Música

Todo mundo ainda copia o estilo da Lil’ Kim em ‘Hard Core’, 22 anos depois

Auch Rihanna und Beyoncé kopieren Lil'Kims Look

O final dos anos 90 foram meio que o auge do hip-hop nos EUA. Gravadoras investiam milhões de dólares em clipes, turnês mundiais e merchandising para fins de proliferação da imagem e estilo de vida decadente dos artistas do gênero. Na época, um dos maiores nomes era Notorious B.I.G., o jovem e carismático artista do Brooklyn cujo lirismo suavão, passado de traficante e bonde pesado de MCs intitulado Junior Mafia acabaram por levá-lo à fama. Uma dos integrantes de sua trupe se destacava: Lil’ Kim, beldade de 1,50m que se via bastante à vontade no meio dos rapazes ali, segura de sua própria sexualidade — uma personificação do estereótipo ame-a ou deixe-a de mulher idealizada por muitos homens. Talentosa com as palavras, assumindo um tom declaradamente erótico e extremamente confiante: não à toa a rapper logo se tornou uma estrela.

Antes de Kylie Jenner construir todo um império com base no contorno de seus lábios e o clã Kardashian tomar para si o ramo das perucas coloridas berrantes, antes mesmo de Lady Gaga e Nicki Minaj entrarem numa eterna competição disputando quem é a mais loucona da moda, antes de Cardi B ganhar mais atenção na primeira fileira do que quem desfila na passarela e antes de Rihanna dominar o mundo da beleza, lá estava Lil’ Kim. Desde o lançamento de seu disco de estreia em 1996, Hard Core, Kim fez tudo o que foi citado anteriormente e foi além, dando as bases para o que nossas artistas do coração fariam em termos líricos, estilísticos e até mesmo no ramo do empreendedorismo.

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Com 22 anos naquele que parece o longínquo ano de 1996, Lil’ Kim lançou Hard Core, produzido em grande parte por Sean “Puffy” Combs. Entre os singles de destaque do disco temos “Crush on You”, “Not Tonight” e “No Time”, canções de forte carga sexual sobre ser dona de si, itens de luxo, sexo caliente e usar os homens como forma de conseguir dinheiro. O álbum começa com uma introdução explícita em que um cara se masturba, fantasiando com um pornô de Lil’ Kim, até o início de “Big Momma Thing”, canção que fala como Kim havia amadurecido em relação à sua própria sexualidade. “Antes eu tinha medo de piroca, agora caio de boca e trato como se fosse dona da porra toda”, rima no verso que dá início à faixa, dando o tom de sua estreia 100% sexualmente empoderada.

Havia toda uma extravagância visual acompanhando as letras de Kim — colares de diamantes, casacos de pele, sapatos de luxo — com a ajuda do talento precoce de Misa Hylton no figurino e Eugene Davis nos penteados. O trio é lembrado pelo trabalho em “Crush on You”, clipe vibrante em que quatro cores principais são trabalhadas, naquele que se tornou o mais icônico clipe de Kim. As perucas de cores berrantes, peles em neon e logotipos de alta costura voltaram com tudo — o que pode ser facilmente ser ligado aos primórdios de Lil’ Kim. Ela até mesmo já usava óculos de sol de armação redonda 20 anos antes de seus rappers de Soundcloud favoritos os chamarem de “clout goggles” na gringa e “óculos do Kurt Cobain” aqui no Brasil.

Neste ano mesmo, Minaj foi fotografada cheia de estampas da Fendi em seu material promocional de “Chun Li”, lembrando que logotipos eram marca registrada da estética noventista de Lil’ Kim. Conhecida por usar Chanel, Louis Vuitton ou Fendi dos pés à cabeça, ela até mesmo apareceu com os logos da Versace e Chanel em algumas de suas perucas (homenageadas por Beyoncé em sua série de fantasias de halloween de Lil’ Kim de 2017). Kim posou nua para David LaChapelle, o corpo coberto pelo logo da Louis Vuitton; ao passo em que a mania volta com ajuda das Kardashians e Hadids, é difícil não lembrar desta marca característica do estilo de Lil’ Kim.

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O visual de Lil’ Kim em “Crush On You” é um dos mais memoráveis e mais copiados de sua carreira, inspirando não só a fantasia de halloween de Beyoncé de 2017, mas também dando as caras na apresentação de “BBHMM” de Rihanna, em 2015. Outro exemplo mais recente é Cardi B com trajes inspirados em Lil’ Kim caindo na pista durante sua participação no clipe de “Backin It Up” de Pardison Fontaine, semelhante ao clipe de Kim de 1997.

O fato de que as roupas mais malucas e icônicas de Lil’ Kim ainda estejam sendo reaproveitadas hoje serve de prova da sua influência, especialmente o traje roxo criado pela estilista Misa Hylton, usado por Kim no VMA de 1999 — quando Diana Ross tocou no seu seio à mostra — uma inspiração para estilistas e celebridades. A maison francesa YSL apresentou um vestido assimétrico em couro negro na passarela de sua coleção ready-to-wear Primavera 2015 e Nicki Minaj apareceu com um look semelhante no Haider Ackermann Womenswear Outono-Inverno 2017/2018 em Paris.

https://www.youtube.com/watch?v=KWC79TcWWsI

Editoriais inteiros foram inspirados no estilo de Lil’ Kim. Em agosto de 2017, o CR Fashion Book lançou seu ensaio cuja temática era o ano de 1999 estrelando Kim Kardashian de peruca rosa, bíquini rosa, botas de couro de cobra também rosas, além de um casacão de pele na mesma cor, tudo inspirado no visu de Kim naquele mesmo ano, ao participar do Met Gala. Já a V Magazine fez sua capa de 2015 com Rihanna num pique extremamente Lil’ Kim, de peruca loura platinada e batom escuro. Neste mesmo ano, a própria Rihanna fez menção à Kim como de suas maiores inspirações em termos de beleza e moda, ao afirmar “Tem um monte de supermodelos dos anos 90 que adoro e me inspiro — mas a Lil’ Kim tinha muitos visuais diferentes.”

Seja a referência para uma página inteira em um editorial de revista ou um clipe, quem sabe até mesmo uma fantasia em gente como Miley Cyrus ou Beyoncé, o fato é que a influência de Kim é inegável. A sensualidade em sua música e estilo cimentaram sua posição de pioneira cultural que participou de diversos desfiles, foi homenageada em um especial Hip Hop Honors da VH1, lançando ainda sua própria linha de maquiagem junto à MAC. Lil’ Kim despontou no mundo dominado por homens do hip-hop dos anos 90 com uns saltões altíssimos para que os ícones musicais de hoje pudessem seguir seu caminho.

Matéria originalmente publicada no Broadly US.

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