Histórias de casais em isolamento brigando já foram monetizadas por uma boa causa, mas não ligo muito para parceiros que encheram o bucho de feijão tretando por etiqueta de fone de ouvido. O que eu queria ver era minha TL ser inundada por pessoas queer em isolamento se apaixonando por e/ou transando com os colegas de casa.
Não quero saber dessa história de casal hétero “acontece que na verdade a gente se odeia” na quarentena. Onde estão os gays acidentais? Os ops-homos. Onde estão os roommates isolados confessando seu amor depois da segunda pizza de peperoni do dia?
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Peça e receberás: minhas DMs se encheram de histórias de luxúria queer, desejo gay e comida de micro-ondas. Abaixo tem uma amostra de algumas das dezenas de mensagens que recebi sobre colegas de apartamento encontrando sexo e romance queer sob o mesmo teto.
A maioria dos nomes foi mudado por razões de privacidade. As entrevistas foram editadas para maior clareza.
Carol, São Paulo, Brasil
Moro sozinha num apê de um quarto em São Paulo, mas acabei me isolando em casa com uma amiga que não conhecia muito bem antes. Nos conhecemos há anos através de amigos em comum, mas nunca fomos próximas. Antes do Brasil começar a levar a pandemia a sério, ela perguntou se podia ficar comigo por uns dias enquanto procurava um apartamento. Como eu ia viajar por uma semana, dei as chaves pra ela e falei pra ela se sentir em casa.
No dia que voltei de viajem, decidimos nos isolar juntas, mesmo tendo só uma cama no apartamento. Uma noite, eu não conseguia dormir, então me sentei. Quando ela perguntou qual era o problema, respondi: “O que você acha, sei lá, de colorir essa amizade?”.
Ela respondeu “Graças a deus”, e foi isso.
Agora estamos cuidado do cachorro dela, compartilhando a cama, cozinhando juntas e planejando nossa quarentena. Nossos amigos dizem que casamos sem querer? É uma versão extrema daquela piada infame do caminhão de mudança das lésbicas. Ainda não colocamos um rótulo no que está rolando – mas é uma situação de amizade colorida bem intensa. Estamos sexualmente envolvidas, mas não é algo necessariamente romântico. Estamos excitadas – essa história toda está sendo divertida. Além disso, agora eu tenho um cachorro.
Jess, 21 anos, Flórida, EUA
OLHA, SE VC FOR POSTAR ESTA HISTÓRIA QUERO FICAR ANÔNIMA, MAS EU E MINHA COLEGA DE APARTAMENTO SOMOS GAROTAS TRANS DORMINDO DE CONCHINHA E TRANSANDO PACAS. SÓ DIGO ISSO, RS
[Quando a VICE pediu mais detalhes, não era só isso que ela tinha pra dizer.]
A gente já passava o dia inteiro juntas, antes de dividir uma casa. Somos melhores amigas faz um tempo já. Começamos a morar juntas porque nossos contratos de aluguel venceram na mesma época. Enquanto a gente estava se isolando, começamos a nos tocar mais, e, tipo, dividir o cobertor. No dia em que ficamos, a gente estava assistindo YouTube no sofá abraçadas. Eu estava deitada no peito dela (meio que provocando um pouco), aí olhei pra ela e nos beijamos. Ela me bateu de leve com um brinquedo que deixei na sala, uma coisa levou a outra, e acabamos no quarto, TRANSANDO. Duas góticas, um apartamento… o que você esperava, né. Além disso, ela é MUITO dominante, e eu sou uma bebê, então era inevitável que isso fosse acontecer quando estamos trancadas aqui juntas.
Kris, 21 anos, Boulder, Colorado, EUA
Eu tinha uma namorada quando minha colega de apartamento e eu ficamos bêbadas no primeiro dia da quarentena, e minha colega disso que gostava de mim. Um pouco depois, ela escreveu uma carta de amor de duas páginas falando que me amava (ela levou a carta pra mim no trabalho, antes de eu ter que parar de trabalhar).
Meu trecho favorito da carta: “Todo momento que compartilhamos faz meu corpo se arrepiar. Quero um laço íntimo e profundo, mas não quero com qualquer uma, quero com você”. Fico lendo isso no repeat na minha cabeça.
Ela chegou em casa e eu quis mostrar que sentia o mesmo… então transamos das 11 da noite até 5 da manhã. Desde então, estamos fazendo literalmente o melhor sexo da minha vida. Nossa colega de apartamento hétero está odiando – ela gritou com a gente quando descobriu que transamos, parou de falar com a gente e, por enquanto, foi ficar na casa do pai dela.
Terminei com a minha namorada e minha colega me levou para um encontro na quarentena. Ela vez o jantar e montou um piquenique na sala com velas. Aí a cidade ligou a estrela Flagstaff (um sinal luminoso nas montanhas de Boulder). Fomos pra lá de carro e fizemos a trilha a pé, ela me pediu em namoro. E eu disse sim.
Annie, 20 anos, Michigan, EUA
Eu era apaixonada pela minha roommate há seis meses, e agora que estamos em quarentena, ficávamos conversando bêbadas de vinho de caixa e comendo taquitos congelados até 6, 7 da manhã quando o sol nascia. Toco meu violão pra ela, e ONTEM À NOITE ELA ME BEIJOU E ESTOU TÃO FELIZ! Parece um sonho.
Quando acordei hoje, ficamos trocando mensagens mesmo que nossos quartos sejam um do lado do outro. Estou fazendo tricô na quarentena, e ela quer que eu a ensine. Ela me beijou de novo e disse que sente alguma coisa por mim desde que me mudei!
Francesca, 24 anos, Londres, Inglaterra
Minha colega de apartamento e eu já somos abertamente queer, mas passar mais e mais tempo juntas foi um barril de pólvora. Moramos juntas desde setembro (moramos num acomodação de estudantes, então foi algo aleatório) e, aparentemente, tínhamos um crush uma na outra.
Fomos para Última Festa do ano, que foi a última reunião do pessoal da classe, já que o resto das aulas foi cancelado. A gente queria ir embora cedo pra não acordar tarde no outro dia. Estávamos sentadas no ônibus e, de repente, demos as mãos.
Chegando no apartamento, eu disse algo do tipo, “Bom, hora de ir pra cama!”
Ela disse: “Ou podemos ficar aqui!”
Deitamos na cama dela, olhando uma pra outra, conversando de mãos dadas por muito tempo. Uma hora e meia depois, quando estávamos quase caindo no sono, concordamos em dormir. Levantamos e eu disse “Bom, acho que já vou indo!”, mas não fui.
Ela disse: “Tem certeza?”
Ficamos nisso por um bom tempo, com pausas onde a gente ficava se encarando. Eventualmente ela disse “Pelo menos me dá um abraço?”, e eu dei. Depois de um tempo, nos soltamos, olhei pra ela e ela estava olhando pra mim, aí – claro! – nos beijamos. Foi incrível.
Disso, conversamos mais e sabíamos que queríamos realmente ficar juntas. Não enjoamos uma da outra, mesmo passando o dia inteiro juntas, o que o isolamento provou.
Aubrey, 22 anos, Grand Junction, Colorado, EUA
Minha colega de casa e eu sempre soubemos que havia uma atração ali; na verdade, já participei de um ménage com ela e o ex-marido. Nos chamamos de “parceiras”, mas tipo melhores amigas. Eu estava de boa com sermos só amigas; ela sempre me amou mais que qualquer pessoa com quem já estive, então ser amiga dela já era um prazer.
Ela é uma mulher incrível. Ela tem um cabelo cacheado louco, é baixinha e usa óculos. Ela é muito inteligente e amorosa. Ela odeia lavar a louça, mas esse é o único defeito dela como colega de casa. Ela era florista, então às vezes me surpreende com uns arranjos divertidos.
Ela tinha um namorado, mas estava ficando de saco cheio dele ultimamente. Uma noite semana passada, estávamos assistindo Grace and Frankie, como fazemos toda noite, quando ela me beijou e disse “Acho que o problema [com o namorado dela] é que ele não é você”. Foi MARAVILHOSO. Acabamos dormindo juntas com a TV ainda ligada. Ela tinha que trabalhar cedo no outro dia, então fomos pra cama juntas, e achei que a gente conversaria mais sobre isso naquela noite.
Ela terminou com o namorado, e quando voltei do trabalho no dia seguinte, ela tinha limpado a casa, me feito um buquê e preparado fajitas. Estamos procurando uma casa para mudar em maio agora.
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