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Música

O Crystal Method Fez a Trilha de Todos os Filmes (que Importam) do Começo do Milênio

Aproveitamos que a dupla se apresentou na tal Blood Rave em NY no último fim de semana para lembrar os bons momentos de quando o big beat ficou mainstream, ‘Blade’ e Limp Bizkit.
(Photo via The Crystal Method/Facebook)

Quando eu tinha 12 anos, o album de estréia do The Crystal Method Vegas (1997) foi um dos primeiros discos que eu comprei na vida. Abrindo com "Trip Like I Do", um hiperativo hit que nos situa em "outro mundo, outro tempo, na era da maravilha", o álbum é um passeio de uma hora e um minuto pelo mundo da electronica. Ouvi-lo como pré adolescente parecia uma daquelas cenas do Requiem para um Sonho, em que as pupilas de todos dilatam depois de consumir ridículas quantidades de drogas.

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Vegas surgiu em uma época em que os selos norte-americanos estavam reparando no sucesso de grupos eletrônicos e na cultura rave no exterior — uma explosão de big beat comandada por grupos ingleses como o Prodigy e o Chemical Brothers. Rádios mainstream ainda estavam tocando "I Don't Want to Miss a Thing" do Aerosmith no repeat automático, mas, se você estivesse com sorte, a rádio local "alternativa" podia tocar "Firestarter" do Prodigy entre o Offspring e o Kid Rock. Vegas, que ganhou disco de platina nos EUA em 2007, ajudou a estabelecer a dupla como embaixadores americanos para essa cena de electrionica — um título que eles dividiram com um sujeitinho careca chamado Moby.

Alguns meses depois de Vegas ser lançado, o filme de ação de vampiro de 1998 Blade apareceu no cinema. Apesar de não relacionados, ambos pareciam dividir uma estética em comum — especificamente essa visão escura de um futuro apocaliptico que provavelmente veio junto com o começo do milênio. Talvez por isso, a faixa que tocava na cena mais icônica de Blade — uma rave regada a sangue cheia de vampiros techno punk — era comumente (e erroneamente) atribuída ao Crystal Method. (Na verdade, é um remix de "Confusion" de New Order pelo The Pump Panel Reconstruction).

Leia: Como Foi a Blood Rave, o After da Comic Con em Nova York que Teve Chuva de Sangue.

Agora a dupla irá retificar esse erro histórico ao comandar a Blade Rave, um afterparty da Comic Con de Nova York organizada pela companhia BBQ Films. Conhecidos por suas releituras realistas de cenas famosas de filmes cult, a BBQ Films irá trazer para a vida real a rave de Blade, com o Crystal Method junto com Pictureplane, The Dance Cartel, A Place Both Wonderful and Strange, e o DJ Choyce Hacks.

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Recentemente, tive a chance de conversar com Ken Jordan e Scott Kirkland sobre seus próximos shows, colaborações do passado com a LeeAnn Rimes e sobre ser a trilha sonora de uma geração inteira de conteúdo popular… enquanto tento fortemente não voltar a ter 12 anos de idade.

THUMP: Como 1998 foi para vocês, levando em consideração o recente relançamento do seu primeiro disco e a presença da cultura rave e cinematográfica da época?

Scott Kirkland: Nossa, 98 e 99 foram anos ocupados. Vegas tinha acabado de sair, então a rádio KROQ passou a tocar "Busy Child" e várias outras estações imitaram. A música estava mudando e parecia que estava influenciando a produção de filmes da época. Tipo, eu não acho que Matrix teria sido Matrix se não tivesse trilha de ponta, se não tivesse todo aquele Massive Attack e Rage Against the Machine — coisas que eram bem diferentes do típico grunge. Nós estávamos constantemente em turnê.

Em 98, nós excursionamos com o Orbital e o Low Fidelity All-Stars e fizemos tipo 20 ou 30 shows pelos EUA. Nós assistíamos e saíamos com o Orbital todas as noites, e foram dois anos muito incríveis. Foi antes do grande crescimento da internet, e as pessoas estavam saindo muito e felizmente continuaram a comprar discos durante alguns anos. Então, tipo, tudo meio que quebrou e o gênio saíu da lâmpada e rolou o "libera aí, libera geral!" [risos].

Mas vocês ainda conseguiram ter um disco de platina depois dessa cultura de compartilhamento explodir.

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SK: Sim, nos contaram muitas vezes que as pessoas botavam o disco para tocar e alguém pegava emprestado e nunca devolvia então eles tinham que comprar outro.

[risos] Esse é o segredo.

SK: Quer saber, foram anos bem selvagens. Nós estávamos tentando voltar ao estúdio, mas ao mesmo tempo nós queriamos surfar essa energia que estava rolando. Nós queríamos ter certeza que Vegas fosse muito ouvido porque sabiamos que quando fossemos voltar ao estúdio, estaríamos prontos para fazer algo novo e foi muito bom pra gente mudar porque estávamos ficando cansados da cena que faziamos parte quando o disco saiu. A gente só queria ficar longe daquelas intermináveis linhas de bateria e esse tipo de coisa de rave. Nós começamos a trabalhar com o Tom Morello e aparecemos com "Name of the Game" e Tweekend que foi lançado em 2001. Então voltamos direto para a turnê e misturamos esses dois mundos um pouco mais. No final de 99, nós fizemos o Family Values Tour, onde éramos a parte eletrônica da turnê que tinha Filter, Limp Bizkit, Method Man e Redman. Então estávamos tocando em tipo arenas de basquete.

Ken Jordan: Sim, foi muito divertido. Essa foi a primeira vez que nós nos apresentamos nessa dimensão com um monte de artistas diferentes, a maioria rock, mas o Run DMC estava naquela turnê. Foi bom pra gente tocar para aquele tipo de plateia.

Um Scott Kirkland andando com o AC/DC (Foto do Facebook do The Crystal Method).

Vocês estiveram em uma quantidade ridicula de trilhas sonoras desde 97 — 60 Segundos, Zoolander, Blade II, Entourage, Tomb Raider, Velozes e Furiosos 6… Vocês basicamente criaram a trilha sonora de toda uma geração de filmes populares. Como isso aconteceu? Como vocês afinavam a produção para acertar a vibe do filme para o qual estavam produzindo?

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SK: Então, muito das coisas iniciais de trilha eram faixas dos nossos discos. Acontece que a nossa composição, eu acho, sempre foi meio cinemática então funcionava bem em filmes. Lá na época do Napster, todo mundo achou que tivéssemos feito a trilha para a cena de Blade. De alguma forma ossp foi mal identificado, então nós sempre fomos associados com aquele filme embora não tivessemos música nele até o Blade II.

"Keep Hope Alive" estava em um filme chamado Assassinos Substitutos, um dos primeiros filmes de Antoine Fuqua. Tinha uma abertura de cena de ação que era muito maneira, e mais um monte de coisinhas aqui e alí.

Nós fizemos uma trilha para um video game, N2O, que era bem divertido, mas até pra isso nós estávamos tanto na estrada que não tínhamos tempo para fazer a trilha inteira. Eles apenas licenciaram um monte de coisa e foi bem rápido, mas os sons funcionavam muito, muito bem no jogo e muitas pessoas começaram a curtir nossa múscia por causa disso.

O outro grande jogo que nos deu atenção foi o FIFA 98, que era o maior jogo de futebol da época. Ele vendeu provavelmente 20 milhões de cópias em um ano e tinha três faixas nossas bem de entrada no estádio no começo dos jogos. Foi divertido amarrar nossa música com esporte — tem tanta gente que nos fala que encontrou nossa música por aí. Foi como um grande incêndio florestal, apenas continuava espalhando e espalhando. Felizmente não começou a chover na gente.

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Seu lançamento mais recente tem convidados bem interessantes. Eu recentemente ouvi a faixa com a LeeAnn Rimes e gostei muito. Como vocês escolhem seus parceiros?

KJ: Bem, nos velhos tempos, eles vinham de várias formas diferentes, sabe? Através de agentes, empresários, selos ou talvez amigos. Mas agora nós fazemos pela rota 100% orgânica de convidar alguém que conhecemos, ou que realmente gostamos do trabalho, ou eles gostam do nosso trabalho. Sempre funciona melhor assim.

SK: Sim, com a LeeAnn teve esse documentário chamado Regeneration que foi lançado em 2012 e foi feito pela Hyundai. Eles tinham um ótimo diretor que pegou quatro ou cinco diferentes produtores do mundo eletrônico que são mais modernos, e os fizeram colaborar com cinco artistas diferentes em seus gêneros individuais. Nós trabalhamos com Margaret Reeves dos dias do Motown e fomos para Detroit e gravamos com os membros que restaram dos Funk Brothers. Foi muito, muito legal.

Skrillex trabalhou com alguns membros do The Doors, Mark Ronson trabalhou com alguns ótimos músicos de jazz de Nova Orleans e a Erykah Badu. DJ Premier pegou música clássica e trabalhou com um compositor. Pretty Lights fez uma faixa com um cara country bem velho mas trouxeram LeeAnn Rimes para fazer os vocais. Durante o filme eles mostraram alguns momentos do Pretty Lights e LeeAnn Rimes trabalhando juntos. Eles isolaram o vocal e, quando você tira a instrumentação, você ouve a voz de maneira diferente.

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Então pensamos, "Nossa, seria muito legal se nós pudéssemos…" Então a conhecemos e muitos, muitos meses depois, nós tinhamos uma canção e ela por acaso estava em Denver na mesma hora que a gente então a dei uma cópia, e uns nove meses depois ela ligou e disse que tinha algo. Ela veio com seu produtor e parceiro de composição, nós tocamos a faixa, gravamos, e foi muito divertido.

Vocês tem algo especial planejado para o Blade Rave? Tem esse lance da plateia ser banhada em sangue.

KJ: Sim, tem muita coisa maneira planejada mas estamos trabalhando com elas na nossa apresentação e eu não sei se é segredo ou não, mas deve ser bem legal.

SK: Sim, nós vamos nos divertir. É pra isso que serve a Comic Con: para as pessoas terem um pouco de escapismo e curtir um tempo fora de suas vidas comuns, fazer algo meio maluco. Estamos felizes de fazer parte e nos divertir com isso.

A Blade Rave rolou em Nova York no último 9 de Outubro no Terminal 5 em Nova York.

Kip Davis vai compareceu à Blade Rave em um cosplay rave vampiresco rave dos anos 90. Siga ele no Twitter.

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