Do Paris Photo a Paris Terror

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Do Paris Photo a Paris Terror

E tu, onde é que estavas no dia 13 de Novembro?

Nunca tive especial interesse em conhecer Paris, embora soubesse o que lá poderia encontrar… e realmente fiquei surpreendida com a extrema qualidade e o preço reduzido dos croissants e meias baguetes gigantes com manteiga e compota, servidos ao pequeno-almoço, naquele café de inspirar pintores e escritores, onde eu me alimentei durante aquele fim de semana.

Quinta-feira à noite, dia 12 de Novembro de 2015, no comboio entre o aeroporto Orly e o centro de Paris, enquanto comia o meu hamburguer vegetariano que tinha preparado em casa, passaram por mim cerca de 10 polícias armados e protegidos com colete à prova de balas que percorriam as várias carruagens. Bem dividido entre homens e mulheres, tinham todos carinha de acabados de sair da fase oral, devia ser um estágio qualquer.

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Continuando a dar asas à imaginação, continuei a especular sobre aquelas presenças raramente presentes no meu dia-a-dia, também podia ser que estivessem em alerta por algum risco de atentado terrorista (mas isto era apenas e só a minha imaginação), "de certeza que é uma acção de rotina", pensei. Chegámos à estação de Bastille, saímos e era a primeira vez que pisava solo parisiense. Demorámos cinco minutos a chegar à pousada da juventude onde íamos ficar.

Dos meus horários trocados, ou noctívagos, resultam, por vezes, situações incómodas, tipo acordar às quatro da manhã num quarto minúsculo, partilhado com outras três pessoas. Eram poucas as possibilidades de me entreter e a única disponível foi ler com uma lanterna debaixo dos cobertores até todas as posições serem exploradas. Mas, o tempo passa a correr e, de repente, já só faltava uma hora para começarem a servir o pequeno-almoço. Às 6h55 lá estava eu, de pijama, a primeira.

E assim começava a minha sexta-feira, 13. Estava muito feliz, o 13 é o meu número da sorte (nasci nesse dia). Depois de oito horas dentro do Grand Palais, onde se concentram a cada ano os maiores galeristas, fotógrafos e artistas da fotografia do Mundo. Onde se encontra, por exemplo, uma foto aparentemente vulgar de um interior qualquer, a 40 mil euros. Fomos jantar e, já com a sobremesa meio comida, começámos a receber mensagens de desconhecidos a perguntar se estávamos bem….

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François Hollande e Manuel Valls estavam a um palmo das minhas mãos. As minhas mãos tremiam, mas eu tentava enquadrar. Os paramédicos gritavam a pedir respeito, mas eu procurava a melhor luz. Os reféns olhavam para o vazio e não entendiam a minha presença, mas eu continuava à procura da melhor foto…

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