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Música

Até que Dá para Curtir um Alto Astral na Festa do Prêmio Multishow

Inclusive temos A Única Foto do After Proibidão que, por incrível que pareça, não teve bandeja de pó nem jogador de futebol desfilando de calcinha.

No início desta semana, a comunidade musical carioca enfrentou descomunal engarrafamento e desvios para chegar a Arena da Barra, ali ao lado das obras atrasadas do Parque Olímpico. A longínqua arena, que é também palco das edições nacionais do UFC, recebeu nesta terça-feira (1) o Prêmio Multishow 2015. Eu sou um cara viciado em televisão, e enquanto alguns acham esse tipo de premiação um saco, eu me divirto tentando adivinhar quem vai ganhar. Desde os primórdios do VMB da "extinta" MTV, testemunhei alguns bons shows nessas premiações, então lá fui eu reencontrar alguns bons amigos dos anos de jornalismo musical.

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Todas as fotos por Matias Maxx

Rachei o dispendioso táxi até a Zona Oeste com meu amigo Daniel Furlan, da TV Quase, e chegando lá encontramos o lendário Fabio Mozine, do Mukeka di Rato, Banda Merda, Laja Records e outros famosos empreendimentos de sucesso do underground brasuca. Sua nova aposta é o músico alagoano Figueroas, que estava indicado pelo júri especializado na categoria "Novo Hit" (abocanhada por Ava Rocha com "Você Não Vai Passar"). O maninho é gente fina demais e esbanja tanta simpatia quanto magreza. Tive de confessar que os clipes dele estão sempre na trilha sonora borracha das minhas festas de YouTube e ele respondeu algo do tipo "meu som é pra isso mesmo!".

Cruzei também com o meu padrinho Mr. Catra, mas nem deu pra trocar ideia direito, pois toda hora colava algum maninho caçando uma selfie.

As cadeiras tinham os nomes dos artistas indicados. Amigos meus que já concorreram a algumas premiações desse tipo no Multishow e na extinta MTV me disseram que é nesse momento, em que você chega no auditório, que você descobre se vai levar ou não o tal troféu pra casa, de acordo com a distância do seu assento pro palco. Eu fiquei bebendo caipivodca com energético até os últimos segundos antes da transmissão começar e acabei pegando um lugar lá no cantinho do auditório, logo atrás da turma do Bonde do Rolê, que também não ganhou nada!

Uns corredores separavam as cadeiras dos convidados do fosso da plateia, compostas de fã-clubes dos artistas garibados que se apresentariam ali, como Thiaguinho e Lucas Lucco. Volta e meia, para o deleite dessa turba, passavam pelo corredor uns artistas e subcelebridades.

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O evento começou com apresentações da turma do samba. Logo me lembrei uma das razões pela qual perdi totalmente o tesão de fotografar shows que eu tinha no início da minha carreira foto jornalística na virada dos anos 1990 e 2000. Hoje em dia, você dificilmente consegue fazer uma foto decente, quem dirá assistir ao show, sem disputar espaço com uma centena de telas de LED na sua frente. Celulares de todos os tamanhos e às vezes até tablets ficam tampando a visão da galera para produzir vídeos que quase sempre vão ficar uma merda.

Depois do sambão, entraram em cena os apresentadores Paulo Gustavo e Ivete Sangalo. Numa sala ao lado, Preta Gil e sua entourage de papagaios de pirata profissionais entrevistavam os artistas vencedores, e volta e meia interagiam com os apresentadores.

Em todos os cantos da arena rolavam uns teleprompters passando não só o texto dos apresentadores como também as letras das canções executadas pelos vários números musicais apresentados. Fiquei pirando que os cantores deviam ter a sensação de estar dentro do maior karaokê do mundo, tipo um sonho de consumo nipônico.

Apenas três artistas levaram mais de um troféu pra casa. Enquanto o Superjúri e o Júri Especializado deram dois prêmios pra Ava Rocha, o povão se polarizou entre Annita e Luan Santanna, que levaram dois prêmios cada também. Eu me amarro em música popular, principalmente depois de umas doses, e acho essa atitude de rechaçar tudo que é pop muito anos noventa. Mas porra, o prêmio de "Melhor Clipe" (escolhido via Twitter) ir não para um clipe propriamente dito, mas para uma faixa do DVD acústico do Luan Santana, só pode significar duas coisas: ou o Luan Santanna tem os fãs mais doentes da tuítosfera, ou o mercado de videoclipes tá uma merda mesmo. Quero muito acreditar que seja a primeira opção.

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Mas aí eu me liguei que os fãs do Luan são doentes mesmo. Depois de ganhar um dos prêmios, ele passou pelo corredor na minha frente, e deixou estas meninas passando mal. Uma delas teve de sair carregada por seguranças – um clássico! Teve também várias minas invadindo o palco pra abraçar ele, pique Bono Vox, mas o mais engraçado foi quando ele xavecou a mina que entregava o troféu e ouviu um "sou casada".

Para manter a plateia sempre cheia e minimizar as chances de alguém entrar na frente de uma câmera ou ser atropelado por uma grua, eles cortam o álcool durante a interminável premiação, então você não tem o que fazer a não ser aguentar aquilo tudo até a hora da festa de encerramento. Até rola dar uma saída para ir ao banheiro, mas tem de passar por um monte de gente e dar uma puta volta. Meu colega Daniel Furlan resolveu pegar um atalho.

Finalmente veio o último bloco do evento, com uma homenagem aos 50 anos de carreira de Cateano e Gil, que acabaram homenageando a Gal Costa também. Foi o único bloco em que a escandalosa plateia ficou em silêncio, e eles puderam tocar bem baixinho. No final, Caê não se segurou, levantou do banquinho e caetanizou uma rebolada pra plateia.

Um dos últimos troféus da noite, o de "Nova Canção", foi para Karol Conká & Tropkillaz por "Tombei". Montadíssima, Karol disse que não via a hora de encher a cara na festa. Antes mesmo que eu pudesse falar com ela, fui abordado por uma galera da produção que me instruiu a não tirar fotos lá. Mesmo mediante minha afirmação de que não tiraria a câmera da mochila, eles repetiram várias vezes que iam ficar de olho em mim, e caso eu fosse flagrado seria expulso da festa.

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Eu poderia ficar ofendido, uma vez que odeio flash e não tenho vocação para paparazzo, mas fiquei instigado. O que teria de tão proibido assim na festa? Garçons circulando com bandejas de pó? Jogadores de futebol desfilando de calcinha? Dançarinas de TV fazendo ficha rosa? Porra! Essa noite prometia!!! Mas chegando lá, o ápice da loucura foi um sujeito vestido num figurino do filme Tron pulando numa cama elástica. Aproveitem, ao publicar essa foto feita de celular corro um risco máximo de nunca mais ser credenciado para esse evento!

Na real, a festa tava legal pra caramba: o Jack tava lá, o Jim e a Sky também, sai de lá umas 6h da manhã e não faltou birita nem comida até o final. O mais legal desses eventos é você estar no bar, olhar pro lado e ver o Sérgio Mallandro.Fui criado no Rio de Janeiro e estou acostumado a ver gente famosa na rua, mas porra, Serginho é foda. Rolou um bloqueio legal e não foi desta vez que levei pra casa uma selfie, mas pelo menos eu tenho essa foto com ele registrada no carnaval de 1991.

Para fechar a tampa rolou o meu DJ favorito, o Omulu, embalando rasteirinha, funk, moombathon e várias outras versões eletrônicas de ritmos populares, como os que tocaram horas antes durante o prêmio. No mundo de hoje, a calça apertada daqui não é muito diferente do topete ridículo de lá, mas ainda tem muito crítico ou hipster por aí com papinhos e rechaços que beiram o discurso de ódio. Salvo quando se trata de um metaleiro parado no tempo, na maioria das vezes essa galera se arregaça toda quando a mesma batida funkaneja vem num remix de fora.