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Música

Miley Cyrus e Kathleen Hanna Não São Tão Diferentes Assim

Hanna escreveu uma música chamada "I Like Fucking" e Cyrus reinventou toda sua carreira baseada nessa informação. É plausível que as duas trabalhem bem juntas.
Emma Garland
London, GB

Em um dia comum, a internet consiste em sua maioria de exploitation felina e fotos de piroca, mas de vez em quando ela se redime ao servir de plataforma para alguns dos encontros mais improváveis porém belos do mundo: Katy Perry convidando Lil B pra uma festa de formatura imaginária, Kanye dirigindo por aí e fazendo um live tweeting de toda e qualquer péssima escolha fashion avistada na rua, e, mais recentemente, Kathleen Hanna vendendo a ideia de um disco para Miley Cyrus.

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Recentemente, Cyrus postou duas infames imagens de Sua Majestade Riot em seu Instagram: uma ela em que tem a palavra “SLUT” [VADIA] escrita na barriga e outra em que ela está tocando com uma blusa brilhante e calcinha, com pelos pubianos à mostra. Notando algumas similaridades inegáveis em suas carreiras, Cyrus legendou as fotos com “isso aí, porra” e “a mais foda”. Uns dias depois, Hanna tuítou para Miley: “então minha querida, você postou fotos minhas… tenho uma ideia para um disco que só você é ousada o suficiente para levar adiante” – o que foi bem casual se você parar pra pensar que essa frase dividirá o público do Bikini Kill tão rápido quanto um par de pernas se abriria para o Sean Connery nos anos 1960.

Mas quando você para pra pensar, não tem tanta diferença assim entre Miley Cyrus e Kathleen Hanna. Ambas são figuras feministas controversas com tendência para fazer shows de calcinha. Ambas não demonstram qualquer remorso ao lidar com críticas duras. A última escreveu uma música chamada “I Like Fucking” (Eu gosto de foder), a primeira reinventou sua carreira baseada quase que totalmente nesta afirmação. Faz sentido demais que acabem trabalhando juntas. Hanna já se mostrou a favor do feminismo de Cyrus em entrevistas: “Se ela diz que é feminista, quem sou eu para impedi-la? Não sou da patrulha feminista. Não sou eu quem determino isso. Fico feliz que jovens estejam adotando esse termo, seja lá o que for que… signifique pra elas. Talvez pra ela seja algo sobre sexualidade livre e liberdade de expressão”.

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Cyrus ainda não respondeu à proposta (ao menos não em público), mas jornalistas e blogs de música parecem quase que unânimes a favor de que a colaboração se torne na realidade, até mesmo as meninas do Jezebel, que de forma nada condescendente torcem para que a experiência possa ajudar Cyrus “a aprender muito”. Mas este é o tipo de colaboração que será completamente genial ou um samba do crioulo doido. Lembra quando David Lynch e Karen O fizeram aquelas canções incríveis que sobreviveram ao teste do tempo? É, nem eu. Então a questão é, como soaria de fato um disco de Kathleen Hanna e Miley Cyrus (que NUNCA deve ser intitulado Kathleen Hanna Montana)?

Seguem abaixo diversas possibilidades que previ enquanto devaneava sobre o dia em que poderei ver Miley e Kathleen em cima do mesmo palco.

Puro Feminismo Pop
Combinando a inteligência política de Hanna com a atitude descompromissada de Cyrus com relação à sua vagina, as duas entram em estúdio e fazem um monte de pedradas passáveis na MTV com títulos como “Dressed 2 Kill” e “Husbanned” e “Twerking Full Time But Not On a Living Wage” (Vestida P/ Matar, Marido Banido e Fazendo Twerk o Tempo Inteiro Mas Não Por um Salário Mínimo). A capa pode ter Miley chupando um pau de verdade a fins de evitar qualquer metáfora sobre mulheres subjugadas, vestida em um terninho com a parte da bunda cortada, revelando uma tatuagem de bom gosto de Simone de Beauvoir em uma nádega e Kathleen Hanna na outra.

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Um Disco Conceitual Sobre Strip-Tease
Já superamos todos os fatos de que a garota-propaganda do feminismo Kathleen Hanna costumava vender maconha e era stripper de meio-período? Porque caso contrário, ela deveria botar as cartas na mesa e criar toda uma narrativa em que diversas abordagens desse lance de tirar a roupa são exploradas por diversas vozes. De preferência com Miley fazendo qualquer outra coisa que não seja gozar em uma bola de concreto.

Miley Entra Numas de Punk
E se o ano que passou com gestos obscenos e línguas de fora não fosse só parte de uma campanha publicitária para uma-menina-que-acha-que-é-a-Tank-Girl mas sim um treino sutil para aquela que seria a líder da maior revolução punk pós-Thatcher? Já que Johnny Rotten não está com nada agora, o quão perfeito seria que a resposta millenial aos Sex Pistols chegasse na forma de um meme vivo?

Auto-Paródia Agressiva
Poderia esta ser a retaliação musical para todas as agressões e críticas que ambas as figuras receberam ao longo de suas carreiras? Elas validarão cada acusação de racismo e de serem péssimos exemplos para meninas já atiradas em sua direção? Elas imitarão Yoncé ao pegar discursos importantes feministas e colocá-los na voz de Robin Thicke?

Um Disco Bom Pra Caralho De Verdade
Com a experiência e habilidade de compor canções pops fortes de Hanna aliadas à voz incrível de Miley, este poderia ser o disco que estávamos todos esperando sem saber. Pode ser o disco que Lilly Allen tentou gravar antes de afastar praticamente todos seus fãs com exceção de um só grupo demográfico. Pode ser o mesmo disco que muitas rappers já gravaram mas com o benefício comercial adicional de contar com um público sólido que engloba várias gerações. Pode ser o momento em que Kathleen Hanna e Miley Cyrus alteram o rumo da carreira uma da outra apenas ao agirem de forma graciosa e entusiasmada – uma mensagem que estaria no coração de tudo que fizessem juntas. Ou poderia bombar de forma mais agressiva que Cee-Lo Green no banheiro depois de uma noite na Cheesecake Factory, resultando em um longo e doloroso processo de distanciamento criativo.

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