Fotos Cândidas de Turistas nos Barcos do Rio Sena

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Fotos Cândidas de Turistas nos Barcos do Rio Sena

Os turistas dos barcos no Sena são uma espécie estranha – eles sempre acenam quando notam alguém olhando para eles.

Os turistas são loucos pelos barcos turísticos do rio Sena. De acordo com o Haropaports (o site oficial dos portos parisienses), o cruzeiro Promenade-en-Île de France atraiu mais de 7,5 milhões de passageiros em 2013 – para comparar, a Torre Eiffel teve 6,7 milhões de visitantes naquele ano.

A ideia para essa série, que intitulei Down the River, veio de modo simples. Eu estava andando por uma ponte sobre o Sena quando um barco passou embaixo dos meus pés e eu tirei uma foto. Quando cheguei em casa, achei que seria interessante fotografar mais turistas em barcos do mesmo jeito.

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Tentei abordar essa série do mesmo modo como trabalho com fotografia de rua: a busca de um momento extraordinário dentro do ordinário. Quando esse momento é difícil de encontrar, tento criá-lo com o uso da cor ou me focando no comportamento das pessoas: a posição de seus corpos, a distância que elas mantêm umas das outras, ou apenas a emoção geral criada pela cena.

Tenho trabalhado em Down the River há dois anos. Fotografo em todas as estações do ano e sempre da mesma ponte – é a única que não tem beirada, o que permite um enquadramento limpo se me inclinar de certa maneira.

Não vou mentir: é um trabalho bem tedioso – preciso ter paciência. Os barcos passam em intervalos de 20 minutos em média, mas, muitas vezes, não consigo nenhuma foto boa, mesmo depois de ficar horas na ponte. Levei umas 50 visitas para entender os momentos em que a luz está na posição certa e quando não dá para se ver a sombra da ponte ou dos prédios em volta.

Durante essas visitas, também descobri que há diferentes tipos de barcos: barcos maiores, lotados com centenas de turistas – na maioria, por alguma razão, asiáticos; depois, temos os barcos médios, que levam turistas, mas também fazem festas de empresas e casamentos; e, finalmente, de vez em quando, surge um iate com pessoas tomando champanhe. Há de tudo no Sena.

A única coisa que nunca deixa de me impressionar são as pessoas, que preferem ficar coladas no celular em vez de olharem os monumentos.

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Os turistas dos barcos no Sena são uma espécie estranha – para começar, eles sempre acenam quando notam alguém olhando para eles. Tento evitar fotos posadas; então, às vezes, preciso recorrer a truques, como fingir que estou olhando para o céu enquanto aponto a lente para eles e clico no último minuto.

Fico meio chocado com o modo como o turismo funciona em Paris: massas de pessoas experimentam a cidade da janela de um ônibus ou seguindo guias turísticos como gado, nunca descobrindo nada por si mesmos. Conheci uma mulher das Filipinas que disse que estava em Paris há alguns dias – a Torre Eiffel, Versailles e as lojas de departamento eram tudo de que ela conseguia se lembrar. Achei isso muito triste.

Agora, me tornei um visitante regular da ponte. Além de mim, ela conta com um cantor country, um pedinte cigano e duas garotas que enganam turistas se fingindo de surdas. Acho que vou conhecer mais personagens interessantes com o tempo. Pretendo continuar com a série e transformá-la num livro.

Tradução: Marina Schnoor