Foto via usuário do Flickr Quinn Dombrowski .
Esta matéria foi originalmente publicada no Munchies .
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Qual a temperatura perfeita para uma cerveja? Bom, “perfeição é o duende maligno das mentes pequenas”. Ou seria assim que eu escreveria se fosse o Ralph Waldo Emerson. Mas ele era um quaker que vivia na floresta, e eu sou um blogueiro que adora energético, então fazemos as coisas de jeitos diferentes, e tudo bem. Ele também era um escritor muito melhor que eu, de longe, e é por isso que ele escreveu uma versão dessa frase que acabou em adesivos automotivos e eu escrevo aquela que será imediatamente esquecida.
Então, por onde começar? Bom, se você está jogando qualquer latinha de breja genérica na geladeira, é bom ajustar o termostato para cerca de 4º C, considerando que esse é o ponto preferido de qualquer estilo de cerveja, das pilsens às dubbels, segundo a Homebrewers Association dos EUA. É só uma média, claro, e você provavelmente tem mais informação sobre a sua cerveja, então pode ser mais minucioso.
Infelizmente, os guias específicos das marcas e estilos por aí não são muito mais úteis que o conselho genérico acima. Justin Clark, da Cigar City, por exemplo, diz sobre suas cervejas artesanais: “Não pasteurizamos nenhum de nossos produtos. Armazenar nossa cerveja gelada ajuda a garantir que os amantes de cerveja a provem com o sabor que pretendíamos”.
Mas ele também diz: “O frio mascara o sabor, e queremos poder sentir o gosto da cerveja”.
Então você tem que armazenar a cerveja gelada e depois bebê-la menos gelada. Bom, reconheço que a física cuida disso. Mas isso ainda não ajuda muito. Abordei diretamente a Cigar City e o representante Neil Callaghan me disse que a cervejaria exige que seus distribuidores transportem suas cervejas a temperaturas mais baixas que 4 graus — o mais próximo de 0,5º C. Mas a temperatura na hora de servir depende bastante do clima.
“No final das contas, temperatura de transporte e armazenamento é uma questão de qualidade e vida útil, enquanto a temperatura de servir é uma questão completamente diferente”, diz Callaghan. “Geralmente prefiro minha Jai Alai IPA mais perto de 10 graus para abrir o aroma do lúpulo, mas gosto de tomar a Cigar City Lager, por exemplo, mais gelada — perto de 4 graus para acentuar a efervescência e a carbonatação. De novo, temperatura na hora de servir é mais uma [questão] preferência.”
Do outro lado do espectro, o King of Beers talvez seja o mais próximo que podemos chegar de uma recomendação sólida sobre a temperatura certa de servir cerveja: entre 3 e 4 graus para latas e garrafas. Anheuser Busch parece admitir que qualquer coisa acima de 2º C é o anátema do sabor da cerveja. E qualquer cerveja artesanal de qualidade fica melhor em temperaturas mais altas, certo?
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Nem sempre, diz a Brewers Association, porque como você armazena a cerveja e que copo usa para consumi-la pode ser mais importante (e variável) que a temperatura na hora de servir, então nem vale a pena se preocupar muito com isso. Se você bebe uma cerveja que ficou em temperatura ambiente por um mês, vai ser tão ruim quanto beber uma que estava na geladeira há quase um ano.
Certo, então temos que armazenar a cerveja gelada e servir gelada, mas num copo não tão gelado e do formato certo. E talvez a bebida tenha que ser menos gelada conforme o teor alcoólico for mais alto (mas não necessariamente). Qualquer lugar entre 3 e 15 graus pode ser perfeito, ótimo, bom, ruim ou péssimo — dependendo da cerveja. Ninguém sabe na verdade. Nem os caras que fabricam e vendem cerveja. Começamos como o primeiro Indiana Jones e terminamos como o quarto, né? Brochante.
Vou te dizer uma coisa: acabei de abrir uma cerveja aqui e marquei a temperatura; ela começou com 9,5 graus e acabou com 37. Na minha opinião, esse é o número que importa. De qualquer maneira, aqui vão algumas das cervejas, de geladas a nem tanto, que bebi esta semana:
Série Wild Sour da DESTIHL – Lynnbrook Raspberry Berliner Weisse: Essa é um grande exemplo de por que a opção “monte sua própria caixa de cerveja” é uma faca de dois gumes. Adoro não ter que me comprometer com um fardo de uma nova cerveja sempre que passo na loja, e pegar uma de cada significa que você pode experimentar algo que talvez deixasse na prateleira.
Mas o outro lado da moeda é que cervejas como essa, da estranha série Wild Sour da DESTIHL, se beneficia de degustações repetidas, então não têm uma boa chance de mostrar todo seu potencial logo na primeira vez. Odiei essa cerveja no começo, e mesmo a segunda lata parecia forte e pungente demais. Mas como eu tinha seis latas, as deixei alguns dias na geladeira e voltei a provar com o paladar fresco. Ainda não é minha favorita, e não sei se é uma das melhores cervejas amargas que tomei ultimamente. Mas minha opinião é que ela melhora da primeira até a última lata, e acho que vale a pena experimentar se você é fã da categoria.
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Green Man IPA: Essa é uma cerveja que eu consideraria uma IPA padrão. Ou talvez isso seja diminuir o valor dela um pouco. Vamos dizer que ela representa uma boa amostra do estilo. Por exemplo, ela evita aditivos estranhos e toques de sabor extras — é uma India Pale Ale “básica”. Isso significa que você tem o perfil erval clássico sem óleos de frutas no retrogosto. Ela também é bem balanceada e não tão amarga simplesmente pelo dever de ser amarga.
Infelizmente essa abordagem conservadora também significa que a IPA Green Man não é uma cerveja especialmente memorável, mas considerando que as IPAs que ficaram na minha mente fizeram isso por algum nonsense frankensteiniano, provavelmente é uma coisa boa.
Left Hand Brewing Good Juju: É estranho que as cervejarias não coloquem “Ginger Ale” no rótulo de coisa como a Good Juju, mesmo sendo exatamente o que a cerveja é, porque seria arriscar que o consumidor confundisse isso com uma tentativa de se aproximar da Canada Dry e Seagram’s. Good Juju é mais uma cerveja do que algo como, digamos, a Crabbie’s, que tem tanto gengibre que acaba parecendo um xarope antigo. Mas é bem forte, e eu não recomendaria para pessoas que não gostam de comida chinesa de verdade ou doces dos anos 30.
Mike’s Chilled Cherry Hard Lemonage: Se você consegue identificar, quanto mais explicar, a diferença entre Chilled Cherry Hard Lemonade e a onipresente Black Cherry Lemonade, quanto mais as variantes Harder Cherry Lime Punch e Harder Cherry Lemonade, sua boca tem que ser analisada por nanorrobôs no CERN. Chilled Cherry é deliciosa mais inescrutável — um mistério cervejístico com que aparentemente só eu me importo.
French Broad 13 Rebels ESB: Por mais estranho que pareça, essa Extra Special Bitter é o contraexemplo da minha teoria do “monte sua própria caixa de cerveja” da DESTIHL. Ao primeiro gole, me impressionei com o perfil complexo e o sabor único, mas no final da lata eu já não aguentava mais. Dito isso, comprei a cerveja por $1, talvez porque estivesse próxima da data de validade, então experimentar uma lata mais fresca seria uma boa ideia.
Abita Sweet Orange: Tem uma cerveja de laranja rara que não tenta imitar a Blue Moon (é uma lager). Essa infelizmente tem um cheiro melhor que o gosto. O cheiro é incrível mesmo, então não é de toda ruim. Eu gostaria que essa cerveja tivesse uma cor um pouco mais alaranjada, e talvez um retrogosto não tão seco. Cervejas frutadas não precisam ser exageradamente doces, mas se a cerveja se vende por isso, ela tem que ir nessa direção, acho, e a Sweet Orange é estranhamente neutra.
Sweetwater Squeeze Box: Essa IPA com grapefruit é exatamente o tipo de nonsense frankensteiniano que a Green Man consegue evitar em sua ale. Mas é saborosa o suficiente, e com apenas 45 de IBU é quase uma versão aguada da maioria das IPAs. É exatamente o tipo de cerveja que a Sweetwater faria, então se você gosta do produto deles não vai se desapontar. Eu, no entanto, não vou sentir saudades dessa edição limitada.
Tradução: Marina Schnoor