Softwares de reconhecimento facial estão cada vez mais avançados e presentes em nossas vidas – você pode até mesmo destravar seu telefone usando o rosto agora. É de se entender então que, para antecipar possíveis hacks e gambiarras, pesquisadores busquem maneiras de deixar esses sistemas mais seguros. Quer um exemplo? Veja este boné que projeta luz infravermelha e te deixa com a cara do Moby (ou qualquer outra pessoa) para burlar a detecção de rosto.
Pois é: pesquisadores de universidades na China e nos EUA recentemente publicaram um artigo no servidor de pré-impressão arXiv que detalha como tal golpe poderia ser levado adiante.
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A luz infravermelha não é visível a olho nu, mas boa parte das câmeras consegue captá-la. Ao usar pequenos LEDs infravermelhos ligados a um boné, os pesquisadores puderam projetar pontos de luz no rosto de seu usuário de forma não só a esconder sua identidade, mas também para “assumir a identidade de outra pessoa e burlar autenticação facial”.
Este é um objetivo muito mais complicado de se atingir, já que exige o uso de redes neurais profundas para interpretar uma imagem estática do rosto da vítima e então projetá-la sob o rosto do indivíduo mal-intencionado. Para testar a teoria, os pesquisadores pegaram quatro fotos aleatórias e tentaram passar a perna no software, incluindo aí uma foto do Moby:
Seus testes revelaram que é possível enganar uma câmera em 70% das tentativas, contanto que o farsante lembre vagamente a vítima.
“Com base em nossas descobertas e ataques, concluímos que as técnicas de reconhecimento facial de hoje ainda estão longe de serem consideradas seguras e confiáveis quando se aplicam a cenários críticos como autenticação e vigilância”, escreveram. “Pesquisadores devem ficar de olho na ameaça infravermelha.”
Outra pesquisa recente revelou que usar óculos impressos em 3D pode ajudar a ocultar seu rosto o suficiente para impedir o reconhecimento por parte de software. Além disso, outro estudo mostra que adesivos comuns em placas de trânsito podem enganar o software fazendo com que estas sejam vistas como placas de limite de velocidade (ótimo pra quando tivermos carros autônomos).
Este é só um mais exemplo recente, apesar de se tratar de um estudo pequeno que ainda não foi revisado por pares. Ainda assim, há evidências o suficiente para crermos que alguns LEDs infravermelhos nos locais certos poderiam levar a situações um tanto quanto distópicas; se isso do boné não te fez sentir meio estranho, os pesquisadores disseram ainda que os LEDs poderiam ser facilmente “ocultados sob um guarda-chuva e até mesmo sob o cabelo ou uma peruca”.
Se bem que a peruca não colaria se você quisesse se passar pelo Moby, né?
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