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Politică

Debate na Globo foi marcado por risos nervosos e críticas à ausência de Bolsonaro

Na melhor discussão entre presidenciáveis pela TV, Ciro bateu feio no ex-capitão, Boulos fez discurso contra ditadura militar e Haddad chegou em seu momento mais confiante.
Foto: Reprodução

A loucura eleitoral de 2018 chegou perto do seu ápice com o debate realizado entre os candidatos presidenciais na noite desta quinta-feira (4), o último antes do primeiro turno. Com a ausência do gritão Cabo Daciolo (Patriotas), coube a Álvaro Dias (Podemos) o papel de bufão da vez. Visivelmente alterado, sabe-se lá por qual substância, o senador paranaense já começou a causar na primeira pergunta – ou melhor, na não-pergunta que deveria fazer a Henrique Meirelles (MDB). Divagando, perdeu o tempo para formular e levou a plateia aos risos. Mais tarde, o candidato tomou pitos do apresentador William Bonner por não se manter parado em seu lugar e do candidato Fernando Haddad (PT), que o acusou de não levar o debate a sério.

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Para além do descontrole de Dias e das trapalhadas de Meirelles — que derrubou o microfone de lapela no chão e foi orientado por Bonner a enfia-lo no bolso do paletó — viu-se um bom nível de discussão. Atacou-se, como esperado, o PT, com Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) apelando ao voto do eleitor contra a polarização, enquanto os candidatos de direita, como Geraldo Alckmin (PSDB), espetavam os escândalos da Lava-Jato e a crise econômica de 2015-2016 da qual ainda sofremos com o rescaldo.

O principal alvo foi Jair Bolsonaro (PSL). Ausente do debate por recomendação médica, o militar da reserva teve uma entrevista exibida na TV Record ao mesmo tempo em que o debate passava na Globo. Marina não mediu as palavras ao dizer que o ex-capitão “amarelou”, enquanto Ciro o acusou de ser mentiroso e lembrou que participou do debate no SBT usando uma sonda após uma cirurgia de emergência. Mais comedido, Meirelles afirmou que o deputado “fugiu ao compromisso com a população”.

Álvaro Dias foi chamado de confuso mais de uma vez. Foto: Reprodução

Outro momento importante foi quando Haddad chamou Guilherme Boulos (PSOL) para falar das ameaças de retiradas de direitos trabalhistas aventada pela chapa de Bolsonaro. O professor universitário e líder do MTST respirou fundo, olhou para a câmera e disparou um discurso emocionado contra a ditadura de 1964 e afirmou que não gostaria que sua filha crescesse em um novo regime militar. A plateia aplaudiu.

Haddad, favorito na disputa do segundo turno com o deputado do PSL, estava bem mais enfático e seguro do que em outros debates. Com o terno na estica e falando direto com a câmera, conseguiu até se desvencilhar de uma Marina combativa que pediu que o ex-prefeito fizesse uma autocrítica sobre as administrações petistas.

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Alckmin, como sempre, foi vítima do seu próprio carisma e pareceu apagado na contenda. Marina não chegou a brilhar como no debate do SBT, mas manteve o pulso firme e não vacilou, enquanto Ciro tentou se cacifar, pela última vez, como opção à polarização entre PT e PSL. O debate da Globo alcançou o dobro da audiência da entrevista de Bolsonaro na Record. Esperamos que isso seja um sinal.

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