Fotos do Encontro Anual de Bruxas em Nova York

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Fotos do Encontro Anual de Bruxas em Nova York

E tudo que você esperaria de um evento pagão muito bem organizado.

Todas as fotos por Farah Al Qasimi. Texto por Callie Beusman.

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A WitchsFest 2015 é, de muitas maneiras, uma típica feira de rua de Nova York. No último final de semana, vendedores montaram suas barraquinhas nas calçadas; pedestres tentavam evitar contato visual com o pessoal que entregava panfletos sobre vários produtos e serviços; e uma menina de tiara corria vertiginosamente pela multidão tentando, como ela explicou para a mãe, fazer photobomb em estranhos. Mas, de outras maneiras, essa não era uma feira comum – as barracas vendiam pó de fada, leitura de cartas de tarô e acessórios sensuais steampunk; os panfletos eram de lojas especializadas em ioga e cristais curativos; e as vítimas do photobomb da minazinha de tiara estavam usando orelhas de elfo.

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A WitchsFest, que é organizada pelo Wiccan Family Temple, é classificada como uma feira/evento de caridade de rua pagão. Este foi o quarto ano da feira, apesar de o terceiro quase não ter acontecido – em 2014, a comunidade local tentou cancelar o evento, dizendo que isso não tinha ligação suficiente com o bairro. Mas o Wiccan Family Temple prevaleceu, como as bruxas costumam fazer, e a festa deste ano aconteceu sem problemas.

A multidão era exatamente o que você esperaria de um público de pagãos educados: Perto da esquina entre Lafayette e Astor Place, uma mulher envolta em gaze rosa dava uma palestra sobre adoração à deusa. Uma esquina à frente, dois membros do Brooklyn-Queens Ecumenical Pagan Fellowship explicavam sua relação com o divino para um rapaz de camisa polo. E, do outro lado da rua, uma mulher de chapéu de bruxa filmava um pequeno coro de cantoras de madrigal usando acessórios mitológicos variados.

Como basicamente toda mulher da Geração Y que não se encaixava no colegial, me identifico muito com bruxas. Elas usam preto, são poderosas e autossuficientes, e achei muito interessante a história de que a lenda sobre voar em vassouras se originou do fato que elas tomavam alucinógenos pela vagina, colocando isso no cabo das vassouras. Gosto especialmente de como as bruxas são ameaçadoras para uma sociedade dominada por homens, uma tradição que muitos dos participantes da WitchsFest continuam honrando.

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"Esse planeta tem sido dominado pelos homens por tempo demais", disse um homem usando turbante, óculos escuros e segurando um cetro ankh. Com sua esposa – a mulher enrolada em gaze rosa acima mencionada – ele comanda a Network for the Realization of the Goddess, um círculo espiritualista diânico devotado a "ajudar mulheres a encontrar e nutrir aquela conexão direta com a fagulha do Divino Feminino que há dentro de nós", através de meditação e discussão guiada. (Ele me deu um panfleto.) "Agora estamos prontos para que as energias se equilibrem novamente, tanto masculinas como femininas", ele acrescentou, me abençoando com o cetro de ankh.

As cantoras de madrigal – um coro de Kalamazoo, Michigan, chamado Bell Book and Canto – tem uma maneira menos espiritual, mas igualmente efetiva, de atingir o equilíbrio entre os gêneros. "Todas as boas músicas sobre beber e putaria foram escritas por homens", lamentou a líder do grupo, Jennifer Jones. "Nós, como mulheres, gostamos de beber e fazer coisas idiotas, e achamos que devemos ter músicas que refletem isso." Portanto, em 2016, o Belle Book and Canto vai lançar um disco chamado Poor Life Choices. Uma das músicas, "I Came to Faire", detalha a história de uma mulher que volta para uma feira da renascença – depois de ter bebido até cair e ficado grávida no ano anterior – para achar o pai da criança. Outra, "Big Little Problem", conta sobre uma criada que "rompe com seu senhor porque ele não é bem-dotado o suficiente", como Jones delicadamente colocou.

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Em outra barraca, falei com duas mulheres que participam de rituais anuais de ménades – um ritual orgiástico para Dionísio, conduzido longe da presença de homens. "Fazemos o ritual de ménades para Ostara, que é no começo do ano pagão", explicou Natalie, que estava usando asas feitas de penas de verdade. "Nessa época do ano, [as mulheres envolvidas no ritual] podiam ir para a floresta e tirar a maior parte de suas roupas. Elas dançavam e tinham transes estáticos, comiam ervas e frutas venenosas, sabe, ficavam bem loucas. Quando tinham fome, elas caçavam algum animal, o despedaçavam e o comiam cru."

"Não fazemos essas coisas", ela acrescentou. "Isso é só no que o ritual se baseia: o conceito de ser capaz de se soltar de todas as ruas responsabilidades e amarras." (Mas, mesmo com a parte de despedaçar animais, o ritual das ménades ainda parece muito com o Coachella – especialmente porque as mulheres envolvidas escolheram usar "tutus rasgados".)

A ideia de praticar sinceramente bruxaria não é algo que muitos levam a sério – wiccas ainda lutam pela aceitação do mainstream de muitas maneiras. Mas fiquei impressionada com como muitas pessoas que entrevistei se mostraram bem preparadas. Quando perguntei a um representante do Brooklyn-Queens Ecumenical Pagan Fellowship se ele realmente acreditava em divindades pagãs, ele respondeu: "Minha relação com meus deuses é muito centrada em Platão e sua ideia do universo como sendo essa coisa incomensurável; na verdade, tudo o que importa é minha relação com isso. Acho que você pode dizer que vejo meus deuses como metáforas psicológicas junguianas".

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Claro, nem todo mundo foi tão direto comigo. Quando perguntei ao sacerdote de turbante do Network for Realization of the Goddess como ele e sua esposa se conheceram, ele respondeu: "Somos almas gêmeas há dez mil anos". Notando meu olhar perplexo, ele começou a rir. "Eu sei que isso não responde a sua pergunta." Ele não quis elaborar isso melhor.

– Callie Beusman

Siga a Farah no Instagram. Callie é a diretora executiva do Broadly; siga-a no Twitter.

Tradução: Marina Schnoor