"Um dia sem mulheres", o movimento que quer paralisar o Mundo

FYI.

This story is over 5 years old.

actualidade

"Um dia sem mulheres", o movimento que quer paralisar o Mundo

Greve ao trabalho para exigir equidade salarial e direitos laborais. A proposta tem âmbito global e quer demonstrar o impacto das mulheres na economia.

Este artigo foi originalmente publicado na nossa plataforma VICE News.

Mesmo depois de a #WomensMarch se ter convertido na maior manifestação de massas na história dos Estados Unidos e de se ter espalhado por muitos países por todo o Planeta, não ficou claro se teríamos assistido ao nascimento de um novo e gigantesco movimento, ou se teria apenas sido um evento isolado, motivado pelo nojo ante a eleição de Donald Trump como presidente dos EUA.

Publicidade

Para este 8 de Março, no entanto, o movimento volta à carga e de novo com um desafio de âmbito internacional, convocando uma greve global, baptizada "A Day Without A Woman". O objectivo: causar um duro golpe na economia mundial. [Em Lisboa a concentração acontece no Rossio, a partir das 17h30, num acto simbólico de solidariedade com o protesto internacional, sob o mote "Não Me Calo"] 

Os organizadores pediram a mulheres de todo o Mundo que hoje não se apresentem nos seus locais de trabalho, mesmo que não recebam o dia e que gastem dinheiro unicamente em negócios de mulheres, ou de minorias e se abstenham de o fazer noutro contexto. Uma das principais metas que pretendem atingir é, pois, demonstrar o poder económico das mulheres em conjunto.

"Todavia, nem todas as mulheres do Planeta se podem dar ao luxo de faltar ao trabalho, ou de não gastar dinheiro neste 8 de Março".

Nos Estados Unidos, os responsáveis não tinham ao início intenção de levarem a cabo uma greve de 24 horas, mas os responsáveis de países europeus terão proposto a ideia como forma de exigirem equidade salarial e liberdade de tomar decisões.

E os exemplos de que as coisas podem mesmo mudar através do protesto são várias. Em Outubro de 2016, milhares de mulheres protestaram participaram numa greve na Polónia, em protesto contra uma lei anti-aborto e os legisladores recuaram nas suas intenções. Na Islândia, recentemente, as mulheres abandonaram os seus postos de trabalho para demonstrarem a sua indignação perante a diferença salarial em relação aos homens.

Todavia, nem todas as mulheres do Planeta se podem dar ao luxo de faltar ao trabalho, ou de não gastar dinheiro neste 8 de Março. Margarita Grigorian, por exemplo, organizou uma pequena manifestação na Rússia aquando do #WomensMarch, mas, conforme assinala à VICE News, não poderá fazer nada esta quarta-feira e não conhece ninguém que o possa fazer. "Não acredito que haja alguém que trabalhe numa empresa russa e que se atreva a faltar, ou a sair mais cedo para apoiar uma ideia como esta", escreveu na sua conta de Facebook". E acrescenta: "O risco de perder o emprego é muito alto".

TabithaSt. Bernard, da organização norte-americana, diz ter perfeita noção do desafio que este protesto representa a nível mundial, pelo que encoraja as pessoas "a serem criativas para demonstrarem a sua solidariedade", o que pode passar, salienta, por organizarem pequenas conversas sobre equidade salarial nos locais de trabalho, por exemplo. "Há aspectos neste movimento que não podem ser medidos. A greve serve para lembrar às pessoas que não se trata de uma simples carreira, ou de uma maratona, é, sim, um compromisso", sublinha Bernard.

Recorde-se que o antecedente que deu origem ao Dia Internacional da Mulher ocorreu a 8 de Março de 1908, quando cerca de 15 mil trabalhadoras de uma fábrica têxtil de Nova Iorque saíram à rua para exigir melhores condições de trabalho e direitos laborais. Perante o êxito da iniciativa, as mulheres organizaram uma greve que durou três meses.