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Música

Keys N Krates: De Banda Cover de R&B a Inovadores do Eletrônico

Manja esse trio canadense? Os caras que tocam domingo (28) no TomorrowWorld, fazem eletrônica de maneira surpreendentemente orgânica e falam como tudo começou.

Há um longo histórico de bandas orgânicas incorporando elementos eletrônicos em suas performances e composições. Do Depeche Mode ao Radiohead, as batidas eletrônicas já dividiram muitas vezes o espaço com as guitarras. Mas o que fez o trio Keys N Krates, de Toronto, se destacar no mundo da música eletrônica foi a sua incorporação fluida da dance music e do hip-hop, gêneros tradicionalmente dominados por samples e DJs, em um live setting. Eles estão mudando as regras, abordando o orgânico através do eletrônico, e o mais novo EP deles, o recém-lançado Every Nite, traz um bassweight com forte influência hip-hop para a performance ao vivo.

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Mas nem sempre foi assim: "Estamos juntos há mais ou menos uns sete anos. Começamos fazendo covers de hip-hop ao vivo, versões", explica Adam Tune, baterista da banda. "Parecia o The Roots com um turntablist. Tínhamos um baixista, Matisse tocava só um teclado físico e eu tocava bateria. Evoluiu muito gradualmente para o que é agora, que é completamente diferente. A única similaridade é que ainda somos uma banda e ainda usamos músicas de outras pessoas e as sampleamos ao vivo no nosso show".

"Quando começamos, não tínhamos nem músicas próprias. Fazíamos versões dos Fugees e do Jay Z", entrega Adam.

"Todos nós temos origens no hip-hop", explica o DJ Jr. Flo. "Eu era DJ de batalha. O Matisse tem origens no R&B e no soul. Não sei que caralhos o Tune fazia, tudo de soul ou funk ao country. Eu conheci a cena rave aqui nos anos 90 porque era DJ de scratch e esse era um dos poucos lugares para DJs de scratch, mas nunca foi a minha praia. Nenhum de nós era muito ligado em música eletrônica até cinco anos atrás, quando começamos a fazer nossa lição de casa".

A transição para a pegada eletrônica foi gradual, mas se infiltrou tanto na instrumentação quanto no gosto deles. Tune explica: "Começamos a tocar mais nesses festivais ao lado de outros artistas de música eletrônica e a produzir nossas próprias músicas, e percebi que tínhamos que começar a trocar nossos instrumentos para poder tocar o tipo de música que estávamos fazendo nessa época. Tive que recomeçar do zero e comprar sample pads e pedais – kick triggers, snare triggers. A transição aconteceu muito organicamente para adequar a tecnologia à música que estávamos tocando ao vivo".

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Mais do que isso, a relação reflexiva do orgânico com o eletrônico alterou drasticamente a maneira como eles compõem. Se antes eles costumavam compor usando software e depois aprendiam a recriar o som ao vivo, esse não é mais o caso. Tune explica o processo criativo: "Ao longo do último ano, desde que montamos nossos set-ups, pudemos tocar ideias para músicas, jogá-las no computador e transformar isso numa música; depois tiramos o grosso e levamos de volta para o ensaio e a transformamos na versão ao vivo final. A coisa toda do ensaio não é só aprender as músicas que fizemos no computador, se tornou parte do processo de composição… De certa forma, é totalmente old school. É o que uma banda de verdade faria. Tipo, uma banda de punk ou coisa do tipo, eles tocariam riffs de guitarra, cantariam sobre eles, iriam para o estúdio gravar e depois voltariam para tocar uma versão ao vivo disso. Por um lado, o que estamos fazendo é diferente, mas por outro, é completamente old school."

"Nunca temos a mesma visão. É assim que a nossa música é feita. Só entramos no estúdio e discutimos até que saia alguma coisa".

O Keys N Krates é frequentemente o único grupo, nos eventos em que eles tocam, a apresentar uma performance mais humana. Vi o público superar a imediata dissonância de ver todos aqueles instrumentos no palco no segundo em que percebe que a banda traz tanto a energia de um show ao vivo quanto o bassweight de um set de DJ. "Adoro sempre que os artistas tentam incorporar mais instrumentos ao vivo nos seus shows. Espero que mais gente comece a fazer isso", diz Tune. "Torna o show mais interessante. As coisas podem sair dos trilhos muito rápido, sabe? Acontece. Tem merdas que acontecem o tempo todo. Os equipamentos não funcionam, você nunca sabe o que vai acontecer ou quem vai ter que improvisar enquanto alguém descobre por que o toca-discos da esquerda não está funcionando ou conserta o suporte do teclado porque está vibrando muito por causa dos graves. Merdas acontecem. O tempo todo".

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Levando tudo isto em conta, é notável que eles tenham acabado no Dim Mak, um selo com raízes distantes na guitar music, hoje mais focado em sons mais explicitamente eletrônicos. Jr. Flo explica a história: "Tem este cara, Keith, que também é conhecido pelo seu nome artístico, AutoErotique. Ele faz um monte de paradas de A&R para o Dim Mak. É nosso amigo. Um dia eu estava discotecando num clube e tocando umas demos em que estávamos trabalhando. Ele correu para a cabine e disse: 'Ei, que porra é essa?!'. Então acabamos sendo contratados pelo Dim Mak! Com certeza somos os esquisitões do selo, não fazemos big room house nem nada do tipo, mas é legal porque isso faz com que a gente se destaque mais".

Com o EP Every Nite recém-lançado e um show no TomorrowWorld, se destacar em breve não vai ser exatamente uma surpresa para o Keys N Krates.

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Jemayel Khawaja é editor assistente do THUMP em Los Angeles - @JemayelK

Tradução: Fernanda Botta