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Quanto mais difícil, melhor

Fui à aventura pela Grande Lisboa com o Nomen.

Nunca te aconteceu ir pela rua e ver um graffiti num sítio mesmo estranho? Estás habituado a ver graffitis por todo o lado, geralmente em paredes acessíveis, mas há malta que pura e simplesmente não se contenta com os spots mais fáceis. No mundo da arte de rua, a dificuldade dá-te credibilidade. Pintar um mural lá na rua é muito bonito, mas experimenta fazer um bombing na barriga de um avião… Fui à caça desses spots estranhos para pintar com o Nuno Reis aka Nomen, o writer português que ficou celebrizado pelos murais na zona das Amoreiras, em Lisboa, de crítica ao governo e à troika. Para começar, é preciso estarmos conscientes de que a avaliação da estranheza do local depende da visão do artista e do maior ou menor domínio da matéria de quem o está a avaliar. Para Nomen, “cada um tem o seu spot de sonho” — ele, por exemplo, “gostava de ter um graffiti em cima de uma ponte” porque “é um local mais raro”. Ainda assim, há várias características que ajudam a definir um spot incomum. Primeiro de tudo: um bom graffiti é como uma boa publicidade outdoor, quanto mais pessoas o vêem, maior o retorno do investimento (sendo que investes com risco ao qual te sujeitas para o fazer). “É uma maneira de espalhar o teu nome e não faz muito sentido arriscar para fazer uma coisa que ninguém vai ver”, palavras do Nomen. Outro aspecto importante é a dificuldade de acesso ao spot. Garante uma presença mais prolongada e torna o graffiti mais mítico. É bom sinal quando uma pessoa pergunta: “Man, como é que conseguiram fazer a cena ali?” O Nomen mostrou-me um bom exemplo disso, em Alcântara, onde tens, como por magia, uns graffitis na superior e lateral de um prédio. Podem ter tido a ajuda de andaimes ou de um escadote, mas nunca vamos saber se foi fácil ou difícil — o que o torna memorável. Como este caso, existem outros: em pilares de pontes, em paredes de fábricas viradas para a linha do comboio, etc. Muitas vezes a descoberta destes locais é acidental: “Vou de carro ou de comboio e encontro um sítio vazio, ou um onde ainda há espaço, e vou até lá. Conheço esses sítios porque passo por eles e memorizo-os. É tudo por instinto.” “Não é fácil de encontrar lugares. Chega uma altura em que há falta de espaços.” Mas haja criatividade: ainda há muitos locais por estrear. Até lá, a descoberta dita a norma. Há montes de spots por encontrar, só falta ir à aventura. Fotografia por Inês Henriques PASSATEMPO: Garante o acesso à festa NAU Secret Club e ganha uma viagem a Londres!
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