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Música

Louvada Seja a Primeira Dama do Rádio, Annie Nightingale

No ar há cinco décadas, a primeira DJ mulher da BBC lançou uma compilação pela Ministry of Sound que funciona como peça-chave para entender sua carreira.

Annie Nightingale é uma sobrevivente. A veterana do rádio, apresentadora de TV e DJ de festival há 45 anos está nas ondas do radio britânicas, figurando está que é a mais longa carreira de um DJ na história da BBC. No caminho, ela tem andado com todo mundo: de John Peel, Keith Moon, e um grupo um pouco desconhecido chamado The Beatles — Annie lutou para ser a primeira DJ mulher a ter seu próprio programa de rádio, festejou como uma rockstar (no seu currículo está uma lendária house party que durou uma semana), e até parou de fumar recentemente, um hábito que ela cultivou durante décadas. De alguma forma, nossa heroína não parou um segundo.

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"No final daquele novo documentário da Amy Winehouse, tem uma fala [de Tony Bennet] que explica minha sobrevivência: 'A vida te ensina como viver se você viver tempo o bastante'", diz Nightingale. "Meio que [essa fala] me fez pensar, se você consegue sobreviver todos os perigos que acontecem quando você é jovem, você tem uma chance de sobrevivência. Mas eu vi a perda de muita gente ótima no caminho".

Annie Nightingale é uma sobrevivente. A veterana do rádio, apresentadora de TV e DJ de festival há 45 anos está nas ondas do radio britânicas, figurando está que é a mais longa carreira de um DJ na história da BBC. No caminho, ela tem andado com todo mundo: de John Peel, Keith Moon, e um grupo um pouco desconhecido chamado The Beatles — Annie lutou para ser a primeira DJ mulher a ter seu próprio programa de rádio, festejou como uma rockstar (no seu currículo está uma lendária house party que durou uma semana), e até parou de fumar recentemente, um hábito que ela cultivou durante décadas. De alguma forma, nossa heroína não parou um segundo.

"No final daquele novo documentário da Amy Winehouse, tem uma fala [de Tony Bennet] que explica minha sobrevivência: 'A vida te ensina como viver se você viver tempo o bastante'", diz Nightingale. "Meio que [essa fala] me fez pensar, se você consegue sobreviver todos os perigos que acontecem quando você é jovem, você tem uma chance de sobrevivência. Mas eu vi a perda de muita gente ótima no caminho".

Esse mês, o legado de Nightingale está sendo amplamente festejado com dois documentários sobre sua carreira na BBC Radio 2, e o lançamento de uma compilação Masterpiece com três discos que sai pela Ministry of Sound. (Ouça a mini-remixes exclusivos da Masterpiece aqui na THUMP). O conceito da compilação é uma mixtape como autobiografia: cobrindo seis décadas de carreira, a compilação serve como uma espiada na fechadura na da vida de Annie, indo desde a invasão britânica a Manchester dos anos 80, house dos anos 90, big beat, drum and bass, indie rock, trap e o que houve entre isso tudo. Mesmo que sua audição pareça uma aula de história da música britânica moderna, o corte que ela escolheu nunca são os hits mais obvios. Muitos artistas, como os Rolling Stones, nunca estiveram em uma compilação antes — e certamente nunca uns ao lado dos outros.

Annie Nightingale e John Peel.

A dedicação de Ninghtingale em defender sons não convencionais começou quando ela estreou na BBC nos anos 1970 como a primeira DJ mulher da rádio. Imediatamente Annie teve uma conexão com John Peel, possivelmente o mais significativo radialista de todos os tempos, que dividia com ela o medo de ser demitido por apresentar coisas pouco convencionais.

"Peel parecia notar tudo o que estava acontecendo. Ele ficava muito preocupado que a rádio dissesse, 'Isso é estranho demais, não vamos deixar você no ar'. Apesar de a BBC não ser uma rádio comercial, ainda precisávamos ter bons números de ouvintes. E John sempre conseguiu. Mas ele nunca se comprometia com o que esperavam, e isso é o que eu realmente admirava nele", rememora Annie.

Outro amigo peso pesado de Annie, Zane Lowe, agora está causando comoção com seu recentemente lançado Beats 1. Foi aí que pedi para Nightingale pensar sobre o ambicioso futuro da nova estação de rádio. "Estamos todos muito interessados. No primeiro dia que eu sintonizei, escutei Zane tocar algo bem descolado, música bem Londrina. Eu quero ouvir a rádio um dia inteiro, para que eu possa sentir como são os shows de Londres, os shows de Los Angeles, os shows de Nova York, como eles soam. Mas no primeiro dia soou muito como a BBC e, de certa forma, acho que isso é muito bom".

Sobre o tema tão em voga, se serviço de streaming como Spotify e SoundCloud irão matar o rádio, Nightingale acha que eles podem coexistir,: "Dado que o conteúdo e a curadoria sejam fortes". "Todo mundo achou que o rádio ia morrer quando a internet apareceu. E ele sobreviveu a tantas plataformas", diz a voz da sabedoria. "Eu ainda acho que as pessoas querem uma voz. Eu não quero que me digam 'se você gosta disso, você vai gostar disso'. Eu quero que as pessoas tenham suas próprias ideias", manda Annie. Sua abordagem é mais uma via de duas mãos: "Isso é o que eu encontrei essa semana. O que você acha?"

Nightingale sabe que o principal atributo de um disc jockey é se manter atento aos ventos da mudança — na última década, por exemplo, Annie se descobriu cada vez mais se tornando uma... rainha do trap.

"Eu gosto da energia do trap e o fato que parece que os artistas estão se divertindo muito no estúdio. É como se você quisesse estar no estúdio com eles. E o gênero agora é bem internacional: Los Angeles, Chicago, Atlanta, Amsterdã, Ucrânia. É música que se adapta". Claro, muitos dos britânicos rejeitam o apelo mainstream da dance music americana. "As pessoas são muito rudes com o EDM [e] o trap", reconhece a seletora. Mas ao final do dia (ou nesses 45 anos), Nightingale sabe o que funciona para ela. "Eu acho que muita gente está mais preocupada com o que é cool você gostar. As pessoas deviam apenas aproveitar o que elas gostam".

A compilação Masterpiece de Annie Nightingale já foi lançada pelo Ministry of Sound.

Tradução: Pedro Moreira.

Esse mês, o legado de Nightingale está sendo amplamente festejado com dois documentários sobre sua carreira na BBC Radio 2, e o lançamento de uma compilação Masterpiece com três discos que sai pela Ministry of Sound. (Ouça a mini-remixes exclusivos da Masterpiece aqui na THUMP). O conceito da compilação é uma mixtape como autobiografia: cobrindo seis décadas de carreira, a compilação serve como uma espiada na fechadura na da vida de Annie, indo desde a invasão britânica a Manchester dos anos 80, house dos anos 90, big beat, drum and bass, indie rock, trap e o que houve entre isso tudo. Mesmo que sua audição pareça uma aula de história da música britânica moderna, o corte que ela escolheu nunca são os hits mais obvios. Muitos artistas, como os Rolling Stones, nunca estiveram em uma compilação antes — e certamente nunca uns ao lado dos outros.

Annie Nightingale e John Peel.

A dedicação de Ninghtingale em defender sons não convencionais começou quando ela estreou na BBC nos anos 1970 como a primeira DJ mulher da rádio. Imediatamente Annie teve uma conexão com John Peel, possivelmente o mais significativo radialista de todos os tempos, que dividia com ela o medo de ser demitido por apresentar coisas pouco convencionais.

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"Peel parecia notar tudo o que estava acontecendo. Ele ficava muito preocupado que a rádio dissesse, 'Isso é estranho demais, não vamos deixar você no ar'. Apesar de a BBC não ser uma rádio comercial, ainda precisávamos ter bons números de ouvintes. E John sempre conseguiu. Mas ele nunca se comprometia com o que esperavam, e isso é o que eu realmente admirava nele", rememora Annie.

Outro amigo peso pesado de Annie, Zane Lowe, agora está causando comoção com seu recentemente lançado Beats 1. Foi aí que pedi para Nightingale pensar sobre o ambicioso futuro da nova estação de rádio. "Estamos todos muito interessados. No primeiro dia que eu sintonizei, escutei Zane tocar algo bem descolado, música bem Londrina. Eu quero ouvir a rádio um dia inteiro, para que eu possa sentir como são os shows de Londres, os shows de Los Angeles, os shows de Nova York, como eles soam. Mas no primeiro dia soou muito como a BBC e, de certa forma, acho que isso é muito bom".

Sobre o tema tão em voga, se serviço de streaming como Spotify e SoundCloud irão matar o rádio, Nightingale acha que eles podem coexistir,: "Dado que o conteúdo e a curadoria sejam fortes". "Todo mundo achou que o rádio ia morrer quando a internet apareceu. E ele sobreviveu a tantas plataformas", diz a voz da sabedoria. "Eu ainda acho que as pessoas querem uma voz. Eu não quero que me digam 'se você gosta disso, você vai gostar disso'. Eu quero que as pessoas tenham suas próprias ideias", manda Annie. Sua abordagem é mais uma via de duas mãos: "Isso é o que eu encontrei essa semana. O que você acha?"

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Nightingale sabe que o principal atributo de um disc jockey é se manter atento aos ventos da mudança — na última década, por exemplo, Annie se descobriu cada vez mais se tornando uma… rainha do trap.

"Eu gosto da energia do trap e o fato que parece que os artistas estão se divertindo muito no estúdio. É como se você quisesse estar no estúdio com eles. E o gênero agora é bem internacional: Los Angeles, Chicago, Atlanta, Amsterdã, Ucrânia. É música que se adapta". Claro, muitos dos britânicos rejeitam o apelo mainstream da dance music americana. "As pessoas são muito rudes com o EDM [e] o trap", reconhece a seletora. Mas ao final do dia (ou nesses 45 anos), Nightingale sabe o que funciona para ela. "Eu acho que muita gente está mais preocupada com o que é cool você gostar. As pessoas deviam apenas aproveitar o que elas gostam".

A compilação Masterpiece de Annie Nightingale já foi lançada pelo Ministry of Sound.

Tradução: Pedro Moreira.