O título não podia ser mais explícito. Foi este o “grito de guerra” mais ouvido em todo o recinto da segunda edição do Vagos Metal Fest, que decorreu nos dias 11, 12 e 13 de Agosto. De peito cheio, era entoado por todos aqueles que mais um ano decidiram mostrar todo o seu apoio a uma organização que não desiste de fazer deste Festival algo cada vez mais grandioso no panorama dos eventos europeus dedicados ao metal.
Do ano passado para este o crescimento foi notório em várias frentes; no público contabilizado em cerca de 15 mil pessoas, no recinto visivelmente alargado e melhorado; no cartaz com mais um dia e mais bandas em cada um deles. Não fossem os milhentos mosquitos assassinos que nos faziam ficar pior que um ferrero rocher e poderia dizer-se que esteve tudo perfeito.
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Todas as condições para um fim-de-semana uma vez mais inesquecível estiveram reunidas. Sol e calor, cerveja, hidromel e sangria, boa música e walls of death e circle pits a levantarem poeira e os mais corajosos do chão.
A família metaleira compareceu ao encontro marcado, demonstrando assim a sua importância para o pulsar da pequena vila de Vagos, que já não quer sobreviver sem estes jovens “extremamente educados” – como ouvimos de vários locais -, vestidos de negro e que, a cada ano que passa, conquistam os corações de uma população rendida ao metal.

À semelhança de Barroselas, Vagos já percebeu o valor desta tribo para o seu bem-estar económico e é por todas estas razões e mais algumas que a terceira edição já foi prometida e confirmada. E, ao que parece, em 2018 vamos ainda ter direito a mais um dia de caos organizado.
O cartaz, obviamente, obedeceu e prestou reverência ao nosso grande deus e senhor, o Metal, mas isso não quer dizer que tenha soado “tudo ao mesmo”, houve bandas nacionais e estrangeiras a agradar a vários gostos e a percorrerem vários estilos dentro do género. Power metal, thrash metal, metal core, porno grind, gothic metal, death metal, estava lá tudo e era só escolher o bailarico empoeirado, ou mais uma fresquinha com amigos de Norte a Sul do País.


No primeiro dia destacamos o thrash rasgadinho dos nacionais Revolution Within, que nunca desiludem os seus seguidores e tiveram uma boa prestação com direito a wall of death e tudo. Gama Bomb levaram a festa para o palco, liderados por um muito animado vocalista, Philly Byrne, vestido de amarelo e com uma boa disposição contagiante. Já os italianos Rhapsody, em digressão de despedida, agraciaram-nos com uma forte prestação, competente no seu power metal clássico, a demonstrarem que estão em boa forma.
Os Arch Enemy vieram demonstrar a razão pela qual são uma das bandas de metal mais populares, com a vocalista Alyssa a dar tudo em termos de garra e energia e em sintonia com o resto da banda, tendo sido responsáveis por um dos grandes momentos deste dia. Ainda houve tempo para a estreia dos Wintersun com um bom concerto, apesar dos problemas técnicos, e para o regresso dos esperados Therion, que tocaram os seus maiores êxitos perante um público completamente rendido, apesar do cansaço.
A fechar, algo completamente diferente para os resistentes à fadiga e ao frio, o grind dos nacionais Grunt, que é agressivo a nível sonoro e tenta ser agressivo a nível visual, usando imagética ligada ao bondage, algo que desperta a curiosidade, mas que, talvez tenha de ser construído de uma forma mais trabalhada no que diz respeito à sua performance, de modo a que se torne num espetáculo visual de bom gosto e não fira determinados conceitos e identidades.







Ao segundo dia testemunhámos o intenso hardcore dos Brutality Will Prevail, a fazer justiça ao seu nome em todos os momentos do concerto e subjugando o público ao seu repertório. Seguiram-se os portugueses Hill Have Eyes com bastante entrega aos seus seguidores, rendidos ao entusiasmo e energia da banda.
Representando o metal tradicional, pudemos contar com a excelente actuação dos veteranos Metal Church. Para além de todo o profissionalismo do grupo, é de salientar o talento do seu vocalista, Mike Howe, que, num simples e cru soundcheck nos deixou logo rendidos e ansiosos pelo que viria a seguir. O público, por sua vez, estava expectante em relação aos Primordial, liderados pelo altivo e dramático Alan Nemtheanga e não ficou indiferente a toda a sonoridade épica e envolvente dos irlandeses.
O bailarico abriu com os Korpiklaani e o seu folk metal. Foi a banda sonora de uma intensa festa vivida no moshpit, o que trouxe muito trabalhinho aos seguranças que vigiavam o fosso, incansáveis a segurar os metalheads que lá caíam incessantemente. Estava aberto o caminho para os Soulfly de Max Cavalera, outro grupo acarinhado pelo público português, que levou à continuação dos circle pits e à nuvens de pó a erguerem-se no ar. Max continua carismático e conversador, acompanhado de bons músicos, nos quais está incluído o seu filho, o baterista Zyon. Um espetáculo intenso de peso, onde não faltou um cheirinho a Sepultura.

A contrastar com toda esta “agressividade”, tinha chegado a hora do colorido dramatismo de Powerwolf, que, com todo um imaginário épico construído em palco, foram um bom momento de entretenimento para quem é fã de power metal. A teatralidade esteve bem presente neste concerto, principalmente por parte do vocalista, Atilla Dorn, e do teclista, Falk Schlegel.
Já a noite ia longa e o frio imenso, mas ainda faltava uma banda para finalizar o dia e, digamos que a espera foi longa… muito longa …. até que os Batushka decidissem acabar com o soundcheck de última hora e começar o concerto/missa negra. A teatralidade percorreu todo este espetáculo com uma toada ritualística acentuada pelas vestes dos intervenientes em palco, pelos cânticos, pelos adereços e pelo seu enigmático black metal, sem dúvida uma forma obscura de encerrar as cerimónias do dia.







Ninguém queria que acabasse, mas, infelizmente, vimo-nos chegados ao terceiro e último dia desta celebração do metal. O cansaço já era algum, por isso, com o começo dos concertos, notava-se alguma ausência de público, o qual provavelmente estava a carregar baterias para o resto do dia. No entanto os espanhóis Reaktion não se intimidaram e dominaram o palco com uma actuação bastante competente.
De Espanha passámos para Portugal, com os veteranos Attick Demons a apostarem no seu heavy/power metal e a contribuirem para que a assistência começasse a ficar mais composta. Ainda em viagem pelo território nacional, pudemos assistir a uma boa prestação dos Miss Lava, a representar a essência stoner neste festival, cheia de energia e qualidade. Os Chelsea Grin, por sua vez, estrearam-se no nosso País, sendo bem recebidos por uma multidão expectante, a despertar com a ajuda do deathcore brutal, mas, por vezes um pouco repetitivo. Sem dúvida um grupo que apela às camadas mais jovens do metal.



Se o caos começava a dar sinal de vida com Chelsea Grin, ficou completamente instalado com os Havok, propulsores de enérgicos circle pits durante toda a sua prestação. O público ficou rendido à potência do thrash metal deste colectivo, que não deu descanso do princípio ao fim.
Voltou-se, depois, ao deathcore com os Whitechapel, grupo bastante aguardado pelos metalheads presentes e bastante efusivos na sua recepção. Embora o concerto tenha sido curto em relação ao que era esperado, não deixou de haver entrega e competência por parte dos músicos.


Num estilo bastante diferente, a agradar à malta mais oldschool, seguiram-se os Hammerfall carregados de bastante experiência e energia e a conduzirem o público para um final em festa, em que todos os clássicos foram percorridos. Uma actuação inesquecível para os muitos fãs que acompanhavam cada tema em uníssono.
Quase a findar a noite, fomos brindados com os muito aguardados e tecnicistas Gorguts, músicos muito competentes e profissionais que depositaram mestria e perfeição na sua actuação, bastante apreciada por um público cansado mas resistente. O fecho desta jornada coube aos Cough.


A organização conseguiu manter vivo o Vagos em Vagos, com persistência, trabalho e dedicação e a localidade demonstrou uma capacidade de abertura e postura isenta de preconceitos, fazendo de Vagos a casa dos metaleiros. Até 2018!
Abaixo podes ver uma selecção de imagens que retratam bem o ambiente vivido nestes três dias de Vagos Metal Fest.



























