O Doria quer sua ajuda para te vigiar

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O Doria quer sua ajuda para te vigiar

Prefeito de São Paulo prometeu 10 mil novas câmeras e integração com equipamentos particulares no projeto City Camera. O problema: aumenta-se a vigilância, não a segurança.

Que o João Doria curte aparecer numa telinha não é segredo para ninguém. Mas agora parece que o prefeito de São Paulo decidiu socializar os holofotes. No dia 23, na semana passada, ele lançou o projeto City Camera e disse que vai instalar 10 mil novas câmeras de vigilância na cidade. Além disso, prometeu criar um portal para integrar imagens captadas por sistemas de vídeo privados à rede do Copom, o Centro de Operações da Polícia Militar, que ficará responsável por monitorar essas informações e usá-las para dar um ganho na segurança pública, segundo a narrativa oficial.

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Em resumo, o plano de Doria é "fazer de São Paulo a cidade mais monitorada eletronicamente do Brasil". No anúncio do programa na página do Facebook do político, seus seguidores afirmaram admirar o trabalho incansável e a preocupação com o bem-estar da cidade por parte do prefeito. No entanto, o City Camera também acendeu alguns alertas. Por um lado, há a preocupação com a vigilância descontrolada prometida pelo projeto. Por outro, a percepção de que o excesso de câmeras não corresponde a uma cidade mais segura.

"Há zero reflexão sobre as implicações sobre privacidade do programa e da multiplicação de câmeras nessa proporção", diz Joana Varon, diretora-executiva do Coding Rights, organização ligada à defesa dos direitos humanos e de privacidade no mundo digital. "Além disso é uma parceria com o setor privado e não há informações de como isso irá se estruturar, só dizem que vão ser analisados se as câmeras particulares atendem aos 'requisitos técnicos' para integração na rede de monitoramento", afirma.

Como tem sido praxe na gestão de Doria, há pouca clareza sobre os meandros do programa. As 250 primeiras câmeras serão instaladas no Brás até o fim de junho. Nos próximos 12 meses, 2.500 câmeras estarão funcionando. A ação conta com apoio da Febraban, Telefônica, Tecnisa, Cyrela, Gafisa, Brookfield e Huawei. E é tudo que se sabe.

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