O Que Aprendi Sobre Estilo com "Genie In A Bottle", da Christina Aguilera

Onde você estava quando ouviu "Genie in a Bottle" pela primeira vez? Na escola? No carro dos seus pais? Tocou no rádio enquanto você arrumava a sua coleção de bichinhos de pelúcia? (Sim.) Não importa. O que importa é que, por meio de suas letras, da sua voz e dos seus passos de dança, a Christina Aguilera veio para representar uma geração de gente jovem que queria se afirmar e parecer superdescolado nas reuniões dançantes da escola. E "Genie in a Bottle" com certeza fazia a pista ferver.

Embora as festinhas daquela época até então se resumissem a amores não-correspondidos e/ou platônicos (ver: a discografia dos Backstreet Boys ou o primeiro disco da Britney), Christina ousou se aventurar num terreno muito explorado antes e depois: vamos falar sobre sexo, querido. Ou, mais especificamente, sexo que de fato seja prazeroso para as mulheres.

Discutivelmente, "Genie in a Bottle" era um hino de despertar sexual. Ao dizer ao seu muso que, apesar dos hormônios descontrolados de ambos, ele teria que batalhar para chegar onde queria ("Você tem que me esfregar do jeito certo"), Aguilera estabeleceu as bases para a positividade em relação ao sexo que mais tarde definiria a sua carreira.

Então vamos voltar no tempo. Vamos voltar para 1999, para os meses antes do bug do milênio se tornar um assunto sobre o qual enchíamos nossos pais de perguntas, e antes da rivalidade Britney-Christina parecer real. Vamos lembrar como era aplicar as letras da Christina às nossas próprias vidas, convencidas de que escrever "sou um gênio na garrafa" no campo "sobre mim" do ICQ enviaria uma mensagem muito clara aos nossos pretês. (Eles sabiam o que queríamos dizer.) Vamos mergulhar na glória de passar horas a fio no quarto, tentando acertar a coreografia do clipe que gravamos da MTV.

Mas, é claro, é impossível voltar sem dar uma boa olhada na moda da época. Especialmente porque sabemos, desde os primórdios da moda da virada do milênio (ver: crop tops por toda a parte), que os verdadeiros trendsetters do nosso tempo estão contidos em fragmentos de quatro ou cinco minutos, saídos há quase 15 anos do Disk MTV. Que visão de futuro! É por isso que, hoje, vamos ver tudo que aprendemos com o clipe de "Genie In a Bottle", da Christina Aguilera. Quando você me vir usando jeans capri com salto alto neste verão, vai precisar saber o porquê.

Você está usando um crop top? É claro que está, porque você é incrível, mas você também é uma amadora. Por quê? Só os fracos usam só uma peça desse comprimento. Para ascender às camadas superiores da existência, você tem que ir fundo e usar logo duas peças desse tipo de uma vez só. Um bom exemplo: a Christina Aguilera, que usa um crop top e uma jaqueta curta por cima. Por quê? Porque ela pode, porra. (Além disso, alinhar comprimentos é muito básico. Uma lição essencial.) Alguém está questionando isso agora? Alguém quer mesmo combinar um jaqueta jeans comum com um tesouro desse comprimento, com franjas? Espero que não. Porque isso é puro 1999, e pedimos mais disso há algumas estações. Até o talentoso estilista Tracey Reese está ficando esperto.

Mas isto me leva ao nosso próximo ponto: como ousamos considerar usar qualquer coisa que não tenha franjas? Enquanto contempla a vida e/ou o futuro do relacionamento dela, a Christina se escora casualmente numa porta, parecendo confiante na sua escolha de adicionar um pouco mais de impacto a uma peça que já é interessante por si só. Então te proponho uma charada: o que ela está pensando? "Devia ter colocado mais franjas? As pessoas estão notando as franjas? Vou ajudar a inspirar e manter uma estética inspirada nos anos 2000, que vai estourar daqui uns 15 anos?" É claro que ela está pensando isso. Ela está pensando em todas essas coisas porque, se eu aprendi alguma coisa sobre estilo com a obra-prima que é "Genie In a Bottle", é que quando você usa uma peça ousada, você pensa muito nela ao longo do dia. O que explica por que destruí muitas camisetas brancas estampadas, rolando na grama e tentando parecer descolada.

Além disso, aprendi que, se o seu crop top não é de camurça com franjas, ele não presta. Sério, o top dela parece saído de um desfile da Roberta Ferretti. Uma dica: ouvir repetidamente "Cowboy", do Kid Rock. (Só para que vocês saibam, eu era muito boa com moda quando era adolescente, mas meio confusa, musicalmente falando.)

Porque, vou ser sincera: usar suas camisetas curtas e amarradas vai desviar a atenção das manchas de areia pelas quais esse clipe é totalmente responsável. Além disso, a menos que você esteja cantando no seu próprio clipe, sempre vai parecer esquisita se estiver suja. Desculpe. (Mas, por favor, acredite em mim.)

A calça curta da Christina, que parece saída de 1976, combina com o crop top dela — dê um gole a cada vez que eu disser "curta" ou "crop" — e fica ainda melhor com essas sandálias de salto grosso. Você sabe o que isso quer dizer? Que jeans capri são adequados para qualquer ocasião, então engulam essa, pai e mãe, que me fizeram trocar de roupa para jantar com a família em 1999! Considerando que os sapatos aqui têm um salto bem pesado, você pode usá-los impunemente com a mais controversa das roupas.

Menos este chapéu. Ainda não consigo acreditar que as pessoas estejam voluntariamente voltando a usar isso. Por quê?

Em 1999, alguém viu esta camisa (nota: outro crop top) e pensou: miçangas! Depois disso, todo mundo entrou na onda, porque miçangas se mexendo dão uma incrementada nos passos de dança. Sou testemunha disso: ensaiei como louca esta coreografia para fazer bonito nas reuniões dançantes da escola e o meu pretê continuou não dando a mínima pra mim, e isso só porque eu não tinha miçangas para encantá-lo/distraí-lo. É por isso que começamos a nos vestir como melindrosas em 2013. E eu sei que isso não é bem verdade, mas é uma verdade em que eu escolho acreditar.

Hillary Clinton entende de usar um pouco de cor e a Christina também. Há muito a ser dito sobre a roupa dela aqui, mas só me deixe dizer o que já estamos pensando: ela é incrível. Mas sabe qual é a verdadeira vencedora dessa combinação? A calça dela. A calça cargo laranja dela — com um dragão bordado numa perna, gente — que discutivelmente não combina com uma camisa branca, curta e cravejada de miçangas.

Mas fodam-se as suas regras, porque é 1999 — e como na primavera-verão 2015 — o laranja e as cores fortes imperavam, ou, nas palavras da Taylor Swift, as roupas "gritavam cores", tornando comprar qualquer coisa neutra uma tarefa quase impossível. E para isso eu digo: sim. Não tenha medo de cores. Abrace a ideia de ser colorida. E, nos dias que você só quer tocar a vida envolta em uma quantidade de tecido que podia cobrir duas de você, mande as regras para o inferno e use as suas calças cargo com orgulho. Porque, se a Christina Aguilera pode fazer isso, você também pode.

Afinal de contas, somos todas um monte de gênios presos em garrafas. [ENCARA A

CÂMERA DRAMATICAMENTE, ROLANDO NA AREIA.]

Anne T. Donahue gostaria de ser esfregada do jeito certo. Quem não quer? Ela está no Twitter.

Tradução: Fernanda Botta