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Música

Os anos 80 ligaram e disseram pra você ver o novo clipe do Nenê Altro

Em nova fase de seu projeto solo, o músico e escritor flerta com Plebe Rude e Legião Urbana.

Da esq. pra dir.: JJ Junior (bateria), Nenê Altro (voz), Edu Krummen (guitarra) e Bruno Bento (baixo). Foto: Luringa

“Estilo Baixa Classe” é o primeiro clipe da nova fase do projeto solo do Nenê Altro. É, também, o terceiro single que ele solta do álbum prometido para ganhar as redes ainda este ano. Como tudo no trampo solo do Nenê tem um ar oitentista já desde 2004, aqui a sonoridade ecoa mais uma vez, só que agora bem mais abrangente. Em sua fase anterior, ainda sob o nome de Nenê Altro & O Mal de Caim, as referências vinham do underground pós-punk, de bandas como o Bauhaus e Vzyadoq Moe. “Nós somos a geração dos anos 1980, vivemos a adolescência e juventude naquela década, crescemos respirando aquele ar, logo essa é a nossa escola musical”, o Nenê justifica. Agora, as influências passam a flertar com bandas gringas como The Smiths, Joy Division, The Clash, The Cure, PIL, Stiff Little Fingers, e bandas nacionais, como Legião Urbana, Plebe Rude, Ira!, Titãs e Engenheiros do Hawaii.

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A letra vem de uma poesia musicada que fará parte do quarto livro do Nenê, o qual também chega às prateleiras ainda este ano. Na real todas as letras do álbum são poesias desse próximo livro. A base da canção, por sua vez, estava guardada há anos, e até chegou a ser apresentada por ele ao Dance of Days, mas não se encaixou no perfil da banda. É o mesmo caso da “A Minha Pedra e O Gigante”, que originalmente devia ter entrado no A Valsa de Águas Vivas, em 2004, mas que acabou sendo gravada com o Nenê Altro & O Mal de Caim em 2010. “Eu não jogo fora nada do que crio”, explica o músico e escritor, “antes eu gravava em fitas, hoje, gravo em arquivos de áudio e tudo fica lá esperando o seu momento.”

Acordei o Nenê nesta quinta (9) pela manhã só pra trocar uma ideia rápida sobre o clipe, o presente momento de seu projeto e o que vem pela frente. Curta mais este lançamento exclusivo do Noisey e se liga aí no verbo que ele mandou.

Noisey: Fala um pouco sobre o conceito e o processo, o rolê todo de gravação e produção desse clipe. Vocês captaram as imagens todas num único dia? Quem dirigiu, editou?
Nenê Altro: Cara, gravar com o Luringa foi uma experiência completamente diferente de todos os outros clipes que gravei. Geralmente os clipes são gravados em poucos dias, acho que nos do Dance of Days a maioria foi em um só, mas é diferente quando você tem uma linha direta com a pessoa que está dirigindo. Acaba sendo uma criação mútua, uma nova extensão em parceria da própria obra artística. Sou uma pessoa muito agilizada, então acho que, por isso, nos demos tão bem. Com exceção da vinheta de abertura, que fizemos no Eclectic Tattoo Studio no Tatuapé, foi tudo num fim de noite só, nas ruas do Centro de São Paulo. E ele mostrava os takes, discutia ideias, visualizava o processo já lá na frente. Aí me chamou pra acompanhar a edição, que é algo que gostei mais ainda, e conheci o Soldado, que faz essa parte com ele em vários trabalhos, que também finalizou tudo em poucas horas e, o melhor, com os takes que eu escolhi e da maneira que eu queria. Isso fez com que esse tenha sido, de longe, o clipe que mais gostei de fazer e de ver pronto em toda minha vida.

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Você comentou que o projeto solo é uma extensão do que você já fazia com o "Nenê Altro & o Mal de Caim". Mas o lançamento desse clipe e desse som marcam um novo começo, ou um recomeço?
Sim, meu projeto solo data de 2004, ou seja, já tem 12 anos. Tudo começou a partir da minha parceria com o guitarrista e compositor Edu Krummen. Na época eu estava pirando na cultura goth punk, death rock, e até foi esse o motivo de eu ter procurado por ele, pois eu achava demais os arranjos que ele fazia no Das Projekt Der Krummen Mauern, então criamos o Nenê Altro & O Mal de Caim. A banda teve diversas fases, começou bem góticona, bem obscura, numa praia mais Bauhaus, que foi a que registramos no CD de 2006. Depois, já começou a flertar com o rock dos anos 1980, que foi o que gravamos na demo de 2009/2010, que era pra ser o segundo álbum, mas nunca chegamos a lançar. Agora nessa volta o Edu me propôs da gente se desvincular do lance “banda gótica” e fazer um trabalho mais rock nacional mesmo, e me deu a ideia de recomeçarmos sem o complemento “& Mal de Caim”, pra mostrar que é minha carreira solo, e eu gostei da ideia. Na verdade era algo que eu sempre quis fazer, só que os dogmas do punk nunca me deixaram, não sei por quê. Mas, enfim, foi assim que aconteceu.

Daqui pra frente você pretende focar todos os seus esforços criativos e de promoção em cima do seu trabalho solo e do Dance of Days mesmo? Em termos de estética e de temática, as músicas do trabalho solo não poderiam fazer parte do repertório do próprio Dance?
No momento, sim, e acredito que daqui pra frente esses serão meus dois esforços principais na carreira musical. Não descarto um dia ou outro fazer um projeto de outro tipo de som, principalmente barulhento, seja curto ou longo, porque às vezes acaba saindo e eu gosto de registrar esses impulsos criativos, além do fator diversão, é claro. Mas nada que se torne outra produção principal em minha vida. O Dance of Days como conjunto, apesar da gama de influências diversas que vem de cada membro, e de minha parte e do Verardi sempre levar um pouco do rock 80, não deixa de ser uma banda com o estigma do hardcore, pois nasceu assim e, de certa forma, ainda carrega isso em sua sonoridade. Já meu trabalho solo, principalmente agora que começamos do zero, é algo completamente desvinculado, é só rock nacional, sem conexão com cena ou subcultura alguma, e meu desejo é cada vez mais fazer outro tipo de circuito com ele. Até tocar com bandas de hardcore, sim, não vejo porque negar, mas tocar também com qualquer banda, em qualquer festival, sem se preocupar com nada além da música.

Os planos daqui pra frente são de lançar um álbum completo? Qual é o próximo passo? Ou, próximos?
Sim, queremos lançar um full com doze faixas ainda nesse ano. Temos três músicas gravadas e lançadas como singles, nas quais provavelmente vamos mexer um pouco em estúdio para entrarem no álbum, e vamos gravar mais nove. Vou lançar eu mesmo, com o selo e editora que tenho com minha mulher. Talvez não com o mesmo nome de selo, mas seremos nós dois a mandar pra fábrica e cuidar da distribuição. Aí é cair na estrada e começar a tocar, não vejo a hora! Quero também gravar mais clipes, tenho um projeto bem legal fechado com o Luringa, e, assim que gravar o álbum, meu foco será esse.

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