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Construção de oleoduto é interrompida nos EUA

A tribo Standing Rock comemora o anúncio de que o Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA vai procurar outras rotas para a construção do Dakota Access Pipeline.
Foto por Hilary Beaumont/VICE News.

Esta matéria foi originalmente publicada na VICE NEWS.

A construção do controverso oleoduto Dakota Access Pipeline, de Iowa a Ilinois, nos EUA, foi interrompida na noite de domingo, depois que o Corpo de Engenheiros dos EUA negou um acordo que permitiria que o oleoduto cruzasse o fundo do Lago Oahe, ameaçando o suprimento de água da Reserva Indígena Standing Rock.

Na declaração, o exército disse que tomou essa decisão porque a Tribo Sioux tinha expressado preocupações de que o oleoduto poderia apresentar um risco para seu suprimento de água e ameaçava seus direitos. "O melhor jeito de completar esse trabalho é com responsabilidade, procurando rotas alternativas para a passagem do oleoduto", diz a declaração.

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A Tribo Sioux Standing Rock comemorou a decisão no domingo: "Apoiamos de todo coração a decisão da administração e louvamos com a maior gratidão a coragem do presidente Obama, do Corpo de Engenheiros, do Departamento de Justiça e do Departamento do Interior, que deram passos para corrigir o curso da história e fazer a coisa certa", disse o presidente da Tribo Sioux Standig Rock, Dave Archambault II, numa declaração. "A Tribo Sioux Standing Rock e todo o País Indígena serão eternamente gratos à administração Obama por essa decisão histórica."

O anúncio foi recebido como uma grande vitória para o acampamento Standing Rock, que se opunha à construção do oleoduto no fundo do Lago Oahe por medo de vazamentos. Os manifestantes também temiam que a construção, que já estava em andamento, destruísse cemitérios tribais no local.

"O Corpo de Engenheiros fará uma pesquisa de impacto ambiental procurando possíveis rotas alternativas", disse a Tribo Sioux Standing Rock.

A construção do oleoduto estava quase completa, e as empresas por trás do projeto estavam se preparando para perfurar o fundo do lago, aguardando apenas o acordo de passagem para continuar. O lago e as terras, 200 metros de cada lado, são controlados pelo Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA, então as empresas precisavam da permissão do grupo para fazer a perfuração. Em depoimentos, os representantes das companhias juraram que precisavam completar o oleoduto até 1º de janeiro de 2017 para cumprir contratos.

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As empresas entraram com um pedido no tribunal federal norte-americano no meio de novembro, pedindo a um juiz que permitisse que elas passassem por cima do Corpo de Engenheiros e continuassem a construção. "A Dakota Access Pipeline procura acabar com a interferência política da Administração nos processos de revisão do oleoduto", disse a companhia numa declaração.

Mas as comemorações podem durar pouco. O presidente eleito dos EUA Donald Trump será empossado ano que vem e, na última quinta-feira (1), sua equipe disse que ele apoia o projeto do oleoduto. A Tribo Sioux disse no domingo que espera que a próxima administração respeite a decisão atual.

O acampamento Standing Rock começou na primavera, indo de um punhado de tendas para algo estimado entre 5 a 10 mil pessoas. O acampamento lembra agora uma pequena cidade.

No final de semana, o movimento foi reforçado pela chegada de milhares de aliados e veteranos, que pretendiam oferecer um "escudo humano" entre a polícia e os manifestantes, que chamam a si mesmos de protetores da água. No último mês, a polícia atacou os manifestantes várias vezes usando balas de borracha, gás lacrimogêneo e canhões de água. Mas vídeos compartilhados nas redes sociais, além da chegada dos veteranos no final de semana, atraíram a cobertura da mídia, colocando o movimento de resistência sob os holofotes.

"Queremos agradecer todos que tiveram um papel [fundamental] em defender essa causa", disse a Tribo Sioux. "Queremos agradecer a juventude tribal que iniciou esse movimento. Agradecemos as milhões de pessoas do mundo que apoiaram nossa causa. Agradecemos as milhares de pessoas que vieram até o acampamento nos apoiar, e as dezenas de milhares que doaram tempo, talento e dinheiro para nossos esforços de resistência contra o oleoduto, para proteger nossa água.

"Agradecemos especialmente todas as outras nações e jurisdições tribais que se solidarizaram, e estamos prontos para ficar ao seu lado quando vocês precisarem."

Tradução: Marina Schnoor

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