FYI.

This story is over 5 years old.

Milhões de Festa

O que ouvir e descobrir em Barcelos - Parte 1

Sorriam, o melhor do Verão vem aí.

Ainda o Verão não se apercebeu e já o mês de Julho chegou, rápido e sorrateiro, portentosa porta para o entusiasmo soalheiro e para os festivais melómanos que interessam, nomeadamente o enorme e tão nosso Milhões de Festa. Regressa a ansiedade e o nervoso miudinho e o planeamento em cima do joelho e a lembrança que devíamos ter trabalhado o corpo para não exibirmos os pneus na piscina. Ninguém marque ninguém em fotos que não devia, ou dedico-me exclusivamente à taina. De volta às margens do Cávado está também a saudade, a camaradagem, o ar sufocante barcelense, a paixão inodora, os tetos ao léu (espero), e a vontade de explorar todos os palcos até à exaustão. Como de costume, não é expectável conhecer mais que mão cheia de artistas, mas por forma a ajudar-vos a marcar nas agendas, deixamos-vos esta lista em constante actualização.

Publicidade

EARTHLESS

Se vos fosse permitido ver apenas uma das bandas em palco, apenas uma de todos os quatro dias de festival, Earthless e as suas guitarradas abertas e desgarradas garantiriam uma festa inesquecível. Antecipamos desde já o crowdsurfing e o público a saltar de um movimento só, ao som frenético da banda de Mario Rubalcaba, Mike Eginton e

Isaiah Mitchell, este último irá actuar em triplicado no festival, uma vez com os Earthless, outra a solo, e outra ainda com os portugueses e enormes Black Bombaim, com quem já colaborou, e que fazem a dobradinha no que toca a colaborações em território barcelense, depois de no ano passado terem criado uma superbanda com os La La La Ressonance.

CHELSEA WOLFE

Vivemos numa altura abençoada pelas estrelas em que, mais feliz que infelizmente, emergem de todos os cantos do planeta novas gajas a fazer música, de forma tão regular quanto os dias que acabam e os que os substituem. Gajas giras, gajas boas, gajas talentosas. Ainda assim, nenhuma delas rivaliza com a Chelsea Wolfe. Nem gajos. Nem

bandas com Wolf no nome

. Chelsea era nome de tia de Cambridge ou York, ou de clube de gente especial, mas passou a ser sinónimo também de assombro inequívoco, de eco arrepiante, de presença soturna e comandante. De gajas góticas de qualidade rara e que valem a pena.

BOOGARINS

Do Brasil, que tanto

jinga

 e tanta voga aclama, vem os Boogarins. A menos que vivam debaixo de pedras, ou que o nacionalismo vos afecte as vias respiratórias, sabem e já terão admitido que a cultura brasileira está em explosão, tal como a economia antes da Copa e a Língua depois do Acordo Ortográfico. Em especial a música,

Publicidade

que discutivelmente terá entrado na sua época dourada

. O samba é tão século passado. Curiosidade para os Boogarins, nome que lido de forma rápida lembra “Vulgares” com sotaque, banda que combina

riffs

 psicadélicos com piruetas sintetizadas e ritmos viciantes que se colam a nós.

FLAMINGODS

Antes de serem cadeiras, uma das piores disciplinas a que tive o desprazer de ter um 3 (em 5, puxado) chamava-se Geografia. Nunca atinei com o nível do mar, com a composição das montanhas, ou com a direcção do vento. Muito menos com a localização de cidades ou de países. Este background impressionante não me deixa portanto precisar onde raio fica o Bahrain ou qual a sua capital. Apenas sei desse país que serve de passado histórico e cultural dos Flamingods, apesar da banda se centralizar no frio do Reino Unido. Felizmente tirava notas melhores em Línguas (hehehe), o que me leva desde já a questionar, quieres

bailar conmigo

?

PUTAN CLUB

Se alguma vez se tentaram ver num espelho rachado depois de lavarem a cara num lavatório acastanhado às quatro da manhã, algures numa dimensão onde não se lembram de ter entrado, tentando ignorar as batidas incessantes na porta e na vossa cabeça, sabem que a música dos Putan Club é o género de excerto que ecoa pelo vosso ser adentro quando chegam a esse determinado estado de espírito ou espiritual. Abracem-no. Abracem-se. E sorriam.