Comida

Este "Queijo Humano" é feito de bactérias de pele de celebridades

Se alguma vez quiseste comer queijo feito a partir da virilha de Heston Blumenthal ou do nariz de Alex James, dos Blur, esta é a tua oportunidade!
Bettina Makalintal
Brooklyn, US
Madalena Maltez
Traduzido por Madalena Maltez
a composite image of a block of parmigiano reggiano on a black cutting board to the left of a picture of chef heston blumenthal
Foto à esquerda por Manny Rodriguez via Getty Images; captura de ecrã à direita via MUNCHIES

Este artigo foi originalmente publicado no Munchies - Food by VICE.

Segundo arqueólogos, os humanos fazem fermentação há pelo menos 9.200 anos e, no entanto, ainda nem toda a gente está convencida das suas virtudes. O processo requer a utilização de bactérias, o que pode resultar em cenários e cheiros desagradáveis, levando algumas pessoas a não quererem ter nada a ver com o assunto. Ainda assim, é seguro dizer que os defensores da fermentação têm feito um bom trabalho a convencer a maior parte das pessoas do potencial da magia dos micróbios: carne bovina maturada faz hoje em dia parte de menus de restaurantes sofisticados e cada vez mais e mais gente se deixa encantar pelo sabor do queijo de leite cru.

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Portanto, conquistaste o kombucha e, talvez, tenhas treinado o teu nariz e paladar para aceitar a qualidade distinta e o cheiro a chulé dos mais mal-cheirosos queijos de casca. Mas, aposto que ainda tens limites e uma nova exposição no Victoria & Albert Museum de Londres está aí para os testar. Uma "exposição ousada" chamada "FOOD: Bigger than the Plate" mostra não apenas uma casa-de-banho feita de estrume de vaca e uma garrafa de água comestível, como também "queijo humano". Este último é feito - adivinhaste - de bactérias humanas. E não apenas qualquer bactéria humana, mas bactérias de celebridades.


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A maioria dos queijos é feita a partir da cultura de bactérias que coalham o leite e, muitas vezes, essa cultura, ou fermento, vem de um pacote. Para os cinco "queijos humanos" da V&A, no entanto, essas bactérias vieram de celebridades adoradas, que tiveram a sua pele esfregada em nome da ciência e do verdadeiro "funky cheese": do padeiro e pasteleiro e escritor dedicado à alimentação, Ruby Tandoh, ao chef Heston Blumenthal e a Alex James dos Blur, ele próprio um produtor de queijo (o rapper britânico Professor Green e Suggs, da banda de ska Madness, também contribuíram). É "como uma selfie de uma celebridade em forma de queijo", diz o blog da V&A.

O objectivo, diz o museu, é desafiar o nível de "melindre" das pessoas e melhorar "a nossa apreciação do mundo microbiano". Dito isto, de acordo com o Guardian, as amostras de Blumenthal vieram da sua "zona da virilha". Talvez tenhas esperança de que isto seja um caso único e irrepetível, no entanto a verdade é que é apenas a mais recente iteração da ideia do "queijo humano". A versão do V&A inspirou-se num projecto de 2013 chamado "Selfmade", no qual bactérias foram obtidas do umbigo de Michael Pollan e das lágrimas do artista Olafur Eliasson. Este tipo de material esquisito estendeu-se a outros campos do universo dos laticínios: uma vez, uma jornalista da nossa plataforma Motherboard usou bactérias vaginais para fazer iogurte e, sim, depois comeu-o.

Os queijos do V&A, no entanto, não estão disponíveis para comer (ufa!), mas estão em exposição. Por isso, claro, vai em frente e compra uma fatia de parmesão. Dito isto, já viste como é que os produtores de queijo enfiam os braços suados e nus em cubas de leite morno? Se calhar todo o queijo é, afinal, queijo humano.


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