Vamos ao Serralves em Festa com: Batida

A VICE este ano é parceira do Serralves em Festa e isso só pode ser bom para vocês: levamos connosco Batida, Capicua e Stereoboy. Contem, por isso, com entrevistas de antecipação a todos os três. O Serralves em Festa é sempre porreiro, mas este ano vai ser mesmo ALTAMENTE.

Batida não é uma banda, um projecto, um heterónimo. Batida é Batida. É a primordialidade do ritmo, das cores, da dança, o gingar da anca como uma forma de protesto e de liberdade. É disto que se faz a música de Pedro Coquenão, ou DJ Mpula, ou o tipo que em 2009 deu a conhecer ao mundo essa maravilha que dá pelo nome de BAZUUUUKAAA, assim, em caps e da forma que é gritada. Um misto de simplicidade e de humanidade, potência rítmica em busca do suor e do sorriso.

Fui falar com o Pedro a propósito de várias cenas e porque, claro, vai tocar no Serralves em Festa no próximo fim-de-semana, através da VICE. Depois de andar, febrilmente (via constipação), à nora por Belém até chegar às garagens onde me dizem que a malta da cena ensaia — e vi por ali, de facto, os Dead Combo em alegre conversa com Os Pontos Negros —, estive à conversa com o Pedro. Isto é o que ficou, depois de confessar não ter ouvido o disco que acaba de editar. Ah, e ganhei um belo apito no final.

VICE: Pergunta para quebrar o gelo: porque é que ainda não encontrei o teu disco na net?

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Pedro: Achas que já ninguém quer saber de Batida? O disco foi lançado pela Soundway. Como surgiu essa parceria? press single, Dance Mwangolé É algo que acaba por fazer um certo sentido, porque a Soundway, editando discos antigos, e a tua música sendo baseada precisamente em discos africanos antigos… Essa ideia de ruptura, parece-me, também está presente neste novo disco: há músicas novas, há músicas que foste buscar ao Dance Mwangolé e às quais deste um novo tratamento… acabou por ser meio estranho, baseando-se a tua música em coisas do passado e tu cortando com esse mesmo passado? Dance Mwangolé Então, para todos os efeitos, este é o ano zero de Batida?
Entretanto teve uma repercussão enorme — o Gilles Peterson adorou, tens tido boas críticas em todo o lado, algo que o Dance Mwangolé não teve fora de Portugal… feedback Achas que de alguma forma ficou colado ao caminho que os Buraka abriram há cinco/seis anos? clubbing A questão da “música do mundo” agrada-te? Porque há muita gente que encara essa designação como algo elitista… É muito difícil transportar as tuas canções para os espéctaculos ao vivo? Fazes as coisas da maneira que estão no disco ou sentes a necessidade de improvisar à medida que vais vendo a reacção do público? samples Encaras a música de dança como algo “hedonista”, outro rótulo usual? Porque a tua música também acaba por ter uma componente política… pop Como última questão já depois de se falar nos Clash, nas gajas que não tem sacado à pala de Batida e na Retromania] queres vender o teu peixe para o concerto que vais dar em Serralves? Fotografia por Vera Marmelo