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Música

Discos: Black Flag

Pouquíssimos vislumbres daquilo que nos faz adorar os Black Flag.

What The…
SST
2013 Escrever grandes parágrafos introdutórios sobre os Black Flag é tarefa quase inútil: absolutamente icónicos dentro de todo aquele movimento punk dos 80, tornaram-se uma daquelas bandas cujo nome e legado tem impacto suficiente para que sejam imediatamente colocados no Olimpo. Trouxeram-nos óptimos discos que toda a gente deveria adorar, e em troca os anos encarregaram-se de certificar que em todos os festivais existissem pelo menos meia centena de putos envergando t-shirts com aqueles famosos quatro rectângulos — mesmo que muitos desses provavelmente nunca tivessem ouvido a "Rise Above" na vida. Foi em 2013 que anunciaram um regresso que estava para além de um meros concertos de reunião. Com Ron Reyes no microfone, também conhecido como um-dos-gajos-que-estava-lá-antes-do-Henry-Rollins, haveria assim tantos motivos para que os Black Flag voltassem? Bom, o mundo ainda está repleto de adolescentes zangados, a nostalgia vende e uns dólares a mais no bolso devem ter servido como justificação suficiente. Anunciaram novo disco — o primeiro em 28 anos — e a pergunta impunha-se: "Quão mau poderá este What the… ser?".  De forma muito simples, What the… é um disco fraco e desnecessário, seja qual for a ponta pela qual lhe peguemos. A capa é abismalmente horrível (até se parece demasiado com o nosso ícone de "disco mau") e nem sequer se aproveita naquele significado tão kitsch de "é tão mau que é bom". Musicalmente falando, de 22 canções aproveitam-se poucos, pouquíssimos vislumbres daquilo que nos faz adorar os Black Flag, e mesmo que tivesse sido lançado durante o período áureo da banda não passava de um calcanhar de Aquiles a meio da discografia. Na sua maior parte é desinspirado, insípido e caótico (mas não no bom sentido da coisa), e maior parte dos riffs perdem-se tanto na repetição e numa péssima produção que muitas das malhas parecem indissociáveis.