Todos os meses chegam aos escritórios da VICE discos cujas reviews vamos adiando indeterminadamente, porque há muito para ver no tumblr da Isa Pólvora ou muitos jogos de ZX Spectrum para experimentar nos emuladores. Mas, já com o final do ano no horizonte, o início do mês de Outubro foi o momento ideal para declarar morte ao ócio e escrever até suarmos notas musicais pelas axilas. Metemos a mão aos discos que por aqui estavam meio-esquecidos e a verdade é que demos de caras com algumas das melhores cenas que ouvimos ultimamente. Aqui ficam eles para que vocês se entretenham e as nossas secretárias fiquem um pouco mais organizadas. Sim, sorrisos para todos os discos. Somos uns bacanos.
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Bass Works Recordings Bigfoot MARK FOSSOM Digging in the Dust: Home Recordings 1976 Tompkins Square ANSWER CODE REQUEST Code Ostgut Ton Code JÜPPÄLA KÄÄPIÖ Owlora Muskaria Lal MARKO FÜRSTENBERG
Ghosts from the Past Ornaments Ghosts From the Past youAND:THEMACHINES Ghosts From the Past Yagya PHILOGRESZ
The Lost Movie (Album Sampler Scene.1) Phil The Lost Movie The Lost Movie Night Drive Album Sampler Scene.1 VÁRIOS
Tax Haven Vol.4 Iberian Records SHABAAM SAHDEEQ Keepers of the Lost Art old school hip-hop salvar Golden Age old school underground scratches samples groovy DJ SPRINKLES Midtown 120 Blues Comantose Recordins Midtown 120 Blues Midtown 120 Blues Blues house music Midtown 120 Blues THE GARMENT DISTRICT Cavendish On Whist Night People KING BRITT Black Unicorns
Svakt
King Britt, muito à custa de um trabalho tão amplo quanto subtil, sempre mereceu mais do que ver o seu nome encaixotado em categorias atrofiantes e coladas a um determinado tempo. De certa maneira, a “maldição” em que King Britt se viu envolvido, ao ser arrastado para todo o tipo de compilações chill-out e semelhantes, resulta do elevado mérito que obteve na composição de música múltipla, sofisticada e geralmente pronta para receber as vozes das principais divas das duas décadas anteriores. Esse mesmo apego à fórmula do produtor eclético, habituadíssimo a estender o tapete sonoro à passagem das vozes femininas, é bem constatável em Intricate Beauty, álbum surgido em 2010, que podia muito bem ter sido lançado em 1996, ao lado de Walking Wounded, ponto alto na carreira dos Everything But the Girl (até porque Ben Watt é uma espécie de King Britt com um amor só).
Mas King Britt prima por ser um gestor inteligente e soube desaparecer de cena quando foi necessário travar a saturação do seu próprio nome. Há alguns anos ouvimo-lo em busca da boa forma num EP da Hyperdub algo frouxo e indistinto. Contudo a mais radical transformação de King Britt sucede-se neste Black Unicorns, disco de uma só faixa de vinte minutos e meio, como manda a regra na muito interessante editora suíça Svakt. Ninguém contaria que o produtor de Filadélfia voltasse a dar sinais de vida com uma longuíssima faixa introspectiva, em que o piano e os sintetizadores soam sempre sujeitos à deterioração de William Basinski e à sensação de futuro perdido de Leyland Kirby (sem esquecer também que todos estes devem de alguma maneira a um senhor chamado Angelo Badalamenti). Na sua própria página, King Britt atribui a composição de “Black Unicorns”, grava em tempo real, à necessidade de expressar as visões que teve ao sentir espiritualmente o seu próprio Unicórnio Negro (talvez seja primo afastado do Thug Unicorn). OK, é uma explicação algo new age, mas acaba por ser adequada a um disco em que King Britt aparece a fugir do seu próprio estigma e a encaminhar-se para um qualquer lugar mágico ainda por definir. MA