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Direitos Humanos

Relembrando mortes de ativistas de direitos humanos no Brasil

No país que mais mata defensores de direitos humanos no mundo, a morte de Marielle Franco é mais um caso das dezenas que ocorrem por ano.
José Claudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, os "sucessores" de Chico Mendes, foram executados por pistoleiros em maio de 2011, no Pará.

O assassinato de Marielle Franco na última quarta-feira (14), infelizmente, não foi um caso isolado. Num relatório publicado pela Anistia Internacional em dezembro de 2017, o Brasil se encontra como o país que mais mata defensores de direitos humanos no mundo. De janeiro a setembro do ano passado, foram pelo menos 62 mortes, de acordo com dados Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos.

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Em maio de 2017, o Brasil chegou a ser citado pelo alto comissário da ONU para Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, como um país cujo nível alarmante de violência contra esses atores preocupa as Nações Unidas.

A morte de Marielle foi uma exceção, porém, em alguns aspectos: os assassinatos de ativistas acontecem, normalmente, em áreas rurais, se dão por conflitos por terras ou recursos naturais e, mais importante de tudo, passam despercebidas. A própria Anistia reconhece o número oficial de mortes provavelmente seja muito maior, mas não são reportadas e acabam sendo esquecidas.

Por conta disso, a Anistia, junto a outras organizações de direitos humanos nacionais e internacionais, lideradas pela Front Line Defenders, criou o HDR Memorial. O site compila casos de ativistas assassinados desde 1998, frisando que, em muitos casos, ninguém foi condenado ou mesmo acusado pelas mortes. Abaixo, compilamos dez casos de líderes comunitários, ativistas ambientais e defensores da causa indígena, entre outros, que foram mortos no Brasil desde o começo da década.

Vilmar Bordin e Leomar Bhorback

Membros do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), a dupla foi morta depois de um confronto com a polícia militar em Quedas do Iguaçu, no noroeste do Paraná, em abril de 2016. Tanto PM quanto os Sem Terra diz terem sido vítimas de uma emboscada. – Folha de S. Paulo

Luiz Antônio Bonfim

Aos 45 anos, o presidente do PCdoB e ativista pela reforma agrária foi assassinado em fevereiro de 2016, enquanto estava à frente de uma ocupação de sem terra em São Domingos do Araguaia, no Pará. – G1

Jaison Caique Sampaio

Morto em meio a uma disputa de terras entre uma comunidade indígena local e a empresa multinacional Trindade Desenvolvimento Territorial (TDT), Jaison foi assassinado a tiros por dois policiais militares em 2 de junho de 2016. – HRD

Luiz Carlos da Silva e Cleidiane Alves Teodoro

Luiz Carlos da Silva e Cleidiane Alves Teodoro eram lideranças de um acampamento da Liga dos Camponeses Pobres (LCP), em Monte Negro, Rondônia. O casal foi encontrado morto no rio Candeira no dia 22 de maio de 2016, com tiros na cabeça e cortes no abdômen. – HRD

Paulo Sérgio Almeida Nascimento

Um dos líderes da Associação dos Caboclos, Indígenas e Quilombolas da Amazônia (Cainquiama), que denunciava crimes ambientais em Barcarena (PA), foi assassinado a tiros na segunda-feira (12). Segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado, um pedido de proteção chegou a ser feito pelos representantes da associação, mas foi negado. – G1

Nilce de Souza Magalhães

"Nicinha", como era conhecida, era pescadora e ativista do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Depois de desaparecida por cinco meses, seu corpo foi encontrado em 23 de junho de 2016 no lago da usina de Jirau (RO), com as mãos e braços amarrados a pedras pesadas. Nilce era filha de seringueiros e denunciava irregularidades na atividade pesqueira e construções de hidrelétricas no Rio Madeira. – Folha de S. Paulo

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José Claudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo

Considerados "sucessores de Chico Mendes", o casal de extrativistas deixava o Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) da Praia Alta Piranheira (próximo ao município de Nova Ipixuna) quando foram cercados por pistoleiros e executados em maio de 2011. – iG

José Conceição Pereira

Líder comunitário no Maranhão, José foi morto no bairro de Coroadinho, na capital do estado, com um tiro na nuca. Foi a quarta de uma série de mortes de líderes comunitários no estado no fim de 2016/começo de 2015: Antônio Isídio Pereira da Silva, Ivanildo da Silva Coutinho e Ana Cláudio Barros também foram assassinados. – G1

João Natalício Xukuru-Kariri

Seu João, como era conhecido, era líder indígena no Alagoas e defendia o direito de seu povo às suas terras ancestrais. Em 11 de outubro de 2016, foi atacado à frente de sua casa por dois homens com armas de fogo e facas. – HRD

Luís Cesar Santiago da Silva

Assassinado a tiros em abril de 2017, Luís era líder sindical e concorreu a vereador do município de Brejo Santo nas eleições de 2016. – G1

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