Os Narcoturistas querem sua ajuda pra viajar
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Drogas

Os Narcoturistas querem sua ajuda pra viajar

Inspirada em programas de viagem da TV a cabo, a série Narcoturistas questiona a proibição das drogas ao redor do globo.

Além de ser colaborador da VICE, editor das revistas Tarja Preta e semSemente, Matias Maxx é um entusiasta do universo canábico e militante pela legalização há mais de 10 anos. Em 2012, durante uma viagem para Amsterdã com o cartunista Daniel Paiva, surgiu a ideia de criar a série mais maconheira do Brasil: Narcoturistas. Os programas de turismo que comumente infestam a TV a cabo serviram de inspiração para o projeto, que mistura ficção fantástica, documentário, e informações reais "quase didáticas".

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A apresentação fica a cargo do Macoñero Mascarado, um mano que usa uma máscara de maconha, é dublado num portunhol bem safado e fuma muitos, muitos "porritos" pelo mundo. Segundo Matias, a ideia de ter um apresentador sem rosto foi um recurso pensado de antemão para poder filmar em qualquer lugar, com qualquer pessoa.

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O primeiro episódio foi gravado na Holanda e o segundo, no México. Hoje de noite, irá ao ar o terceiro, ainda inédito, filmado em Brumadinho, Minas Gerais. Em todos os programas, o Macoñero Mascarado se propõe um desafio específico: a "baldada", ou seja, fumar maconha num rio ou lago utilizando a ajuda de uma garrafa plástica ou algo do tipo. Atualmente, está em produção um episódio no Rio de Janeiro, cidade onde os criadores de Narcoturistas moram. Com direito a todos os clichês. "Carnaval, bunda, tiroteiro, favela, milícia, Bope."

Apesar do espírito divertidão, Matias Maxx conta que o nome da série pega muito mal com gringos, principalmente em países de língua hispânica. "Sobretudo no México, pois 'narco' é uma palavra quase proibida por lá", relata. Os amigos mexicanos curtiram os vídeos, mas criticaram o nome e sugeriram "Drogaturistas" ou "Ganjaturistas". Matias rejeitou todos. "Preferi confrontar a parada", diz.

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Não é só de humor e fumaça que Narcoturistas sobrevive. O objetivo principal do programa é desmistificar o uso da maconha e de outras drogas. "Os proibicionistas costumam pintar o usuário sempre com estereótipos negativos, que vão do criminoso ao irresponsável. Queremos mostrar que as drogas são utilizadas pelo ser humano há muito mais tempo do que são proibidas", explica o fotojornalista, apresentador e canábico Matias. "E os principais problemas, sejam oriundos da violência ou problemas de saúde, vem da proibição, da desinformação."

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Sempre acostumado a trabalhar com baixos orçamentos e até mesmo "orçamento negativo", nosso broder resolveu pedir um help dos espectadores. Para um próximo episódio, que será gravado no Uruguai, a equipe de Narcoturistas fez um financiamento coletivo pedindo R$ 6 mil reais. O projeto acaba nesse domingo (5). "Iremos de qualquer jeito. Se rolar o financiamento, teremos mais estrutura." Quem colaborar com R$ 50 ou mais leva pra casa uns presentinhos.

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O episódio no primeiro país a legalizar a produção e venda de maconha no mundo todo terá entrevistas "mais quentes", diz Matias ­– que recentemente participou de um jantar com o sociólogo Julio Calzadas, ex-secretário nacional de drogas que comandou o processo de legalização no Uruguai.

Para finalizar, o cara mais assumidamente maconheiro do Rio de Janeiro tem a palavra: "Meu apelo para todos os novos fãs que virão com esta matéria é mandar qualquer trocadinho que seja até domingo para ajudar a gente a realizar essa série. Qualquer valor é bem-vindo".

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