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Um tributo à Almirante Reis… enquanto ainda é a Almirante Reis

still de curta metragem sobre a Avenida Almirante Reis

“A Almirante Reis sempre teve um lugar especial no meu imaginário, os meus avós viviam junto à Sé de Lisboa e a Avenida era ponto de passagem quando nos juntávamos para os almoços de familia ao domingo. Lembro-me do discurso dos meus pais denotar uma certa proibição em relação àquela zona e isso sempre me fascinou, esse fascínio acabou por se materializar quando saí de casa dos meus pais e fui viver para o Jardim Constantino, numa paralela à Almirante”. As palavras são de Filipe Penajóia, realizador de 30 anos, que acaba de materializar o fascínio por uma das artérias mais míticas de Lisboa numa curta-metragem (que podes ver acima).

Hic Sunt Dracones (Aqui Há Dragões) – termo em latim utilizado na cartografia medieval para indicar lugares desconhecidos ou perigosos – conta a história das histórias das pessoas que fazem a excepcional riqueza multicultural daquela localização geográfica específica da capital. Um Mundo inteiro em dois quilómetros e picos e nos pouco mais de quatro minutos do filme de Penajóia.

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E quando foi viver para a zona, o que o realizador descobriu, revela à VICE, foi “um território imensamente rico a nível cultural e social – mas acima de tudo visual -, pronto a ser explorado”. E acrescenta: “A Avenida tem uma identidade muito própria, arrisco a dizer que se distingue por uma certa excentricidade e exotismo e, enquanto ávido observador, senti desde o primeiro momento a necessidade de documentar tudo o que este lugar tinha para oferecer”.

Nascido e criado em Lisboa, Filipe está, obviamente, atento à transformação da cidade e o fenómeno da gentrificação e os seus efeitos acabaram também por acelerar a vontade de criar este registo documental. “Lisboa no geral e a Avenida, em particular, têm vindo a sofrer nos últimos anos uma requalificação urbana resultado do actual contexto turístico vivido na cidade. Essa requalificação contribuiu em grande escala para a aceleração e expansão do que entendemos hoje por gentrificação e provocou um transmutar inqualificável na identidade destes territórios. Foi neste momento singular de transformação que este filme foi concebido, quando reconheci como inegável o valor da criação de um registo visual representativo desta identidade colectiva e lugar”, conta Penajóia.

E o realizador conclui: “No fim do dia acabo sempre por regressar à mesma palavra, homage, um tributo, uma memória que pudesse revisitar. Foi essa a principal motivação para a concretização do projecto”.


Podes acompanhar o trabalho de Filipe Penajóia aqui.

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