Giovanni Vianna, ouro no X Games, é a maior promessa da nova geração do street skate
Captura de tela da transmissão do X Games Minneapolis.

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Giovanni Vianna, ouro no X Games, é a maior promessa da nova geração do street skate

O menino ruivo de 17 anos saiu de Santo André para surpreender o mundo com um skate de base perfeita e um jeitão simples de ser.

Precisão, agressividade e ritmo. Essas são as três características primordiais que fizeram o jovem skatista Giovanni Vianna atrair a atenção dos caras do The Berrics – a participação dele na série Bangin! é uma das mais bonitas dos últimos tempos –, de marcas como Volcom, Vans, Maze e, mais recentemente, da alta patente dos X Games. O menino ruivo de 17 anos, local de Santo André, chegou na encolha para sua estreia na etapa Next X em Minneapolis, nos EUA, sexta (20) passada, e apavorou na disputa. Quando todos os olhares midiáticos se voltavam para Luizinho, revelação brasileira na categoria park, Giovanni surpreendeu e levou o ouro do street.

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A primeira volta dele foi quase perfeita. Embora tenha caído no finzinho, garantiu o segundo lugar na disputa. Na segunda volta, não deu brecha, partiu na segurança e fechou a segunda apresentação com um insano halfcab smith indefectível que nenhum outro atleta foi capaz de superar. Quem acompanha o esporte de perto já viu essa história antes. Foi assim com Luan Oliveira e Kelvin Hoefler, hoje escolados no rolê competitivo de alto desempenho internacional. Giovanni Vianna surge na mesma pegada evolutiva, e tem tudo para se tornar o próximo grande nome dos X Games na categoria.

Neste sábado, 28, a partir das 15h, Giovanni participará da City Copa - Das Days, evento da Adidas Skateboarding que rola no Largo da Batata, em São Paulo. Haverá sessão de skate com competições e demo do time da marca. Boa chance de sacar de perto a performance dele e outros feras da atualidade. Clique aqui para conhecer a programação completa.

Direto do aeroporto, ele atendeu a VICE para falar deste grande momento e outras fitas.

Pega a ideia:

VICE: E aí mano, como é a sensação de estrear no X Games com um ouro na mala?
Giovanni Vianna: É um sentimento único, na real, porque todo mundo tinha chance de ganhar. Mas eu estava muito confiante na linha que montei na cabeça, e consegui acertar ela na última volta ali, tudo perfeitinho. Por isso acho que acabei ganhando. Não fui o único a acertar a linha toda, mas acertei com mais perfeição. Eu estava muito confiante quando dropei…

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O que você sentiu quando recebeu a convocação?
Foi um bagulho inacreditável pra mim, porque, desde pequeno, quando tinha os X Games no Brasil, eu ia com meu pai, minha mãe, assistir. Ficava lá torcendo pros brasileiros. Dessa vez, quando fui chamado, fiquei numa emoção louca, estar ali no meio dos caras, conhecer eles.

Como foi quando você subiu pela primeira vez num skate?
Nem lembro do momento exato, porque o skate está na minha vida desde sempre. Meu pai diz que comecei a brincar com o skate aos dois anos de idade. Não me recordo muito bem, mas meus pais me contam umas histórias de que eu sempre fui apaixonado por esportes radicais, futebol… E meu pai sempre gostou de me levar nas pistas, andar. Isso foi rolando até que um dia ele percebeu que eu poderia ter um futuro profissional. Nisso, ele foi me apoiando, me levava pra todos os campeonatos pra participar, e aí aconteceu que evolui como esportista, e ele ainda fica do meu lado. Tamo aí nessa corrida.

Quando você percebeu que já havia alcançado um nível profissional?
Entre 2010 e 12 foi que eu percebi que dava pra ser profissional, acho que porque comecei a ganhar um pouco mais de força. Nessa época fiquei ainda mais apaixonado pelo skate e passei a mudar meu estilo no skate, meu jeito de vestir, o modo de pensar, conheci pessoas novas que mudaram minha cabeça. Comecei a descobrir outros lados do skate que não conhecia. Nisso, me lancei nas filmagens, passei a andar mais na rua, conhecer os caras. É uma paixão que acho que nunca vai sumir. Não consigo nem explicar, é um bagulho único. Esse amor que eu sinto pela filmagem de skate, por andar na rua com os amigos, ver o vídeo pronto.

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Onde você costuma andar?
Comecei a andar na Plasma, no Centro de São Paulo, era uma pista coberta. Sou de Santo André, aí, quando fechou a Plasma, perto de casa tem uma pista chamada Ana Brandão. Sempre ando lá, foi ali que evoluí e conheci os moleques. Até hoje tenho uma amizade muito forte com eles, na real eles são a minha crew, meus amigos mesmo de infância. A gente até faz uns videozinhos junto no Insta, o canal chama Clapper Board Vids.

"Não me importo muito em ganhar, só em competir e fazer parte da galera, conhecer as pessoas."

Fale sobre as metas que você busca e as que já conquistou.
Uma das metas conquistadas foi entrar no X Games. Não era nem ganhar, é mais estar ali no meio dos caras. Não me importo muito em ganhar, só em competir e fazer parte da galera, conhecer as pessoas. Um dos feitos que mais gosto é ter lançado a minha vídeo part do Gingerzillian. A première teve duas sessões cheias. Foi na época em que estava ficando conhecido, e achei muito incrível que as pessoas foram assistir e gostaram. O Bangin!, do The Berrics foi outra conquista minha, estar ali dentro, em meio às pessoas. O que eu mais gosto é isso: andar de skate, me divertir e conhecer as pessoas que fizeram alguma história no skate. O meu sonho, na real, é acrescentar algo na história do skate também.

A sua família continua lhe acompanhando, agora na fase profissional?
Minha família sempre me apoiou, meu pai, principalmente, minha mãe e minha irmã. Meu pai está até hoje comigo nos campeonatos, ele inclusive veio pros X Games. Ele estava assistindo na arquibancada lá, sei lá, ele me dá uma confiança a mais no que eu faço. É um carinho ali que ele tem por esse estilo de vida, essas paradas de esportes radicais, tipo motocross, mega rampa. Ele curte, por isso que é legal, bate a sintonia.

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Tem outros vídeos nos quais você se orgulha de ter aparecido?
Outros vídeos daora que participei foram o Welcome to The Team, da Vans, o My City, da Volcom também, mostrando os picos onde ando na minha cidade. E tem um videozinho que fiz com a minha galera, a première rolou mais entre os amigos mesmo, mas foi bem legal, que foi uma das minhas primeiras video parts.

Deve ser bem louco você assistir hoje em dia as primeiras filmagens e notar a própria evolução, né?
Eu evoluí em tudo, até no jeito de colocar a meia, até o lance dos óculos, que eu usava antes, e agora uso lente. O modo de se vestir, tudo mudou… Como eu remo, o jeito de posicionar as mãos e os braços na hora de mandar as manobras…

De quais manobras registradas você mais se orgulha?
No Gingerzilian tem duas manobras. Ou melhor, três. Uma, foi numa viagem a Brasília, que eu mandei num banco da cidade, onde tem um corrimão, um half cab de front. Essa manobra, eu tinha ido pra lá só pra mandar ela. Outras duas foram: no corrimão do Ibirapuera, de kink, ali foi uma luta de umas três horas pra conseguir ir até o final; e, num corrimão que fica no Centro de São Paulo, onde tem 21 degraus, eu fecho a minha parte dando um board front. Fui cinco dias lá, e só no último consegui acertar. Por isso que é louco o skate da rua. Sei lá, skatista é louco, fica tentando até conseguir acertar nem que seja só uma vez. Essa persistência ajuda em tudo na vida, a virar gente, se ligar em algumas coisas, se cuidar.

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Cita aí outros skatistas que lhe inspiram.
Curto muito ver vários caras andando. Tipo o Daan Van Der Linden, que era da Vans e foi pra Nike, anda pra Volcom também, Anti-Hero. E também gosto muito de ver o Ishod Wair. Sei lá, são skatistas fluentes, é bonito de ver, um bagulho natural, que brilha neles, mostra que eles nasceram pra fazer aquilo.

Você anda sistematicamente todos os dias?
Na real, não sou muito chegado a treinar, treinar. Gosto de ir pra pista com objetivo de aprender alguma manobra nova. Ou me divertir com os amigos e gravar esse videozinhos que a gente faz no celular. A gente vai nuns lugares perto de casa, uns piquinhos que tem na rua… Não sou muito chegado a ficar focado em campeonato porque isso atrapalha o meu psicológico, fico mais nervoso, prefiro que seja natural e não forçado.

Sem treinar, como você constrói as linhas nos campeonatos?
Na hora você faz meio que uns carvings na pista, vai montando naturalmente, como uma jam mesmo. Tipo, você vai deslizando e sente que o bagulho vai sair, você fica confiante. Às vezes faço isso, vejo a pista antes, ando um pouco nela. Porque é bem diferente você ver o desenho da pista e andar nela. Você imagina uma manobra pela foto, mas quando chega na pista vê que é bem mais difícil de mandar.

O que você achou da pista do X Games?
Essa pista do X Games, por exemplo, eu achei um pouco lenta. É que não costumo montar linhas usando muito os quarters, sabe? E essa pista, na hora que você cai nela, ela não te joga pra cima no quarter, é um pouco mais apertadinha. Mas, mesmo assim, a construção é perfeita.

O que você curte fazer quando não está andando de skate?
O que gosto mesmo, além de andar de skate, é ficar com a minha família e amigos. Jogando um videogame, sei lá, zoando. É só isso mesmo. A gente fica até altas horas jogando videogame.

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