O taco de rua segue vivo entre a molecada
Derrubar casinha é um dos objetivos do game. Crédito: Felipe Larozza/ VICE

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O taco de rua segue vivo entre a molecada

Em tempos de games e atrações virtuais, jovens de 8 a 22 anos se reuniram num campeonato de taco alto astral na Zona Norte de São Paulo.

"Comecei só vendo o pessoal jogar. Aí me deu vontade e hoje nós estamos aqui, né?", diz Wendel Duarte Paiva, de 16 anos, em cima do pódio.

Ele acabava de ganhar, ao lado da dupla Cassiana da Costa Isidoro, de 20 anos, o título de campeão adulto do Torneio de Taco de Rua da Zona Norte em São Paulo, realizado semanas atrás no Estádio Mie Nishi, voltado a jogos de beisebol.

Cassiana também estava quase surpresa. Aprendera as regras do jogo uma semana antes das finais e estava ali, sob o sol do meio dia, com a medalha dourada reluzindo no peito. "Eu nunca tinha jogado antes", diz, em tom vitorioso. "Mas cansa muito o braço", completa Wendel, valorizando o esforço.

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Wendel e Cassiana, campeões da categoria adulta. Crédito: Felipe Larozza/ VICE

Bastante popular entre a molecada dos anos 70 aos 90, o taco de rua hoje é menos praticado devido ao FIFA, ao Minecraft, LoL, Overwatch e outras atrações virtuais. Ainda assim, muitos entusiastas das antigas não deixam a tradição esportiva brasileira morrer. "Na minha época era uma brincadeira comum", diz Newton Loiacono, de 57 anos, um dos organizadores do evento. "Na rua em que eu morava a gente usava galho de árvore, madeira de construção… Só dava um jeito de comprar a bolinha", lembra, com nostalgia.

O grande atrativo do esporte é, de fato, a necessidade de poucos recursos. No improviso, um pedaço de pau, uma bolinha e duas garrafas fazem de uma simples viela o terreno perfeito para uma partida de taco. É essa simplicidade que chama atenção de outro jogador de destaque do torneio, Henrique Rasteli de Almeida Rogati Gomes, de 13 anos. Embora também curta os games, ele afirma que prefere "mil vezes jogar taco do que ficar no celular".

Tensão na final. Crédito: Felipe Larozza/ VICE

"A gente pega vassoura às vezes para usar de taco", conta. "Mas esse taco é bem melhor", complementa, encenando a jogada que lhe renderia, ao lado de Marcela Serrado Pedrosa de Magalhães, de 13 anos, o primeiro lugar na categoria mista até 15 anos. Com bom humor, ela confirma o caráter de improviso do jogo. "Quando quebra um banco no parquinho, a gente pede para pegar um pedaço. A gente compra a bolinha e pega duas garrafas de casa."

Marcela e Henrique também faturaram o ouro. Crédito: Felipe Larozza/ VICE

Marcela e Henrique aprenderam as regras no condomínio onde moram durante disputas locais. E fazem questão de sempre compartilhar o prêmio com os vizinhos: uma garrafa de Tubaína.