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Tecnologia

O colar que reconhece alimentos e números de calorias pelo som da mastigação

O inventor Wenyao Xu crê ter criado a próxima mania em acessórios tecnológicos.

O cientista da computação Wenyao Xu, da Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos, crê ter criado a próxima mania em acessórios tecnológicos — uma espécie de gargantilha que monitora quanto você come pelo som da mastigação — enquanto lecionava para uma classe lotada.

"Um dos alunos estava comendo", ele me contou em uma entrevista. "Não consegui apontar quem era, mas mandei parar de comer batatinha. Como eu sabia que ele estava comendo batatinha? Pelo som da mastigação e da deglutição. Daí nasceu a ideia do AutoDietary, um colar ultratecnológico de contagem de calorias."

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Em colaboração com pesquisadores da Universidade do Nordeste da China, Xu está construindo toda sorte de aparelhos portáteis. Outra invenção é uma sola que não só mede quantos passos você dá, como também discerne se você está subindo escadas ou fazendo uma trilha. O aparelho de registro de alimentos, todavia, é seu favorito. Segundo ele, não há nada parecido no mercado.

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"Aparelhos de registro de atividades, como o Fitbit, já estão disponíveis há alguns anos. Mas todos eles medem apenas o gasto de energia", disse ele. E aplicativos de contagem de calorias, em que os usuários reportam o que comem, não são confiáveis. "Não existe um aparelho que monitora a ingestão de energia de forma precisa e não invasiva", afirmou. "É isso que o AutoDietary deverá fazer."

O aparelho, usado em volta do pescoço, contém um pequeno microfone de alta fidelidade e grava os sons produzidos durante a mastigação e a deglutição. (Desliga sozinho quando você acaba de comer, disse Xu.) Em seguida, transmite os dados via Bluetooth para um smartphone, que bate o som com uma biblioteca de alimentos conhecidos. Em um estudo recente, publicado na revista IEEE Sensors Journal, doze cobaias — mulheres e homens, entre 13 e 49 anos — receberam água e seis alimentos diferentes: maçãs, batatinhas, biscoitos, cenouras, amendoim e nozes. O AutoDietary identificou o que as pessoas estavam mascando em 85% dos casos.

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O aparelho AutoDietary. Créditos: Universidade de Buffalo

Mas o aparelho ainda não é capaz de notar a diferença entre cereais normais e açucarados ou entre os ingredientes à espreita em uma tigela de chili. Xu, que está expandindo a biblioteca de alimentos que o AutoDietary pode reconhecer, diz ter a solução para resolver esse problema:, pretende emparelhar o colar com um smartwatch que detecta os níveis de insulina no sangue. Juntos, poderão avaliar melhor se você entornou uma Coca-Cola ou um mero chazinho. Ele vê o AutoDietary ajudando as pessoas obesas e diabéticas no futuro. "Vai salvar a vida delas."

O corpo humano é uma máquina falível e imperfeita. Contudo, com acessórios, quase tudo que fazemos — os passos que damos, as horas que dormimos e agora até mesmo as mordidas que damos — pode ser transformado em dados concretos e quantificáveis. Às vezes, é melhor não ver de perto os processos físicos do nosso corpo (pelo menos, não em detalhes). O AutoDietary pode ser útil para pessoas com problemas médicos, sem dúvidas. Mas, tirando elas, provavelmente ninguém vai querer escutar a própria mastigação.

O AutoDietary pode ser uma ótima ferramenta para perder peso, além dos atributos previstos por Xu. Em outro estudo atual, pesquisadores descobriram que, quando as pessoas conseguem ouvir a própria mastigação — quase todo mundo tem aversão a isso —, elas comem menos.

Tradução: Stephanie Fernandes