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Música

Como Não Fazer Merda Escolhendo "a Nossa Música" em um Novo Relacionamento

Apesar de todas as provas do contrário, "a nossa música" não precisa fazer par com filhotinhos de cachorro e enxovais de casamento.
Emma Garland
London, GB

Foto por Tom Johnson

Se você nunca passou pela seguinte experiência, no mínimo já a viu em algum filme arranca-lágrimas mal conceituado no Rotten Tomatoes estrelando Anne Hathaway ou Channing Tatum: "essa é a nossa música", suspira alguém, lançando um olhar apaixonado para mozão e despejando emoções pelos olhos de um tal jeito que dá até um ruim no seu estômago.

Mas não tem que ser assim. A "nossa música" pode ser #massa, #sexy, #engraçada e muitas outras coisas que não geram ânsia de vômito. O conceito só precisa ser retrabalhado.

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É claro que todo mundo é diferente. Tem os que nesse mundo acreditam sinceramente que "Grenade", do Bruno Mars, é a música mais comovente já feita, e tudo bem – desejo pra eles muitos anos felizes, cheios de cartões de aniversário de casamento da Moonpig e discussões tensas em estacionamentos da Ikea.

Para os que gostam de romance com realismo, no entanto, as possibilidades de escolha de música são mais diversificadas. Aqui vão algumas diretrizes rudimentares para ajudar você a selecionar uma música mais viável para o seu relacionamento, que realmente reflita a natureza ridícula, pirracenta e melosa do seu amor.

Pode: Escolher Alguma Que Caia Bem Como Trilha Sonora Para o Sexo

Além de fingir que vocês têm grana para jantar em restaurantes chiques e rir tanto que até define a barriguinha, poder fazer sexo regularmente é a melhor coisa de se estar num relacionamento. A maioria das pessoas define "a nossa música" como algo que as faz lembrar de um instante compartilhado, e que não precisa estar restrito aos tons nauseantes de qualquer coisa que tenha tocado no café durante o primeiro encontro; pode ser qualquer música que tocava no Soundcloud durante o primeiro orgasmo de fazer as coxas tremer que vocês tiveram.

Relacionamentos importantes não se resumem a esquentar os pés da outra pessoa no inverno e aceitar o fardo de comparecer a reuniões de família – também incluem mandar o teu parceiro numa viagem de emoções intangíveis; costuma ter início em uma expressão facial extasiada, manchas felizes de suor, e alguns dias doloridos depois.

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A música de sexo tem suas próprias regras, mas seja lá qual for a sua praia musical, ela existe para turbinar uma certa experiência sensorial. Comemorar algum feito sexy é a melhor desculpa para ter uma "música", então não tenha medo de eleger "Aquemini" o seu hino de casal só porque ela te faz lembrar de suor e óleo de bebê.

Não Pode: Escolher uma Música #DaModa

Foto de Jamie Lee Curtis Taete

Já que a Geração Snapchat tem dificuldades em se ater a um coloquialismo por mais que duas horas, investir em uma música para um período prolongado de tempo é uma tarefa descomunal, e parabéns a você por ainda não ter desistido. Mas lembre-se: essa é uma música que você deve querer ouvir pelo resto da vida, ou pelo menos até vocês irem para a faculdade /cansarem de ficar encarando as retinas um do outro, então é preciso cautela extrema ao fazer a escolha. É importante separar as músicas que você realmente gosta das que só continuarão relevantes durante alguns tweets, antes que comecem a sumir até restar apenas uma mancha indistinta e duvidosa nas calças da cultura.

Uma boa regra prática é fazer uma pesquisa na História e escolher algo que seja capaz de sobreviver ao teste do tempo. Faixas famosas antigas são OK – “Hit Me With Your Best Shot” dispara uma alegria cheia de confetes para dentro de qualquer relacionamento, em qualquer época; "Heaven", do DJ Sammy, na verdade é meio bonitinha e, sejamos sinceros, não existe como cansar de ouvir "Steal My Sunshine", do Len. Mas evite faixas que saíram este ano, caso contrário, pode estar colocando uma data de validade no seu relacionamento. Não há nada mais perturbador do que pensar que alguém, em algum lugar, em 2014, vai estar esfregando órgãos sexuais ou compartilhando memórias fofinhas ao som de "Yonkers".

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Pode: Escolher Algo de Que Vocês Dois Gostem

Foto por Igor Baranchuk

Se Sex and the City me ensinou duas coisas na vida, foram 1) subir vários lances de escada usando uma calcinha de pérolas não é uma boa ideia e 2) fazer concessões é a chave para qualquer relacionamento. Quer vocês tenham que sentar e ir passando de música em música até que o iTunes toque alguma coisa da qual ambos gostem, ou decidam através de um algoritmo sentimental que "I've Got A Feeling" é a faixa que, seja lá por qual motivo, expressa com mais exatidão o amor e respeito que sentem um pelo outro, vocês têm que estar na mesma vibe. Não acabe numa situação em que toda vez que Miguel toca no rádio seu parceiro fica com a cara toda amassada de felicidade e você precisa vencer seus dentes travados e seus remorsos para tentar meter-lhe um beijo de língua.

Mesmo que você ame as pérolas menos famosas de Paolo Nutini e a banda favorita dele seja Cannibal Corpse, alguma coisa vai haver no meio termo que dê onda em vocês dois. Um relacionamento precisa de bases sólidas, então não pare de construir, baby. Quando finalmente encontrar, não se conforme com alguma que você adorou a vida inteira e não está disposta a sacrificar como dano colateral emocional. Tem que ser agradável pros dois.

Pode: Escolher Algo Engraçado

Foto por Tom Johnson

Todos concordam que "nossa música" é um conceito que perpetua a existência do romantismo estilo Disney, quartos de hotel com diárias ridículas e inexplicavelmente caras, e coletâneas como esta. Por exemplo, pergunte a alguém por que aquela é a música deles, e a história geralmente termina com algo do tipo: "e naquele instante eu (convenientemente esqueci do incidente com a garota em Málaga algumas semanas atrás e) soube que a amava" ou "nossos olhares se cruzaram numa sala cheia e, pela primeira vez na vida, as palavras do Ed Sheeran fizeram todo o sentido". Nunca é: "e durante aquela emocionante mudança de acordes, tomamos uma dose de Sambuca e vomitamos na lixeira" ou "foi aí que eu gozei na cara dele". Mas por que não? E as pessoas que não vivem suas vidas como uma máquina de velas ao vento no set de um filme do Richard Curtis?

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Apesar de todas as provas do contrário, "a nossa música" não precisa fazer par com filhotinhos de cachorro e enxovais de casamento. Pode ser uma coisinha engraçada e fofa entre você e o(s) indivíduo(s) de quem você gosta o suficiente para ceder o travesseiro mais macio algumas noites por semana.

Não Pode: Escolher R. Kelly

Nem ninguém que já tenha sido acusado, ou provavelmente será, de ser um criminoso sexual de gigantescas proporções.

Pode: Escolher Beyoncé

Se tem uma coisa que pessoas em relacionamentos adoram fazer é esfregar sua felicidade na cara destruída do mundo, fazendo uma transmissão ao vivo de sua arrogante sensação de triunfo em todas as redes sociais. Então, se você está procurando o equivalente sonoro de um couplie (o selfie em casal) na cama com uma legenda do tipo "Domingo é dia de ficar com ele <3", então="" não="" precisa="" procurar="" nada="" além="" de="" "drunk="" in="" love"="" –="" faixa="" uma="" pessoa="" que="" construiu="" todo="" um="" império="" com="" base="" na="" sensação="" imediata="" fracasso="" sentida="" por="" mundo="" dá="" olhadinha="" em="" suas="" coxas.<="" p="">

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Tradução: Marcio Stockler