas e pontos de ônibus foram depredados; enquanto isso, um grupo de refugiados sírios – desde novembro ocupando a praça em protesto – tentava encontrar abrigo.

Foi mais ou menos aí que cartuchos de gás lacrimogêneo começaram a ser jogados e a massa do protesto foi dividida, com parte indo à Exárchia e outros, à Universidade de Atenas. Os policiais também fizeram diversas prisões e jogaram gás lacrimogêneo na estação de metrô local.

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O confronto entre a polícia e os manifestantes continuou na Exárchia, onde a polícia também usou canhões de água. Os policiais foram, então, ao prédio da Confederação Geral dos Trabalhadores Gregos (GSEE), que está ocupada por manifestantes há algumas semanas. Representantes do GSEE informaram que a tropa de choque atacou a entrada do prédio, resultando em quatro pessoas feridas.

Tessalônica. Foto por Alexandros Avramidis

No total, 296 pessoas foram detidas pela polícia de Atenas – entre elas, dois jornalistas, que foram liberados em seguida – e 43, presas. A tensão continuou na cidade até as primeiras horas da manhã. A polícia trouxe armas de choque e cartuchos de gás lacrimogêneo enquanto os manifestantes jogavam pedras e coquetéis molotov – às vezes do telhado de prédios de apartamentos próximos.

Durante todo o dia, multidões se reuniram no local onde Alexandros Grigoropoulos morreu, deixando flores e bilhetes.

Marchas também aconteceram em outras cidades gregas, incluindo Tessalônica, Patra, Agrinio, Véria, Vólos, Calamata e Chania.

Tessalônica. Foto por Alexandros Avramidis.

Em Tessalônica, os manifestantes gritavam frases contra a polícia e o estado de opressão. Confrontos começaram na Rua Tsimiski: a vitrine de uma loja foi incendiada, mas não ficou claro se o fogo foi causado por um coquetel molotov. Os manifestantes correram para o lugar a fim de ajudar clientes e funcionários a sair do prédio, apagando o fogo antes que ele se espalhasse. Um pouco depois, a polícia separou a marcha em duas, atacando a multidão com gás lacrimogêneo.

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Várias prisões foram feitas. Pelo menos 11 pessoas foram levadas ao hospital com ferimentos ou problemas respiratórios.

Às 19h30, anarquistas e outros grupos de esquerda preparavam uma nova marcha até o centro de Tessalônica. Um pequeno grupo de manifestantes entrou em confronto com policiais à paisana; e, em segundos, a cidade se tornou um campo de batalha. Coquetéis molotov e cartuchos de gás lacrimogêneo foram trocados, com muitos manifestantes fugindo para o telhado de prédios próximos. De acordo com o anúncio oficial da polícia, 35 pessoas foram detidas e 17, presas – todas por delitos leves. 

Atenas. Foto por Alexandros Katsis.

Em Mitilene, estudantes relataram que policiais jogaram uma manifestante no mar e depois a prenderam quando ela conseguiu sair. Protestos também aconteceram em Londres, Istambul, Copenhague, Paris, Viena e Barcelona; alguns manifestantes gritavam variações de "De Ferguson a Atenas: sem justiça, sem paz!".

Enquanto isso, na noite passada, Nikos Romanos escreveu um bilhete deixando clara sua oposição ao encontro de sua família com o primeiro-ministro grego, Antonis Samaras. Romanos disse que entende a angústia dos pais, mas acredita que o primeiro-ministro está tentando manipular a situação para tirar vantagem dela.

Veja mais fotos dos protestos abaixo:

​Tessalônica. Foto por Alexandros Avramidis.

​Tessalônica. Foto por Alexandros Avramidis.

​Tessalônica. Foto por Alexandros Avramidis.

​Atenas. Foto por Alexandros Katsis.

​Atenas. Foto por Alexandros Katsis.

​Atenas. Foto por Alexandros Katsis.

Atenas. Foto por Alexandros Katsis.

​Atenas. Foto por Alexandros Katsis.

Tradução: Marina Schnoor