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Paris Está em Alerta Depois que Atiradores Mataram 12 Pessoas no Escritório de um Jornal

10 pessoas ficaram feridas e os cartunistas Jean Cabut, Georges Wolinski e Bernard Verlhac, do Charlie Hebdo, foram mortos.
Crédito: AFP/Getty

Alerta: o vídeo abaixo contêm cenas fortes.

Uma caçada está em andamento em Paris, depois que homens armados mataram 12 pessoas e feriram sete num aparente ataque extremista islâmico ao escritório da revista satírica francesa Charlie Hebdo.

Três homens encapuzados armados com fuzis invadiram o prédio, que fica no centro da capital francesa, por volta das 11h30 no horário local. Dez jornalistas, incluindo o editor da revista e três cartunistas, e dois policiais foram mortos, no que o presidente francês François Hollande disse ser "sem dúvida" um ataque terrorista.

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Um vídeo da rua em frente ao prédio, feito por uma testemunha, mostra os homens se aproximando de um policial ferido e o disparando um tiro à queima-roupa enquanto ele levanta as mãos e implora. Depois eles entram num veículo preto e fogem.

AVISO: ESSE VÍDEO CONTÉM IMAGENS FORTES

A polícia disse que os homens gritavam "O Profeta está vingado" enquanto realizavam o ataque.

A revista tinha causado polêmica e provocado o ódio de radicais islâmico antes com suas sátiras religiosas. Em 2011 seu escritório foi incendiado por uma bomba depois da publicação de uma caricatura do Profeta Maomé, e sua equipe tinha recebido proteção da polícia depois de ameaças. Esta manhã, a revista publicou um cartum do líder do Estado Islâmico Abu Bakr al-Baghdadi, grupo extremista que opera no Iraque e na Síria, pedindo por ataques de "lobos solitários" ao Ocidente.

Meilleurs vœux, au fait. pic.twitter.com/a2JOhqJZJM
— Charlie Hebdo (@Charlie_Hebdo_) 7 janeiro 2015

Meilleurs vœux, au fait.

– Charlie Hebdo (@Charlie_Hebdo_) 7 de janeiro de 2015

Os agressores ainda não foram presos e a polícia lançou uma caçada pela França. O carro da fuga foi abandonado no 19º distrito de Paris.

A cidade está em alerta e a segurança foi intensificada em outros alvos em potencial. Em Madri, funcionários do jornal El País, que também publicou o cartum, foram evacuados depois da descoberta de um pacote suspeito.

#ÚLTIMAHORA Evacuan edificio de diario #ElPaís y oficina de medios Prisa por objetos sospechosos FOTO @informativost5 pic.twitter.com/qVDh1ykCCZ
— Noticieros Televisa (@NTelevisa_com) 7 janeiro 2015

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#ÚLTIMAHORA Evacuaram o edifício do diário #ElPaís_ e escritório de mídia Prisa por objetos suspeitos. FOTO @informativost5_

Noticieros Televisa(@Ntelevisa_com),7 de janeiro de 2015

O presidente François Hollande falou no local antes de uma reunião de emergência. Hollande, visivelmente emocionado, descreveu o ataque como um ato de terrorismo "especialmente bárbaro", e disse que o jornal estava sob proteção da polícia como resultado de ameaças anteriores.

Ele acrescentou que vários ataques terroristas foram frustrados nas últimas semanas.

Fotos por Etienne Rouillon.

A procuradoria de Paris confirmou que o editor do jornal, Stephane Charbonnier, está entre os mortos. Um dos dois policiais mortos tinha sido designado para protegê-lo depois de ameaças, de acordo com a France 24.

Os cartunistas Jean Cabut, Georges Wolinski e Bernard Verlhac, e o escritor Bernard Maris, também foram mortos.

Clockwise: #CharlieHebdo publisher Charb, cartoonists Jean Cabut aka Cabu, Tignous, and Georges Wolinski. pic.twitter.com/HoTnXpA5QO
— David Sim (@davidsim) 7 janeiro 2015

Em sentido horário: o editor da #CharlieHebdo Charb, os cartunistas Jean Cabut, AKA Cabu, Tignous e Georges Wolinski.

– David Sim (@davidsim), 7 de janeiro de 2015

The murders in Paris are sickening. We stand with the French people in the fight against terror and defending the freedom of the press.
— David Cameron (@David_Cameron) 7 janeiro 2015

Os assassinatos em Paris são doentios. Estamos com o povo francês na luta contra o terror e na defesa da liberdade de imprensa.

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– David Cameron, primeiro-ministro britânico (@David_Cameron) 7 de janeiro de 2015

Oficiais da segurança confirmaram que o ataque foi realizado por três homens armados. A France 24 citou fontes próximas da investigação dizendo que os homens estavam armados com kalashnikovs e um lança-foguetes.

Os atiradores entraram no prédio obrigando uma das jornalistas, Corine Rey, a abrir a porta.

Ela disse ao semanário francês Humanité: "Eles atiraram em Wolinski, Cabu… durou uns cinco minutos… me escondi embaixo de uma mesa… eles falavam francês perfeitamente… eles disseram que eram da Al-Qaeda".

Uma testemunha, que pediu para não ser identificada, disse à VICE News que chegou à área assim que o tiroteio começou e que, enquanto tentava se proteger, ouviu tiros de armas automáticas por cerca de dez minutos.

A testemunha acrescentou que a polícia chegou rápido à cena e aparentemente trocou tiros com os terroristas. Logo depois do fim do tiroteio, um homem coberto de sangue saiu do prédio, gritando "Corpos e feridos estão ali", ela disse.

Uma mulher de 70 anos, que brincava com as netas num parque próximo, disse à VICE que ouviu o tiroteio e viu civis fugindo da área a pé e de bicicleta.

A área agora está silenciosa e pesadamente guardada por vários policiais fardados e à paisana.

O escritório se localiza a 30 metros de uma escola, e crianças estavam em aula no momento do ataque, mas não há relatos de feridos lá.

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#BREAKING UN chief condemns 'horrendous' Paris attack
— Agence France-Presse (@AFP) 7 janeiro 2015

Chefe da ONU condena "horrendo" ataque em Paris.

– Agence France-Presse (@AFP), 7 de janeiro de 2015

"É dramático, é muito estranho que isso tenha acontecido em Paris. Cheguei aqui há uma hora e estou tão chocado que ainda não consegui me mexer", disse David, 23 anos, um morador cujo caminho para casa foi bloqueado pelo cordão da polícia, à VICE News.

Ele culpou a juventude radicalizada pelo ataque. "Isso acontece por causa da manipulação dos cérebros dos jovens, manipulação dos jovens, especialmente daqueles que estão perdidos de alguma maneira", ele disse, enquanto os amigos concordavam com a cabeça.

A maioria dos moradores da redondeza disseram que a revista deve continuar trabalhando como sempre. "É um jornal satírico. Eles fazem piada com todo mundo, judeus, católicos, chineses", disse Francoise, 63 anos, à VICE News. "A crítica, a sátira é minha cultura. Foi vacinado pela Charlie Hedbo", ele disse, brandindo uma cópia bastante gasta da revista. "Estamos sentidos. Eu não os conhecia pessoalmente, mas estou triste."

Ele acrescentou que a França ainda deve lutar por uma multiculturalismo pacífico. "Viver juntos é o que devemos fazer. Diversidade não é uma falha."

Figuras muçulmanas importantes da Europa condenaram imediatamente as mortes. A União de Organizações Islâmicas na França (UOIF) disse numa declaração:

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" Charlie Hedbo se tornou alvo de um ataque chocante… A UOIF condena, nos termos mais fortes possíveis, esse ataque criminoso e esses horríveis assassinatos."

As a Muslim, killing innocent people in the name of Islam is much, much more offensive to me than any cartoon can ever be. #CharlieHebdo
— Iyad El-Baghdadi (@iyad_elbaghdadi) 7 janeiro 2015

Como muçulmano, a morte de pessoas inocentes em nome do Islã é muito, muito mais ofensiva para mim que qualquer cartum jamais será.

– Iyad El-Baghdadi (@iyad-elbaghdadi) 7 de janeiro de 2015

Uma reunião emergencial aconteceu no palácio presidencial Eliseu para discutir a crise, e o presidente Barack Obama se comprometeu a ajudar a trazer os responsáveis à justiça.

Réunion interministérielle de crise en cours à l'Élysée autour du président @fhollande pic.twitter.com/ioQFkdzzRn
— Élysée (@Elysee) 7 janeiro 2015

Reunião interministerial em curso no Eliseu comandada pelo presidente @fhollande.

– Élysée (@Elysee), 7 de janeiro de 2015

Numa declaração oficial, Obama condenou o "terrível tiroteio", e disse que a França sempre defendeu "valores universais" e "ofereceu ao mundo um exemplo que vai permanecer muito além da visão odiosa desses assassinos".

O secretário de Estado americano John Kerry, falando depois de uma reunião com seu colega polonês em Washington, disse que todos os americanos estão ao lado do povo francês, "não apenas no horror, na raiva e no ultraje a esse ato odioso de violência, mas também em solidariedade e comprometimento com a causa de confrontar o extremismo e na causa que os extremistas tanto temem, e isso sempre uniu nossos países – a liberdade."

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Ele disse que os agressores nunca poderão destruir os valores centrais de liberdade de expressão e liberdade de imprensa, e que as mortes só vão fortalecer a resolução de se levantar na defesa desses valores.

"Os assassinatos de hoje são parte de um confronto muito maior, não entre civilizações, não, mas entre a própria civilização e aqueles que se opõem ao mundo civilizado", disse Kerry, acrescentando, "Os assassinos ousaram proclamar que Charlie Hedbo morreu, mas não se engane, eles estão errados".

Ao anoitecer, milhares de pessoas começaram a se reunir na Place de la Republique em Paris para uma manifestação não oficial de solidariedade à equipe da revista.

#Republique #JeSuisCharlie pic.twitter.com/jCk58kxUKx
— dominique bouissou (@dombouissou) 7 janeiro 2015

#Republique #JeSuisCharlie

– dominique bouissou (@dombouissou), 7 de janeiro de 2015

Os cartazes dizem "Somos Charlie".

Mais a seguir…