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A Estreia do Documentário ‘Sabotage – O Maestro do Canão’ em São Paulo Deu Ruim

A porta de vidro que dá acesso ao Auditório do Ibirapuera quebrou diante da multidão e deixou pelo menos seis feridos.

Com mais de 50 mil pessoas confirmadas no evento do Facebook e 800 ingressos disponíveis, já dava pra sacar que a estreia do documentário SabotageO Maestro do Canão, que rolou na sexta-feira (23) no Auditório do Parque do Ibirapuera, não ia ser tão suave. Colamos lá e não deu outra: rolou correria e gente machucada depois que parte do público quebrou a porta de vidro do local ao tentar forçar a entrada.

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De acordo com a assessoria do Auditório do Ibirapuera, menos de 2 mil pessoas tentaram assistir o documentário. Já em matéria do jornal Folha de S. Paulo, havia cerca de 4 mil, segundo relato do Sabotinha, filho de Sabotage. Pelo que observei, chutaria que tinham umas 3 mil pessoas lá.

O número de feridos não é consenso – até mesmo porque teve gente que dispensou assistência médica para não perder a exibição. Segundo a assessoria de imprensa, seis pessoas que ficaram feridas foram prontamente atendidas pela organização do Auditório do Ibirapuera. Já de acordo com o registro feito na unidade da Guarda Civil Metropolitana, que fica dentro do Parque do Ibirapuera, não houve feridos. Até a publicação desta matéria, o caso não foi registrado em nenhuma Delegacia de Polícia.

Consegui entrar em contato com Muriel França, 21 anos, uma das vítimas que se machucou no episódio. “Em certo momento, eu estava bem de frente para a porta e o segurança. Olhei para trás e vi que não dava mais para sair dali, e também não tinha como entrar por mais que eu pedisse por segurança”, ela conta. “Quando o segurança viu que não ia conseguir conter a multidão, ele saiu da frente, ou foi empurrado, não sei. Só que quando ele saiu da minha frente, eu voei. Estava do lado de fora e fui parar lá dentro. Quando cheguei no chão, ele já estava cheio de cacos. Levantei correndo porque achei que poderia ser pisoteada. Antes disso, minha amiga estava lá dentro pedindo pros seguranças abrirem a porta porque ia dar merda. Depois que aconteceu, uma bombeira que estava bem machucada no ombro me ajudou a chegar até a ambulância pelos fundos, onde já tinha uma menina com um corte na perna”.

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Durante a confusão, Muriel caiu em cima dos cacos de vidro. Foto: arquivo pessoal.

Quando Muriel chegou ao hospital, ela foi abandonada pela equipe da ambulância. “A ambulância parou na porta do hospital e saí andando, descalça, para ficar na fila esperando ser atendida. Dentro do hospital tive que me virar, pois o cara da ambulância simplesmente pegou meu nome e telefone e não o vi mais”. Após ser atendida no hospital, Muriel saiu com 12 pontos no joelho e um no rosto.

Muriel levou doze pontos no joelho devido aos estilhaços de vidro.

Nandha Araújo, de 28 anos, também ficou ferida. “Eu olhei o vidro rachando e já pensei: vai estourar. E foi o que aconteceu. Apenas abaixei minha cabeça para não pegar nos olhos. Minha blusinha estava cheia de cacos, fiquei desesperada quando vi aquele monte de vidro em cima de mim. As pessoas começaram a empurrar para entrar, meu celular escapou da minha mão no meio do empurra-empurra e perdi ele”. Ela não tinha percebido que estava sangrando até um rapaz avisá-la. “Quando fui no banheiro e vi que tinha cortado meu rosto e minha mão, fiquei em choque! Não foi fundo, mas o suficiente para sangrar alguns minutos, então limpei o ferimento na enfermaria e fui ver o filme”.

Antes da chuva, a fila era grande, mas organizada.

O negócio começou a azedar lá pelas 20h, quando a galera desfez rapidamente a fila para se proteger da chuva debaixo do toldo em frente à porta de vidro que dava acesso ao interior do Auditório. A multidão tentava se abrigar no hall enquanto os poucos seguranças e bombeiros tentavam conter os ânimos fechando a porta de vidro.

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Em nota, o Auditório do Ibirapuera diz que “infelizmente, não conseguimos conter por completo o princípio de tumulto que se seguiu e que resultou na quebra de parte da porta de vidro da entrada – fazendo com que algumas pessoas que estavam no local (público e funcionários) se machucassem. Abrimos uma segunda sessão para atender aos espectadores”. No dia seguinte, estavam programadas duas sessões, mas quatro foram realizadas com capacidade máxima para dar conta da demanda de público.

O empurra-empurra começou por volta das 20h.

Dirigido por Ivan 13P, a expectativa era grande para assistir o longa repleto de cenas inéditas sobre a trajetória de um dos maiores rappers que o Brasil já teve - o Kickstarter para apoiar financeiramente o projeto é de 2011, e a produção do documentário começou em 2004, então imagina a ansiedade da galera.

O diretor estava dentro da sala de projeção preparando a exibição do Maestro do Canão quando a confusão rolou. “A gente foi convidado pelo Auditório do Ibirapuera para passar o filme no local, então não estávamos como os responsáveis pela organização do evento. Até onde eu sei, a equipe do auditório fez uma contagem do lado de fora e avisou para as pessoas que os ingressos haviam esgotado. Uma minoria da galera que não conseguiu os ingressos não teve discernimento e começou a forçar a barra, mas nós já tinhamos avisado mais de dez dias antes que só cabiam 800 pessoas na estreia”, explicou Ivan. “Eu acho que este foi um pequeno detalhe ruim no meio de mil coisas boas que aconteceram naquela noite e eu não daria muito destaque para isso. Infelizmente, a ansiedade e a vontade de ver o filme foi maior do que a razão. Eu realmente não esperava por isso, o Sabotage sempre pregou uma mensagem de respeito, mas faltou a minoria que causou a confusão assimilar essa mensagem”.