É uma verdade La Palisse, mas nunca é demais repeti-la. O topo do futebol português é apaparicado, cortejado e levado em ombros pelas estruturas políticas e judiciais.
O âmago da questão não está só do lado dos clubes. O problema é também da mentalidade de muitos governantes e dos que laboram nos tribunais que, independentemente da formação académica e da sabedoria, são “cordeirinhos” prontos para se sacrificarem pela equipa que veneram desde a infância.
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E quando está em causa bilhetes para a bola ou lugares na tribuna, os pacóvios com poder estendem a passadeira a todo o tipo de atropelos éticos e morais. Esta promiscuidade mina a democracia e serve de pretexto para quem vê Portugal como uma “parvónia” dominada por interesses obscuros.
A recente escolha da deputada do PS, Cláudia Santos, para liderar o conselho de disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, é mais lenha de um fogo que se alastra há décadas. Sem o regime de exclusividade, os representantes do povo fazem “biscates” que fedem à distância. Um regabofe sem fim à vista…
A verdade desportiva para os protegidos de sempre e o inacreditável layoff da Igreja
Com o aval das autoridades civis e desportivas, anulam-se todas as outras competições – campeonatos de Andebol, Basquetebol, Hóquei em Patins, Voleibol ou divisões secundárias no futebol – mas o palco é reaberto para os protegidos de sempre, que parecem imunes ao flagelo sanitário.
Adiciona o seguinte no que concerne à “maravilhosa” verdade desportiva. Faz algum nexo, o Nacional e o Farense subirem à 1ª sem terem disputado o resto do calendário da 2ª Liga? Dois pesos e duas medidas que já valeram o protesto do 3º classificado, Feirense. Quem toma conta, formalmente, do nosso futebol (Federação, Liga e o frívolo secretário de Estado da Juventude e Desporto) é refém deste gritante paradoxo e é puppet nas mãos de… Tu sabes quem.
No que se refere ao escalão principal, o recomeço está agendado para o fim de Maio. Podemos não ter pessoas nos Estádios, os jogos que faltam (nas 10 rondas) podem ser em meia-dúzia de campos, mas isso não significa a inexistência de aglomerações.
Como nem todos acedem ao canal que transmite as partidas (há outras prioridades a pagar), vamos ter gente a dirigir-se à casa de outros, a encher os cafés e restaurantes, ou a vibrar nas capelinhas das respectivas equipas espalhadas pelo país. A economia agradece, os profissionais de saúde ficam alarmados e o contágio anda à espreita.
E o que dizer das claques? Acreditas que elas vão permanecer quietinhas? Não há máscaras e distanciamento físico que evite o êxtase em grupo…
Quanto às comitivas previstas em cada encontro (jogadores, staff técnico, arbitragem, dirigentes da Liga e dos clubes, agentes de segurança ou bombeiros), é utópico pensar-se que não haverá falhas nos testes ao Coronavírus a todos os envolvidos, se tivermos em consideração a janela traiçoeira dos falsos negativos. Ademais, enganam-se os que julgam que os atletas de primeira linha vivem em castelos de Marfim, sem contacto com o mundo real. O argentino Dybala, da Juventus, que o diga.
A solução devia ser simples. Não há campeão, ninguém desce e sobe em qualquer uma das modalidades. É injusto que uns sejam “atirados” para o terreno de jogo e os outros entrem de férias. Só um senão. Quem representaria Portugal nas competições europeias? As instâncias internacionais que decidam.
Do lado da razoabilidade, a Igreja Católica dá um sinal de fazer parte do tempo em que vivemos ao cancelar a celebração do “13 de Maio”, em Fátima. Predominou o bom senso, as cerimónias da Cova da Iria são substituídas por uma teleperegrinação e, apesar dos avisos e das restrições, a protecção civil de Santarém pretende tomar “medidas de excepção” para afastar os devotos do local de culto.
A instituição religiosa só não dá três secos à malta do futebol devido ao pedido de layoff da Igreja. Quer dizer, têm diversos benefícios fiscais e agora pedem ajuda ao Estado. Abençoada sorte.
Sabes que mais? Vou rever o documentário Diego Maradona (ver o trailer acima). Nada como sentir a classe de um Deus, para pôr de lado as manhas da “tugalândia”.
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