O Futuro dos Carros na Visão dos Sul-Coreanos
Crédito: Kya Hyundai

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Tecnologia

O Futuro dos Carros na Visão dos Sul-Coreanos

Uns conceitos malucões de veículos para você ir se acostumando.

Os visitantes que entram no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Kia e da Hyundai, em Namyang, na Coréia do Sul, são aconselhados a não tirar fotos. O complexo de prédios, localizado a duas horas e meia de Seoul, é um dos centros de design mais importantes das duas empresas. Com uma área maior do que 500 campos de futebol e uma equipe de mais de dez mil funcionários, é possível sentir por todos os cantos o clima de absoluto sigilo e desconfiança que cerca o lugar.

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Mas existem alguns dias em que os segredos são revelados. Os mais empolgantes, sem dúvida, ocorrem durante o Festival de Ideias. Já em sua sexta edição, o evento é a chance que os funcionários da Kia e da Hyundai têm de malhar seus músculos criativos. Cada equipe têm seis meses para projetar e construir um protótipo de acordo com um tema pré-definido. Os melhores, claro, levam vários prêmios. Fui conferir de perto esse festival de inovação umas semanas atrás.

O carro da equipe Ucan Concert, que possui uma bateria e um teclado. Crédito: Kia Hyundai

Uma equipe chamada Ucan Concert ganhou o prêmio principal por seu carro musical – apesar desta ser, convenhamos, uma das invenções mais chatas já criadas. Durante o festival, outras equipes mostraram os novos rumos da mobilidade — o tema era "uma jornada conjunta para um futuro melhor" — incluindo ideias bizarras, incríveis e estranhas. Aqui seguem algumas invenções que chamaram minha atenção. Para o bem, digo.

Driving Expansion, a ferramenta ideal para aprender balizas

O protótipo da Driving Expansion — note o headset do motorista. Crédito: Kia Hyundai

Voltado para testes de carros e auto-escolas, o Driving Expansion usa a tecnologia da realidade aumentada para criar uma rota virtual para os motoristas. Com um headset AR em seu equipamento, o motorista pode passear por uma rota digital enquanto o carro desliza por uma superfície vazia. A inspiração por trás da ideia veio do longo tempo que os funcionários gastavam para criar uma série de diferentes rotas para testar os veículos. A tecnologia exige menos espaço, oferece uma experiência um pouco mais realista do que um simulador de direção e pode ser utilizada em auto-escolas. No futuro, aprender a fazer baliza vai ser bem menos estressante.

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Solar Dream, o veículo multiuso movido à energia solar

O Solar Dream sendo transformando em uma mini-van. Crédito: Kia Hyundai

O que o protótipo do Solar Dream peca em design, compensa em ideias. Criado para solucionar os problemas de mobilidade nas comunidades pobres de países em desenvolvimento, o veículo adaptável e movido à energia solar é uma criação interessante. Composto por uma base de carro conectada à bicicletas motorizadas, o veículo pode também se transformar em uma mini-van — basta acoplar uma espécie de vagão adicional à estrutura. O modelo apresentado no festival não estava pronto, mas a ideia de um veículo multiuso movido à energia solar poderia ser facilmente adaptado às necessidades de uma família cosmopolita do futuro. Não?

Eye Car, a SUV segura pros filhotes

O banquinho inflável do Eye Car. Crédito: Kia Hyundai

Talvez para agradar os pais, a equipe do Eye Car modificou uma SUV: no protótipo, o banco traseiro pode ser arrastado até o do passageiro, possibilitando que o motorista sente e ajuste seu filho no assento sem ter que se contorcer dentro do carro. A SUV também possui uma cadeirinha infantil inflável, controlada por um compressor interno que se esconde dentro do banco traseiro, o que elimina a necessidade de carregar a cadeirinha para todo lugar. A parte mais inovadora do protótipo é seu sistema duplo de monitores. Enquanto o motorista dirige, ele é capaz de ver um monitor instalado no retrovisor que mostra imagens de seu filho no banco de trás – e a criança pode ver, por meio de outro monitor, o rosto do motorista. Também há a opção de passar desenhos no monitor do banco de trás. Fofo, seguro, lúdico.

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Origine, o pequenino que não exige carta de motorista

Origine. Crédito: Kia Hyundai

O Origine foi, de longe, o protótipo mais futurista do festival. Composto por um banco de passageiro preso a duas rodas enormes e controlado por dois joysticks, o design circular apresenta um veículo de mobilidade pessoal que pode desbravar uma variedade de terrenos e superfícies sem nunca desestabilizar o banco do motorista, o que garante uma viagem muito tranquila. O protótipo foi baseado na ideia de "carros pequenos para famílias pequenas" e na demanda por veículos de mobilidade pessoal. Para dirigir o veículo, não é preciso ter uma carteira de motorista. Além disso, o protótipo possui uma autonomia de bateria de 20 horas, com velocidade máxima de 50-60 km/h.

Avatar, para trazer seu parceiro ou parceira para casa depois de uma bebedeira

À direita, uma pessoa em um assento de simulador tenta controlar, à distância, o veículo à esquerda. Crédito: Kia Hyundai

O protótipo da equipe Avatar foi talvez o mais estranho do festival. Apresentado como "uma forma de trazer seu marido e o carro para casa após uma noite de bebedeira ", a ideia envolve alguém dirigindo remotamente um carro por meio de um headset de realidade virtual parecido com o Oculus Rift. Câmeras acopladas ao carro oferecem uma visão externa de 120 graus — e há a opção de se conectar a outras câmeras externas. A parte remota do carro é composta por uma cadeira e um volante, e utiliza a conexão de dados (graças à problemas de latência, a tecnologia requer uma internet 4G plus). De acordo com a equipe, o sistema Avatar pode ser implementado em qualquer carro comercial, mas eles acreditam que a tecnologia só funcionará perfeitamente daqui cinco anos. Embora o protótipo perca em vários aspectos para os carros autônomos, ele pode ser uma boa opção para situações que requerem um veículo remoto de maior precisão.

Acho que era isso.

Uma coisa que está clara em todos esses protótipos é que o futuro da indústria automobilística não está na velocidade, na estética, muito menos nos carros — mas sim no próprio conceito de mobilidade. Com as futuras populações confinadas em megacidades e com os carros automatizados cada vez mais perto de se tornarem realidade, as ideias voltadas para grupos menores podem ser uma boa solução para nossos problemas atuais.

Tradução: Ananda Pieratti