O que sua personalidade diz a respeito da sua vida sexual?
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Saúde

O que sua personalidade diz a respeito da sua vida sexual?

Pessoas extrovertidas tendem a transar mais do que todo mundo.

Com que frequência você transa? Quão satisfeito sexualmente você está? Você já traiu? Pelo jeito cientistas podem muito bem prever suas respostas a estas e muitas outras perguntas sobre sua vida sexual com base em um inventário de personalidades. Mais especificamente, uma boa quantidade de pesquisas sugerem que nossas vidas sexuais são modeladas com base em cinco dimensões básicas de personalidade conhecidas como as Cinco Grandes características.

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Dentre estas características temos a abertura a novas experiências, conscienciosidade, extroversão, agradabilidade e neuroticismo. Abaixo, explicarei o que cada um destes significa, bem como sua relação com comportamentos, atitudes e saúde sexuais com base nos resultados da meta-análise publicada no Psychological Bulletin que resume décadas de pesquisa no setor.

Abertura a novas experiências

Pessoas abertas a coisas novas demonstram uma curiosidade intelectual e disposição em experimentar novidades. Elas também tendem a ter interesses mais voltados às artes e uma imaginação ativa.

Levando em conta a tendência deste pessoal aos devaneios, não é de surpreender que quem registre índices maiores nesse sentido relate ter mais fantasias sexuais (e como descobri ao fazer a minha própria pesquisa, estas pessoas tem fantasias com quase tudo). Talvez um sinal da maior vontade de experimentação, estes indivíduos relatam ter atitudes sexuais mais liberais e estão mais dispostos a reconhecerem a atração pelo mesmo sexo (ou seja, tem maior probabilidade de se identificarem como gays ou bissexuais).

A disposição em experimentar o novo provavelmente ajuda a explicar porque são pessoas mais satisfeitas do ponto de vista sexual, com menor probabilidade de desenvolver qualquer disfunção do gênero.

Conscienciosidade

Pessoas conscienciosas tendem a ser muito disciplinadas e detalhistas. Elas preferem que tudo seja planejado previamente em vez de deixar tudo rolar de maneira espontânea, demonstrando atitudes mais convencionais e tradicionais em linhas gerais.

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Levando em conta que estes indivíduos tendem a ser conformistas, faz sentido que relatem comportamento sexual mais conservador. Junte isso a altos índices de autodisciplina e fica claro porque estas pessoas tem menor probabilidade de cometerem uma traição, por exemplo.

Um dado interessante é que pessoas com estas características relatam maior satisfação sexual e possuem tendências menores ao desenvolvimento de problemas de ordem sexual, talvez porque sua atenção aos detalhes adentra a alcova de maneiras que melhoram o sexo. É possível que estes indivíduos se liguem em detalhes como criar um clima, acender umas velas e por aí vai.

Extroversão

Pessoas extrovertidas são muito sociáveis: elas gostam de interagir com o mundo ao seu redor.

Tendo isso mente, não é de surpreender que os extrovertidos tenham uma vida sexual mais ativa. Não só eles relatam maior desejo sexual (e fantasias sexuais mais frequentes) como praticam o ato com maior frequência, o que significa na maior prática de sexo casual. Extrovertidos também demonstram-se como satisfeitos sexualmente e com menores índices de disfunções ou problemas sexuais.

Há ainda uma associação (não tão grande) entre extroversão e infidelidade, no sentido de que estes estão mais propensos à infidelidade, o que faz sentido considerando que estes interagem com outras pessoas em maior grau, encontrando assim mais oportunidades de trair do que os introvertidos.

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Agradabilidade

Pessoas agradáveis são aquelas que se preocupam muito com os outros, muitas vezes se apresentando como indivíduos gentis que querem mesmo que os outros se sintam bem. Como é de se esperar, tais indivíduos tem menor inclinação a agirem de forma sexualmente agressiva e têm índices menores de infidelidade, visto que se importam com os sentimentos dos outros, afinal.

Estas pessoas também parecem menos interessadas em sexo – relatando menos desejo, sexo menos frequente e menos sexo casual. O fato de não serem tão ativos explica, ao menos parte, porque o grupo tem menos DSTs (mas isso também pode ocorrer porque é provável que estes indivíduos tenham mais cuidado na hora de se relacionar).

Apesar de fazerem menos sexo, este grupo apresenta índices maiores de satisfação. Suspeito que isso ocorra por conta da atenção e cuidado empregado ao atender as necessidades de seu parceiros, fechando uma conta em que todo mundo sai ganhando.

Neuroticismo

Por fim, indivíduos neuróticos tendem a ser emocionalmente instáveis. Eles não lidam bem com situações de estresse e a menor das perturbações pode estragar seu humor.

Como é de se imaginar, o fato de não lidarem bem com estresse e o humor piorar com facilidade não é a melhor das equações para uma vida sexual saudável e feliz. Neuróticos não só relatam menores índices de satisfação sexual como também maiores dificuldades com o ato – algo que suspeito resultar de sua dificuldade em relaxar e entrar no clima.

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Um fato interessante é que neuróticos apresentam índices maiores de DSTs e não está lá muito claro o porquê disso. Será que neuróticos fazem exames com mais frequência? Ou se metem em práticas mais arriscadas? É necessário pesquisarmos mais para saber.

Por que esta pesquisa é importante?

O que tal pesquisa nos revela é que nossos comportamentos, atitude e saúde sexual no geral, ao menos em parte, atuam com base nestas Cinco Grandes características pessoais. Porém, não podemos esquecer que observar os padrões comportamentais gerais de um indivíduo pode informar muito mais do que certas características isoladas. Por exemplo, não é porque você é introvertido que está insatisfeito com sua vida sexual – ainda mais se for um introvertido agradável e aberto a novas experiências.

Dito isso tudo, quanto mais compreendemos como e por que diferentes pessoas lidam com sexo de diferentes maneiras, mais habilitados estaremos para desenvolvermos intervenções de forma a melhorar a saúde sexual de todos. Se os resultados apresentados nesta pesquisa valem de algo, fica a lição de que diferentes abordagens podem ser necessárias para diferentes pessoas a depender de suas personalidades.

Justin Lehmiller é pesquisador do Instituto Kinsey e escreve no blog Sex and Psychology. Seu mais recente livro se chama Tell Me What You Want: The Science of Sexual Desire and How It Can Help You Improve Your Sex Life. Você pode segui-lo no Twitter @JustinLehmiller.

Artigo originalmente publicado na VICE US.

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