Bem-vindos ao Genitales! Aqui vamos conhecer o estado dos genitais da América do Norte em 2014. Vamos falar de prepúcio, odor vaginal, cirurgia de troca de sexo, DSTs, orgasmo, parto e muito mais. Como andam os pênis e as vaginas do pessoal? Como nos sentimos sobre eles? Eu quero saber. Entre em contato comigo peloTwitter para preencher a pesquisa. Hoje vamos falar sobre tamanho do pau.
O menor pênis do Brooklyn e o (suposto) maior órgão do mundo.Fotos cortesia de Nick Gilronan e Jonah Falcon.
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Tem alguma coisa de fascinante no pênis.
Na verdade, a minha fascinação é menos sobre os órgãos sexuais masculinos em si e mais sobre a disjunção entre o que eles são (protuberâncias de carne penduradas que se agitam facilmente) e o que deveriam representar: autoridade, virilidade, poder. Eles são a sinédoque da masculinidade, no mínimo uma escolha meio estranha para isso.
Para começar, #nemtodosospênis são representativos de qualidades fortes e masculinas. Já conhecemos a hierarquia: grande = bom e pequeno = ruim. Para um órgão que muda de tamanho mais de 11 vezes por dia (e ainda mais durante a noite), o tamanho é realmente uma coisa que mexe com as pessoas. Como mulher, eu entendo isso. Eu sei como, consciente ou inconscientemente, dimensionar o meu corpo ou partes dele, notar o tamanho dos outros, comparar, acompanhar. É uma enorme pressão desnecessária, e me parece que dizer para um cara que ele tem “pinto pequeno” passa mais ou menos a mesma mensagem que dizer “Você é gorda” para uma mulher: a de alguém sexualmente indesejável e um mal exemplo do seu gênero.
Enquanto conversas sobre as humilhações derivadas do corpo são comuns entre as minhas amigas, os únicos homens com quem conversei longamente (risos) sobre pênis foram namorados ou amantes. Isso me lembrou de algo que a crítica de fotos de pinto Madeleine Holden apontou numa entrevista à VICE em maio: “Cheguei à conclusão de que os homens encaram uma pressão similar (apesar de menos intensa) para parecer de uma certa maneira, mas têm poucas saídas para discutir como isso os afeta. A masculinidade tradicional exige que o homem seja estoico sobre suas questões emocionais, e eles correm o risco de serem chamados de maricas ou bichas se forem abertamente autoconscientes. Os homens são basicamente um amontoado latente de nervos e emoções inexploradas”.
Fiz um chamado pelo Twitter: Quem gostaria de falar sobre seu pinto? Acontece que muita gente queria. Mais de 55 homens (todos cisgênero) responderam minha pesquisa casual, incluindo Jonah Falcon, que atualmente detém o recorde de maior pau do mundo, e Nick Gilronan, o vencedor do concurso de Menor Pênis realizado no Brooklyn, em Nova York, em 2013. Fora Falcon e Gilronan, todos os outros nomes foram mudados. Eu deixei os rapazes escolherem seus próprios pseudônimos.
Os entrevistados vinham de uma variedade conveniente de origens geográficas, raciais, religiosas e socioeconômicas. A idade média era de 32 anos. O tamanho médio dos pênis da pesquisa era de 15,7 centímetros ereto, num extremo da média norte-americana, que fica entre 12 e 15 centímetros. (Acho que o órgão de 34,3 centímetros do Jonah bagunçou um pouco a média.) O menor tamanho relatado foi de 9,1 centímetros. A proporção entre os que mantinham o prepúcio e os circuncidados era de meio a meio. A variedade de itens com que os homens comparam seus pintos e bolas foi incrível: ovos,frutas, iPhone, pincel atômico, a garrafa clássica de Coca-Cola e “uns dois isqueiros, de ponta a ponta”.
Com poucas exceções, quase todos os entrevistados sabiam as exatas dimensões de seus pênis, do comprimento à circunferência. Poucos relataram que “nunca mediram”, mas até eles admitiram que isso era difícil de acreditar.
O grupo de amostra relatou estar OK com seus paus de tamanho médio, ao mesmo tempo mostrando que não tinham muito consciência de qual era a média. Todo mundo considerava seu pinto tamanho médio, mesmo quando esse claramente não era o caso. “Eu sei que a média no Canadá fica entre 12 e 15 centímetros”, frisou Steve, 25 anos, Toronto. “Então estou dentro da média.” O pênis de Steve tinha 17,7 centímetros de comprimento e 12 de diâmetro. Neil, 37 anos, sentia que estava “provavelmente abaixo da média”, apesar de ter mais de 15 centímetros (o topo da média estatística) ereto e admitir “problemas ocasionais com moças que não conseguiam acomodá-lo”. No geral, os homens se disseram felizes com seus pênis, independentementedo tamanho.
Fotos cortesia de Nick Gilronan e Jonah Falcon.
Os mais preocupados pareciam ser da demografia que apresentava a maior discrepância entre o estado flácido e ereto de seus órgãos sexuais. Deggy, um homem bissexual de Leeds, admitiu evitar usar sunga por causa de seu pênis de 8,8 centímetros em modo flácido em oposição aos 16,5 dele endurecido. “Eu sempre penso: ‘Se eles pudessem me ver ereto, eles não iam pensar mal de mim’”, ele disse.
Ahmed, 29 anos, Toronto, destacou que seu pênis ereto era “ligeiramente menor que o comprimento de um iPhone 5C”. Ele começou a depilar os pelos pubianos na adolescência para fazer seu órgão de 11,9 centímetros parecer maior. A prática continua até hoje apesar de não se notar a diferença. “Sempre sinto vergonha do tamanho do meu pênis”, lamentou. “Nossa sociedade nos bombardeia o tempo todo com ‘quanto maior, melhor’, e as pessoas estão sempre discutindo se tamanho realmente importa, então é difícil não se sentir inferior às vezes.” Ele acrescentou: “Ouço frequentemente que um pênis médio tem de 12 a 15 centímetros; então, tecnicamente, estou quase na média, mas ainda me sinto inferior e, às vezes, queria ter um pinto maior. Eu me preocupo com o tamanho constantemente. É realmente uma coisa que fica na sua cabeça e afeta sua confiança”.
Vencedor do mencionado concurso Menor Pênis do Brooklyn, Gilronan é um defensor solitário da sua demografia: “Gosto quando minha parceira fica espantada quando meu pinto triplica de tamanho indo do flácido ao ereto. Isso sempre impressiona as garotas”. Flácido, o pênis de Nick tem cerca de 2,5 centímetros. “Estou feliz com o meu pênis. Não tenho reclamações. Já nos divertimos muito juntos e com outras pessoas.”
A maioria dos homens de pinto pequeno relatou achar o tamanho do seu pau algo pouco notável. “Ninguém vai sair correndo para mandar uma mensagem pra namorada sobre isso, mas eu fiz as pazes com o meu tamanho”, disse Jim, 30 anos. Homens com menos de 10 centímetros admitiram sofrer rejeição sexual ocasionalmente por causa do tamanho de seus pênis, mas a maioria considerava isso uma falta de educação da parceira sexual. John, 67 anos, de Mississauga, Ontário, disse: “Das oito mulheres com quem estive, todas disseram eventualmente que não tinham certezasobre o nível de satisfação que eu poderia proporcionar a elas… Só uma disse que não queria a relação sexual”.
Houve também alguns defensores fervorosos dos pintos pequenos. Kenny, 46, tem um órgão sexual “um pouco abaixo dos 10 centímetros” e “mais ou menos do tamanho deum pincel atômico (tamanho M)”. Ele foi muito positivo sobre todos os aspectos da sua genitália, incluindo bolas (“a esquerda é mais caída que a direita, mas elas ficam ótimas juntas!”), prepúcio (“adoro essa parte”), estética e funcionalidadesgerais (“pode não ser o maior, mas a cabeça é bem legal e ele dispara cargas grandes :)”).
Se os caras menos dotados foram neutros ou negativos sobre seus pênis, homens de pinto grande pareceram positivamente afetados pela consciência de seu pacote recheado. “Se eu estivesse feliz com tudo na minha vida como estou com o tamanho do meu pênis, seria mágico!”, comparou Stefano, 26 anos, Toronto, 17 centímetros. “Honestamente, amo o tamanho do meu pau”, exultou Luke, um morador do Brooklyn de 27 anos com 20 centímetros sob as calças. Ele explicou: “Tenho depressão, e nos momentos mais baixos isso tem sido uma fonte de extremo conforto para mim. Acho que ele é maior que a média – e isso é ótimo”. Quando criança, ele passava o tempo livre esticando a pele escrotalpara engolfar completamente seu pênis. “Ver isso lentamente se desdobrando proporcionava horas de entretenimento.”
Todd, 37 anos, Toronto, 21,5 centímetros, disse que estava “muito satisfeito” com seu pênis. “Ele nunca deixa de impressionar. É visivelmente maior que a maioria dos pênis que já vi. Faço vários esportes, então já estive em muitos vestiários com caras pelados.” Ele disse não haver nada de particularmente notável na vida de bem-dotado, “a não ser o fato de que as garotas curtem pau grande… Elas falam sobre isso durante toda a experiência”. Todd aproveitou a deixa para expor sua teoria: “Acho queas garotas que se sentem atraídas por mim têm predominantemente peito grande. Será uma coisa genética que homens bem-dotados atraem mulheres bem-dotadas e vice-versa?” Deixo aqui a dúvida.
A maioria dos homens com quem falei se referiu aos seus pênis no contexto de outros: o que a parceira sexual disse, como isso se comparava aos outros. Caras médios responderam com um típico “nunca reclamaram”, enquanto homens de pinto grande destacaram comentários positivos das mulheres. No geral, se o pênis ficava abaixo dos 12 centímetros ereto, o entrevistado fazia referência repetidamente a sua habilidade de dar prazer oralmente. “Não é uma coisa para se gabar”, falou um entrevistado com seus 10 centímetros. “Não vou sair por aí mostrando isso.”
Esse experimento, como as entrevistas sobre aborto que conduzi alguns meses atrás, me lembrou mais uma vez o quanto o patriarcado realmente fode com os dois gêneros. Muitos dos homens afirmaram que não tinham espaço para falar de seus corpos no dia a dia, nem da insegurança e/ou orgulho que os mesmos induzem. A maioria disse falar sobre seus pênis com parceiras sexuais ou, às vezes, com um amigo, mas que esse último diálogo tendia a envolver (como um entrevistado colocou) “uma parte tendenciosa, tentando ser gentil, preservar os sentimentos do outro ou mudar de assunto” e conversas de vestiário entre caras que eram, em grande parte, simples arrogância sexual. Vários dos entrevistados concluíram com uma expressão de alívio. “Isso foi interessante… e, para ser honesto, tirou um peso das minhas costas”, desabafou um deles.
Isso é tudo por hoje! Na semana passada: Falamos com Mulheres Sobre Suas Vaginas.
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Tradução: Marina Schnoor