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Sexo

Homens, parem de falar sobre 'Rick and Morty' nos dates por favor

Nada contra a série, juro, mas ser um fã não quer dizer que você “saca” o bagulho e quem não curte não saca.
Madalena Maltez
Traduzido por Madalena Maltez
MS
Traduzido por Marina Schnoor

Matéria originalmente publicada na VICE US.

Semana passada, o Adult Swim anunciou que encomendou 70 novos episódios do desenho cult Rick and Morty.

PUTA QUE PARIU!

Não tenho nada contra a série. Já assisti alguns minutos e posso dizer que não é pra mim. E tudo bem. O que me incomoda é que os homens levam o fandom de Rick and Morty a níveis insuportáveis — especificamente quando eu saio com eles. (E sim, para esclarecer, é um problema de homem. Saio com mulheres também, e inacreditavelmente, nenhuma delas nunca me perguntou se assisto Rick and Morty, ou achou que eu era idiota por não assistir Rick and Morty, mesmo sendo fãs.)

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E agora, com mais 70 episódios, parece que essa encheção de saco não vai parar tão cedo.

A pentelhice de (alguns) fãs de Rick and Morty é bem documentada. Eles deram piti porque o McDonald's não tinha o suficiente daquele bendito molho. Eles expuseram e assediaram as roteiristas mulheres da série que eles tanto amam, bicho. Até certo ponto, entendo eles. Sei como é amar um fenômeno da cultura pop que outros zoam: Fui obcecada pelo One Direction por quatro anos. Comprei um Niall Horan de papelão e gastei uma puta grana para ver os shows da turnê. Eu fui pro inferno do One Direction e voltei, OK? (Mas “What Makes You Beautiful” ainda é um puta som.)

Mas ser um fã não quer dizer que você “saca” do bagulho e quem não curte não saca. Eu não tinha a ilusão de que quem não era fã do 1D não “sacava” a música profunda dos caras.

E ainda assim, alguns homens não veem o fandom de Rick and Morty desse jeito. Já me disseram que eu “precisava assistir a série”, mesmo eu dizendo que não estava interessada. Caras já me disseram “Você não entendeu”. Homens já questionaram minha inteligência. Nenhum cara simplesmente seguiu com a conversa depois que minha cara virou o equivalente ao emoji 😒 quando ele mencionou o desenho.

Por alguma razão, Rick and Morty atrai pseudointelectuais que acreditam que a série é tão profunda, tão inteligente, que o espectador médio não consegue sacar totalmente o conceito. A suposta sofisticação da série claramente atrai um subconjunto da população louca para usar aquelas optativas de filosofia que fez na faculdade. Parece que há uma correlação entre o tipo de cara que gosta da série e aquele que curte fazer um mansplainning no geral.

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Enquanto o desejo de explicar e parecer superior aos outros — como as mulheres com quem você sai — seja algo bem escroto, simpatizo com o desejo muito humano de encontrar alguém que compartilha seus interesses. Descobrir que um date gosta do mesmo programa de nicho que você é uma sensação maravilhosa. Mas você tem que deixar isso acontecer organicamente. Só porque uma mulher que ama Rick and Morty se encaixaria na sua fantasia da manic pixie dream girl, não significa que você pode invocar essa moça para a existência.

“É muito bom, meu!” “Caralho, Rick and Morty é brilhante.” “Você quer assistir um episódio agora?”

Na moral, eu não dou a mínima pra esses papos. O que me importa é que você está tentando me obrigar a curtir esse tipo de humor hétero. E te garanto que as minas que você entendia falando sobre “wub a lub” ou sei lá o quê estão pouco se fodendo também, e não têm o menor interesse em assistir a série. E sabe por quê? Por causa de pessoas que podem não ser você, a série é associada a machismo, molho szechuan e ficar se achando porque assiste um desenho animado. É difícil superar isso.

Se a coisa mais legal sobre a qual você consegue conversar num primeiro encontro é sobre os 70 novos episódios de Rick and Morty, talvez seja hora de reexaminar algumas coisas. Wubba lubba dub dub meu cu.

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