Foto via Shutterstock.
Este artigo foi originalmente publicado na VICE Canadá.O YouTube anunciou que vai banir negacionistas do Holocausto e outros conteúdos que tentem negar eventos violentos já comprovados, no âmbito de um esforço de renovação das políticas da plataforma no que diz respeito a discurso de ódio e conteúdo falacioso.A plataforma também vai "proibir especificamente vídeos que aleguem que um grupo é superior para justificar discriminação" e vai apagar vídeos nazis, de acordo com uma declaração publicada na quarta-feira, 5 de Junho. O YouTube vai "remover conteúdo que negue a ocorrência de eventos violentos bem documentados, como o Holocausto ou o tiroteio na Escola Secundária de Sandy Hook, nos Estados Unidos. A imposição dessas mudanças acontecerá de imediato, garante a plataforma, mas levará vários meses para entrar completamente em vigor.

Estas mudanças acontecem depois de o YouTube ter enfrentado um enorme escrutínio sobre o tratamento que Steven Crowder, um youtuber de extrema-direita, tem dado ao jornalista do Vox, Carlos Maza. Na semana passada, Maza publicou no Twitter que há mais de dois anos que é assediado por Crowder, com o YouTuber a chamá-lo de “um pequeno gay furioso”, “gay mexicano”, “gay latino do Vox”, entre outras coisas. Crowder também usava regularmente uma voz de gozo para com a comunidade homossexual ao imitar Maza.O YouTube garante à VICE que estas mudanças estão há meses a ser planificadas e que não estão correlacionadas com o caso de Maza e Crowder.O YouTube também diz estar a tentar reduzir as recomendações de vídeos que chegam "quase ao limite", mas que por pouco não são proibidos. Em Janeiro, a empresa testou um programa-piloto nos Estados Unidos que fazia exactamente isso, reduzir a recomendação de vídeos que estiveram no limiar de serem proibidos. O sistema de recomendações usado pelo Youtube tem sido criticado por ser um buraco negro que leva a vídeos mais extremos e pode ajudar a radicalizar os espectadores e criadores."Esta mudança depende de uma combinação de machine learning e pessoas reais", diz o post publicado pela empresa. E acrescenta: “Trabalhamos com avaliadores humanos e especialistas de todos os Estados Unidos para nos ajudarem a treinar os sistemas de machine learning que gera recomendações”.O YouTube diz ainda que "o número de visualizações que este tipo de conteúdo recebe provenientes de recomendações, caiu mais de 50 por cento nos EUA" e que a plataforma espera levar o sistema a outros países antes do final do ano. A empresa afirma também que os canais que seguem o limite do discurso de ódio, mas não o cruzam explicitamente, enfrentarão penalizações monetárias, como a retirada da possibilidade de terem anúncios ou usarem a ferramenta Superchat.
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Estas mudanças acontecem depois de o YouTube ter enfrentado um enorme escrutínio sobre o tratamento que Steven Crowder, um youtuber de extrema-direita, tem dado ao jornalista do Vox, Carlos Maza. Na semana passada, Maza publicou no Twitter que há mais de dois anos que é assediado por Crowder, com o YouTuber a chamá-lo de “um pequeno gay furioso”, “gay mexicano”, “gay latino do Vox”, entre outras coisas. Crowder também usava regularmente uma voz de gozo para com a comunidade homossexual ao imitar Maza.
Quando Crowder fazia um vídeo sobre Maza, o que acontecia regularmente, os seus fãs começavam imediatamente a assediar o jornalista. Isso incluía ter o seu número de telefone exposto e ser inundado de mensagens a dizer "debate com Steven Crowder". Este assédio só se tornou pior desde que Maza tornou o assunto público.Na terça-feira, o YouTube informou Maza que, após uma "análise detalhada", os vídeos que ele tinha denunciado não violavam as suas políticas. Num tweet dirigido a Maza, a empresa escreveu que “as opiniões podem ser profundamente ofensivas, mas se elas não violarem as nossas políticas, permanecerão no nosso site”. Maza criticou essa decisão e apontou imediatamente que o facto de a publicarem no mês do orgulho LGBTQ+ só reforçava a hipocrisia da empresa, "eles realmente, realmente não se importam", disse.Maza diz ter algumas dúvidas em relação a esta recente posição do YouTube e não sabe se a empresa vai, de facto, cumprir estas novas políticas. "O YouTube não está interessado em acabar com o abuso, está interessado em enganar os jornalistas e os anunciantes, para que estes acreditem que eles importam minimamente com a questão e que querem mesmo parar o abuso", realça. E acrescenta: "O YouTube oferece uma plataforma a estes monstros, envia-lhes milhões de novos recrutas e, depois, recusa-se a agir quando eles se tornam demasiado grandes".
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