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As coisas horríveis que amigos e familiares do estuprador de Stanford disseram em sua defesa

Uma colega colocou a culpa no pensamento politicamente correto, enquanto seu pai lamentou que depois do estrupro ele não gosta mais tanto de bife quanto antigamente.

O estuprador condenado Brock Turner. Foto cortesia do Departamento de Xerife do Condado de Santa Clara.

Quinta-feira passada, o ex-astro do time de natação de Stanford, Brock Turner, recebeu uma sentença de seis meses de prisão por estuprar uma mulher inconsciente atrás de uma lixeira, um crime pelo qual ele foi condenado em março. Durante o final de semana, os testemunhos escrotos de amigos e familiares que pediam uma pena mais branda (e aparentemente conseguiram) começaram a vazar.

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Turner foi descoberto em cima da mulher de hoje 23 anos por dois estudantes da faculdade, que o seguraram e ajudaram as autoridades a garantir uma condenação. O The Cut conseguiu uma cópia da carta da colega de Turner Leslie Rasmussen, que culpa o pensamento politicamente correto dos campi de faculdade pela coisa toda:

"Não acho justo que a base para o destino dos próximos dez anos ou mais da vida dele esteja na decisão de uma garota, que não lembra de nada a não ser o quanto bebeu, para fazer uma queixa contra ele. Não a estou culpando diretamente por isso, porque isso não é certo. Mas onde traçamos a linha e paramos de nos preocupar em ser politicamente corretos a cada segundo do dia, e vemos que estupros nos campi nem sempre são porque as pessoas são estupradores."

Segundo Rasmussen, Turner não é um estuprador porque "isso é completamente diferente de uma mulher sequestrada e estuprada enquanto anda até seu carro num estacionamento".

Rasmussen até incluiu uma foto de Turner sorrindo, para que o juiz Aaron Persky — que encara uma campanha por uma nova sentença mais severa — pudesse ver como o rapaz é doce. Turner "está sempre com esse sorriso enorme e fofo no rosto", disse a colega do condenado.

Como já era de se esperar, o pai de Turner tinha coisas similares a dizer sobre a sentença do filho em sua própria carta, em que ele diz que ser marcado como criminoso sexual é "um preço muito alto a pagar por 20 minutos de ação em 20 anos de vida".

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O pai, Dan A. Turner, também reclama que seu filho não gosta mais tanto de bife quanto antes:

"Cada minuto acordado da vida dele é consumido por preocupação, ansiedade, medo e depressão. Você vê isso no rosto dele, no jeito como ele anda, na sua voz enfraquecida, na sua falta de apetite. Brock sempre gostou muito de certos pratos e é um ótimo cozinheiro. Sempre gostei de comprar e assar um grande bife pra ele… Agora ele mal aprecia qualquer alimento e só come para sobreviver."

Segundo o juiz Persky, "Uma sentença de prisão teria um impacto severo" no rapaz, ele teria dito, acrescentando que "Acho que ele não será um perigo para os outros".

Na audiência de sentença na quinta, a vítima — ou "a garota que não lembra de nada" — leu uma versão de uma carta pesada descrevendo (em detalhes) o impacto que o estupro teve em sua vida. A versão completa da carta tem rodado a internet e a TV americana desde semana passada, o que pode explicar a decisão de Stanford de divulgar uma nova declaração sobre a tragédia na segunda.

"Esse foi um incidente horrível, e entendemos a raiva e os sentimentos profundos que isso gerou", diz a declaração. "Ainda há muito trabalho a ser feito, não apenas aqui, mas em toda parte, para criar uma cultura que não tolera violência sexual de nenhuma forma e um sistema judicial que lida apropriadamente com casos de abuso sexual."

Tradução: Marina Schnoor