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Entretenimento

Fui ao Portugal Fashion em corpse paint

E não meti medo a ninguém.

Eu toda do fashion. Nestes eventos de moda, é habitual encontrares todo o tipo de pessoas, gente vestida das formas mais incomuns. Mas na sexta-feira passada pareceu-me tudo demasiado normal e calmo. Senti-me a única pessoa a fugir ao normal ali — mas pode ter sido só do efeito da tinta. Não sei como é que ninguém não tinha pensado nisto antes. Para a próxima façam como eu. E ainda causei sensação no backstage, atraindo fotógrafos. Aqui estou eu a fazer de emplastro, parte 1. Tentei esticar o cabelo sem marcação. Não deixou de ser meio constrangedor adaptar-me ao ambiente. Desde o stress nos bastidores (afinal quem devia meter medo não era eu?) até conseguir fotos no bar VIP (não fosse eu esbarrar-me contra um e sujar-lhe a roupa). No geral, estava tudo muito amigável. Mas também senti aquela tensão que existe quando as pessoas tentam desviar-se de outras que só querem entregar um panfleto, ou quando alguém tenta passar despercebido em frente às câmaras — sendo que, neste caso, eu era a câmara. Elas fugiam de mim. A pedir um copo de tinto (o mais próximo de sangue que eles tinham). Forever alone \m/. Comecei pelos bastidores, tipo emplastro assustador, mas, no fim, já estava em modo “à procura de amigos”. A verdade é que andavam por lá alguns amigos meus e, por muito que quisesse não ser reconhecida (e foi difícil, acreditem), não foi possível. “Precisas mesmo de te sujeitar a isto, Catarina?” — não era suposto vocês serem meus AMIGOS? Houve reacções desse género e pessoal que achava que eu era só uma fã dos Kiss (lol), que me vestia assim normalmente — mas não, meninos, não sou do black metal, sou apenas uma estagiária. Também ouvi um “ai, que ela está a vir na nossa direcção!”. Calma, gente, é só uma foto. "Levanta um bocadinho o queixo." Aqui estou eu a fazer de emplastro, parte 2. No backstage não sabia por onde começar, nem onde me meter. Havia muitas pessoas e ansiedade para o próximo desfile e eu sou uma boa pessoa, acreditem, não quero estragar o desfile a ninguém. “Tirem fotos à vontade, desde que apanhem a minha colecção, ok?”. Claro, claro. Foi demasiado difícil apertar o cinto das balas para desperdiçar esse esforço, e tempo, para ir à casa de banho. Tive de aguentar até ao fim do último desfile. No backstage do Bloom, ao lado das meninas da Joana Ferreira. As sheilas também podem ser simpáticas. Encontrei um grupo de amigos (não meus) sentados nas escadas da entrada e fui lá juntar-me a eles. Perguntaram-me: “Mas isto é para quê?” E eu respondi: “Para a VICE.” “A sério? Não vão falar mal de nós, pois não?” “Não se preocupem, desde que me ajudem nisto e tirem umas fotos fixes comigo, eu esqueço esta máscara quando começar a escrever.” Da próxima vez vou vestida de ovo Kinder, cheia de surpresas dentro de mim. Fotografia por Eduardo Santos