Foi no Porto, em Agosto de 2012, que eu e três amigas minhas nos juntámos para criar uma festa que de certa forma sintetizasse alguns dos nossos maiores interesses: cultura pop, internet, açúcar, glitter, hip-hop, R&B, Beyoncé, nostalgia adolescente do início dos anos zero, tolerância e muito amor. Um sítio onde o pessoal pudesse tornar realidade o feed do seu Tumblr, todo o sea punk, pastel goth e cyber ghetto desta vida. Nasceu a festa e a personagem Thug Unicorn. O nome escolhido já reflecte um pouco a essência da festa, que é algo como um guna a espalhar magia e purpurinas enquanto saltita por um prado verdejante. Algo que é mauzão e duro, mas ao mesmo tempo encantado, brilhante e colorido. Thug Unicorn, percebem?
O público foi sofrendo pequenas mudanças desde a primeira festa até agora. A mistura despretensiosa e bem humorada de sons comerciais e sons mais underground sempre atraiu malta muito ecléctica: desde gunas, betos, pessoal queer, pessoal mais velho, mais novo, das artes, da noite, da Beyoncé, não discriminamos ninguém. As faixas etárias mais jovens, em particular, parecem encarnar perfeitamente o espírito thuggie: seguem o dress code implícito da festa, sentem e praticam o espírito de aceitação, a vontade de bater nádegas e fazer crowdsurfing ao som de Brooke Candy ou Iggy Azalea.
Nos últimos tempos, a aparência desta malta também tem vindo a tornar-se cada vez mais característica. Cabelos de cores exóticas, penteados reminiscentes da Gwen Stefani nos anos 90, autocolantes e brilhantes na testa, no rosto e onde houver espaço, luas na testa à Sailor Moon, sportswear e camisas vintage com padrões peculiares, bandanas, correntes, argolas, algumas cores fluorescentes à mistura para dar aquela vibe de raver e sobrancelhas poderosas, tudo é válido. Juro que já ouvi muita gente manifestar o desejo de usar umas grills nos dentes, mas não estou a ver tal coisa a ser comercializada por cá num futuro próximo. Fica a dica aos joalheiros e designers portugueses.
Fotografia por Luís Moreira, Luísa Cativo, Maria Corrêa-Monteiro e Tina Škrlj
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